Credenciadora de cartões deve R$ 80,5 milhões para postos paranaenses, diz Paranapetro
A quantia é referente a 30 dias de vendas recebidas nas máquinas de pagamento de um parceiro da empresa; a credenciadora nega as acusações
O Sindicato dos Revendedores de Combustíveis e Lojas de Conveniências do Estado do Paraná (Paranapetro) afirma que uma credenciadora de cartões de débito e crédito se apropriou indevidamente de R$ 80,5 milhões de transações financeiras realizadas em 336 postos de combustíveis e lojas de conveniências do Paraná.
A quantia é referente a 30 dias de vendas recebidas nas máquinas de pagamento de um parceiro da empresa nos estabelecimentos paranaenses.
De acordo com o sindicato, ao todo, 2697 empresas foram prejudicadas, resultando em um prejuízo de R$ 450 milhões.
“Estamos diante de um dos maiores casos de quebra de confiança no sistema financeiro do país, que, além de ameaçar gravemente empresas idôneas, coloca em risco todo o sistema de arranjo de pagamentos utilizado no Brasil, com graves consequências para a operação de cartões de débito, crédito e pix”, disse o presidente do Paranapetro, Paulo Fernando da Silva.
Na denúncia, o Paranapetro afirma que a credenciadora ADIQ Instituição de Pagamento SA. tem utilizado manobras legais e desinformação para se negar a repassar às empresas valores que foram bloqueados equivocadamente pela Justiça Federal, numa investigação sobre lavagem de dinheiro, e posteriormente desbloqueados.
O que diz a credenciadora
Em nota enviada ao Paraná Portal, a Adiq nega as acusações, afirma que todos os valores já foram pagos à subcredenciadora parceira que mantinha relacionamento comercial direto com os postos e informa que as movimentações foram comprovadas na Justiça.
“O BS2 e a Adiq repudiam as afirmações feitas pela Paranapetro. Todos os valores transacionados via credenciadora Adiq foram devidamente liquidados para a I9Pay, com a qual os postos de combustíveis em questão detinham relações comerciais. E todas essas operações foram comprovadas ao juízo“, diz um trecho do comunicado.
Ainda conforme a credenciadora, ela pretende tomar “medidas judiciais cabíveis para que haja a retratação por parte da Paranapetro” devido as “acusações completamente infundadas” presentes na denúncia.
Operação Concierge
Para entender a situação complexa, é preciso ter em mente que as credenciadoras são instituições de pagamento que atuam como intermediárias entre comerciantes e bandeiras de cartão.
No caso em questão, a credenciadora ADIQ trabalhava ainda com uma subcredenciadora, responsável pela intermediação entre ela e os lojistas, e que fornecia as máquinas de pagamento para compras nos cartões de débito, crédito e pix.
A situação começou quando, em agosto deste ano, a Justiça Federal bloqueou as contas de 200 pessoas físicas e jurídicas na Operação Concierge, que investiga um suposto esquema de lavagem de dinheiro, e, entre elas, estava a da subcredenciadora.
“Ocorre que, junto com outros recursos foram bloqueados todos os valores obtidos de forma legítima, com vendas, por estas 2697 empresas idôneas que eram clientes dela. Estes recursos eram o resultado de um mês praticamente inteiro de vendas com cartões de crédito nas maquininhas. Somente dos 336 postos filiados ao Paranapetro que eram parceiros da […], foram R$ 80,5 milhões. Pelos dados que verificamos no processo judicial, calculamos que um total de R$ 450 milhões de 2697 empresas foram bloqueados”, explica Paulo Fernando da Silva.
Credenciadora de cartões e o pagamento aos postos paranaenses
Após a situação ser esclarecida, a Justiça Federal liberou os valores correspondentes às vendas dos comerciantes feitas pelas maquininhas, mas é aí, que segundo o sindicato, o verdadeiro problema começou.
Durante as tratativas, a credenciadora teria afirmado que não sabia quais valores cada uma das 2697 empresas deveriam receber, mas a informação foi rebatida pela Polícia Federal, que garantiu que a ADIQ tinha todos os dados.
Em seguida, a credenciadora passou a solicitar diversos documentos aos estabelecimentos comerciais até que, no dia 10 de outubro, a Justiça Federal deu um prazo de cinco dias para que os pagamentos fossem finalizados.
“Entretanto, no dia 17 de outubro a empresa pagou somente uma pequena parcela, referente às compras com débito e crédito de um dia, a data de 29 de agosto. Deixou de pagar todo o restante: compras no crédito entre 31 de julho e 28 de agosto deste ano, além de todas as demais compras parceladas que ainda serão recebidas”, afirma Silva.
Ainda conforme o Paranapetro, no processo, a ADIQ afirma que o dinheiro está com a subcredenciadora. O que para a entidade representativa não tira a responsabilidade da credenciadora junto aos comerciantes.
Em resposta ao “sumiço” do dinheiro e às alegações apresentadas pela credenciadora, o Paranapetro pediu à Justiça Federal o bloqueio dos valores correspondentes aos seus associados nas contas da empresa e que o Banco Central seja informado das irregularidades, além de prestar conta, de forma de transparente, dos valores recebidos dos bancos emissores referentes às transações efetuadas nas máquinas.
“Esperamos que a Justiça seja ágil, pois a cada dia que passa o prejuízo dos comerciantes é maior. Estes valores estão fazendo muita falta como capital de giro das empresas. Em tempos de juros elevados, o risco de endividamento muito alto nos bancos pode resultar na quebra de muitas delas”, alerta o presidente.
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