
Justiça determina que Jorge Guaranho volte para a penitenciária
O ex-policial foi condenado a 20 anos pelo assassinato de Marcelo Arruda, mas 24h após o julgamento conseguiu habeas corpus para cumprir prisão domiciliar
O desembargador Gamaliel Seme Scaff determinou que Jorge Guaranho volte à prisão para cumprir a pena de 20 anos pelo assassinato do do tesoureiro do PT de Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná, Marcelo Arruda. Atualmente, o ex-policial está em prisão domiciliar.
A deliberação estabelece “imediata condução” do condenado ao Complexo Médico Penal, em Pinhais, na Grande Curitiba.
A nova decisão ocorre após o ex-policial passar por uma nova avaliação médica em 27 de fevereiro, a pedido do próprio desembargador que havia concedido o habeas corpus para que Guaranho deixasse a penitenciária menos de 24 horas após a condenação ao regime fechado.
O que diz a defesa de Jorge Guaranho
Em nota, o escritório de advocacia Samir Mattar Assad, que defende Guaranho, ressaltou que a “decisão ainda carece de análise pelo colegiado do Tribunal de Justiça do Paraná, não sendo, portanto, definitiva”.
Os advogados também voltaram a alegar que o Complexo Médico Penal não tem estrutura para prestar o atendimento adequado ao seu cliente e destacaram que esperam que TJ/PR mantenha a prisão domiciliar.
Caso Jorge Guaranho
- No dia 13 de fevereiro, Guaranho foi sentenciado a 20 de prisão, inicialmente em regime fechado, e saiu do Tribunal do Júri de Curitiba diretamente para o Complexo Médico Penal, em Pinhais, na região metropolitana da capital. Antes disso, ele aguardava o julgamento em liberdade.
- No dia seguinte, 14 de fevereiro, o desembargador aceitou o pedido da defesa e autorizou o bolsonarista a cumprir prisão domiciliar. A solicitação de habeas corpus está pautada na alegação de que ele sofre com problemas de saúde decorrentes do dia do crime, entre eles, comprometimentos neurológicos e dificuldades motoras.
- No sábado, 15 de fevereiro, Guaranho saiu da penitenciária.
- O Ministério Público do Paraná (MP/PR) recorreu da decisão judicial do dia 17 e pediu o retorno do condenado para a prisão. No documento, os promotores ressaltaram que Guaranho não aparenta estar extremamente debilitado de modo que não possa receber atendimento médico no estabelecimento prisional.
- A decisão de Scaff gerou polêmica e revoltou familiares e amigos da vítima, assim como uma parcela da sociedade. Diante do clamo público, ele optou por solicitar a nova avaliação médica.
- Na última semana, o Ministério Público do Paraná (MP/PR) apresentou um recurso à Justiça requerendo o aumento da pena de Jorge Guaranho. No recurso de apelação, o órgão sustenta que a conduta social negativa de Guaranho não foi considerada na determinação da pena, e pede que a confissão do réu não seja levada em conta como fator de diminuição da pena. O ex-policial penal alegou que agiu em legítima defesa, mas para o órgão a versão não foi confirmada durante o julgamento.
Quais os problemas de saúde de Guaranho
Depois de alvejar o petista, Guaranho foi atingido por disparos de arma de fogo feitos por Arruda, que também era guarda municipal e tentava se defender.
Segundo seus advogados, ele realiza “tratamento médico especializado em decorrência de ter sido alvo de nove disparos de arma de fogo e severos espancamentos por mais de cinco minutos, resultando em fratura completa da mandíbula, perda completa de dentes e massa óssea”.
“Os diversos projéteis estão alojados no corpo do paciente, inclusive na caixa craniana e na porção esquerda da massa encefálica”, afirma a defesa.
Tesoureiro do PT é morto por policial bolsonarista
O guarda municipal e tesoureiro do PT de Foz do Iguaçu foi morto a tiros em 9 de julho de 2022, durante a comemoração de seu aniversário de 50 anos. Na ocasião, o então policial penal e militante bolsonarista invadiu a festa temática em homenagem ao partido e ao presidente Lula, então candidato à presidência, e passou a hostilizar todos os presentes, que ele não conhecia.
De acordo com a investigação, Guaranho participava de uma confraternização próximo ao local da festa e, por meio de um amigo que tinha acesso ao sistema de câmeras, tomou conhecimento sobre a confraternização.

Em seguida, mesmo sem conhecer a família e o aniversariante, foi até lá na intenção de provocar Arruda e os presentes. Acompanhado da mulher e do filho bebê, o réu proferiu ofensas e deixou o local depois de afirmar que voltaria e mataria “todos” que estavam na comemoração. Minutos depois, o ex-policial penal retornou sozinho ao salão e disparou vários tiros contra a vítima, que ainda conseguiu revidar e conseguiu atingir Guaranho.
Arruda chegou a ser levada ao Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, mas não resistiu aos vários disparos de arma de fogo.

A troca de tiros entre os dois foi toda registrada por câmeras de segurança. Nas imagens, é possível ver que Guaranho continuou atirando na vítima mesmo após ela estar caída no chão.
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