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Ex-policial bolsonarista que matou tesoureiro do PT vai a júri em Curitiba 
Foto: Reprodução/Redes Sociais

Ex-policial bolsonarista que matou tesoureiro do PT vai a júri em Curitiba 

O julgamento foi transferido para a capital a pedido da defesa do acusado; o crime ocorreu em 2022

paranaportal - terça-feira, 28 de janeiro de 2025 - 14:49

O ex-policial penal Jorge José Guaranho será julgado pelo assassinato do tesoureiro do PT Marcelo Arruda no Tribunal do Júri de Curitiba, no dia 11 de fevereiro. O crime ocorreu em Foz do Iguaçu, no Oeste do estado, em 2022. 

O réu é acusado por homicídio duplamente qualificado, pelo motivo fútil, associado à violência política, e perigo comum.

A audiência, que originalmente ocorreria em Foz do Iguaçu, foi transferida para a capital paranaense após o Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) acatar o pedido de desaforamento feito pela defesa de Guaranho. 

Em 4 de abril de 2024, o julgamento chegou a iniciar em Foz, mas acabou suspenso após seus advogados abandonarem o plenário, em protesto contra uma série de pedidos negados pelo juízo. 

O acusado estava detido até setembro do ano passado, quando a Justiça concedeu o Habeas Corpus e autorizou sua prisão domiciliar com monitoramento eletrônico.

“É a quarta vez que o júri é marcado e temos fé de que finalmente o autor do assassinato do Marcelo vai ser julgado e condenado. O assassino está em casa, em prisão domiciliar. E nós estamos enfrentando toda essa dor. Ele matou uma pessoa boa, pai de quatro filhos, que vão sofrer para sempre a ausência do Marcelo. Não entra na minha cabeça o que ele fez, de invadir um local privado e matar um inocente. É um crime que de forma alguma pode ficar impune. Que finalmente seja feita justiça”, diz a viúva da vítima, Pamela Silva.

A expectativa dos advogados da família da vítima é que a motivação política do assassinato seja reconhecida como circunstância agravante do crime. 

“O ódio político é uma conduta que não está tipificada na legislação penal brasileira, mas é primordial que seja reconhecida a motivação política do réu nesse caso emblemático, em que uma família foi destruída por um assassinato a sangue frio, claramente impulsionado pela intolerância política. O júri do caso Marcelo Arruda tem grande relevância para toda a sociedade brasileira e deve ser um marco para o país. Ninguém pode ser alvo de violência em função de credo, origem ou posição política. Isso precisa acabar”, avalia o advogado Daniel Godoy Júnior.

Tesoureiro do PT é morto por policial bolsonarista 

O guarda municipal e tesoureiro do PT de Foz do Iguaçu foi morto a tiros em 9 de julho de 2022, durante a comemoração de seu aniversário de 50 anos. Na ocasião, o então policial penal e militante bolsonarista invadiu a festa temática em homenagem ao partido e ao presidente Lula, então candidato à presidência, e passou a hostilizar todos os presentes, que ele não conhecia. 

De acordo com a investigação, Guaranho participava de uma confraternização próximo ao local da festa e por meio de um amigo que tinha acesso ao sistema de câmeras tomou conhecimento sobre a confraternização. 

tesoureiro do PT Marcelo Arruda
Marcelo Arruda foi baleado em sua própria festa de aniversário. (Foto: Reprodução/Redes Sociais)

Em seguida, mesmo sem conhecer a família e o aniversariante, foi até  lá na intenção de provocar Arruda e os presentes. Acompanhado da mulher e do filho bebê, o réu proferiu ofensas e deixou o local depois de afirmar que voltaria e mataria “todos” que estavam na comemoração. Minutos depois, o ex-policial penal retornou sozinho ao salão e disparou vários tiros contra a vítima, que foi levada ao Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, mas não resistiu aos ferimentos.

O crime ocorreu no contexto de forte polarização eleitoral, teve repercussão internacional e amplificou o debate sobre o aumento da violência política no Brasil. A data do assassinato, 9 de julho, foi instituída como Dia de Luta contra a Intolerância Política nos calendários oficiais do estado do Paraná e do Distrito Federal.

Policial foi demitido 

Jorge Guaranho foi exonerado do cargo em março de 2023, pelo então ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski. A pena de demissão foi definida em um Processo Administrativo Disciplinar. Na época do crime, o assassino era servidor da Penitenciária Federal de Catanduvas.

Com Assessoria

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