
Computador de jornalista morto em Curitiba revela detalhes de encontro com suspeito
No dispositivo eletrônico, a polícia encontrou a conversa em que o comunicador contratava os serviços do garoto de programa
O computador do jornalista Cristiano Freitas, de 45 anos, morto em Curitiba, foi encontrado ligado na cena do crime e revela detalhes sobre o encontro marcado com o garoto de programa Jhonatan Barros Cardoso, de 27 anos, principal suspeito pelo assassinato. Ele está preso.
De acordo com a Polícia Civil, na tela do dispositivo eletrônico estava a conversa entre o suspeito e a vítima em uma plataforma de encontros. Nela, o comunicador negociava os serviços sexuais com Jhonatan.
O delegado Ivo Viana explica que, pelo conteúdo das mensagens trocadas, aparentemente, os dois não se conheciam, mas isso só poderá ser confirmado no andamento da investigação.
“O que a gente pode apurar, de acordo com a nossa investigação, é que ele era um garoto de programa, oferecia os seus serviços em alguns sites na internet e o que a gente acredita que no dia do fato fez uma tratativa com a vítima, que era homossexual. A conversa que eles tiveram, a marcação do encontro foi feita por essa plataforma, nós ainda estamos vendo, apurando para ver se eles já tinham uma conversa anterior por outros aplicativos. Isso é algo que a gente vai saber com o andar da investigação”, diz Viana.
O computador do jornalista Cristiano Freitas foi encaminhado para a criminalística, responsável pela perícia do aparelho. “Esse computador foi recolhido no dia, está na custódia da criminalística que agora vai fazer uma análise minuciosa e nos encaminhar o resultado”, pontua o delegado.
Celular do jornalista Cristiano Freitas não foi encontrado
O celular do jornalista morto em Curitiba não foi encontrado na cena do crime. A suspeita é de que o garoto de programa tenha levado o aparelho para que ele não pudesse ser usado como prova e para dificultar a investigação. Um smartphone foi localizado na residência, mas não foi reconhecido como o celular utilizado por Cristiano.
Também conforme a Polícia Civil, as outras vítimas de Jhonatan, que foram roubadas e extorquidas sob ameaça, relataram que ele confiscou seus aparelhos celulares e apagou conversas, assim como realizou transferências bancárias.

Garoto de programa preso
O suspeito foi preso na manhã de quinta-feira (6) em um flat do centro de Curitiba. Além da suspeita do assassinato praticado contra o jornalista, ele também é investigado pelos crimes de roubo e extorsão contra pelo menos seis pessoas.
Segundo a Polícia Civil, ele tinha um modus operandi para praticar os crimes: ele marcava encontros com as vítimas por aplicativo e, com o uso de arma de fogo, realizava ameaças para que elas efetuassem transferências financeiras, via pix, para sua conta bancária.
Jhonatan Barros Cardoso, inclusive, havia sido solto há apenas 20 dias após ser preso pela Delegacia de Furtos e Roubos.
“A gente teve notícias de duas situações de possível extorsão, onde o suspeito marcava algum tipo de encontro amoroso com a vítima por meio de aplicativos de relacionamento, e no exercício de grave ameaça ele passava a extorquir a vítima, para levar vantagem financeira. Possivelmente com o uso de arma de fogo, ou uma arma de brinquedo, como já aconteceu em agosto do ano passado em outra prisão dele”, afirma o delegado Fernando Zanoner.
Para a polícia, foi o que também aconteceu com o jornalista Cristiano Freitas, encontrado morto na tarde de terça-feira de Carnaval.
Durante seu depoimento, colhido na tarde de quinta, Jhonatan optou por manter o silêncio.
Defesa nega latrocínio
Em entrevista à BandNews Curitiba, concedida nesta sexta, o advogado Valter Ribeiro Junior, que defende Jhonatan negou que seu cliente tenham cometido o crime de latrocínio (roubo seguido de morte) e afirmou que o garoto de programa e a vítima discutiram e entraram em uma luta corporal, devido a um desacordo quanto ao valor do encontro sexual.
“A versão que está sendo retratada na mídia e repassada pela autoridade policial não se trata da realidade dos fatos. Não foi um latrocínio como tem sido veiculado. O que houve sim é uma discussão acalorada, um desentendimento por conta de valores do programa contratado pela vítima. A vítima fez a contratação do serviço e no momento de fazer o pagamento houve essa discussão, esse desentendimento e aí entraram em luta corporal e a vítima acabou vindo a óbito”, disse o defensor.
Suspeito ficou apenas 11 minutos na cena do crime
Imagens divulgadas pela Polícia Civil mostram que o suspeito chegou na casa da vítima e deixou o local apenas 11 minutos depois.
No primeiro vídeo, gravado às 13h48, é possível ver que o carro do suspeito para em frente à residência, aguarda o portão ser aberto e entra na garagem. Em seguida, o homem pode ser visto saindo do automóvel e seguindo em direção ao imóvel.
No segundo registro, o portão é aberto novamente, o suspeito entra no carro às 13h59 e deixa o local às 14h, sem fechar o portão.
Jornalista Cristiano Freitas é encontrado morto em Curitiba
O jornalista Cristiano Freitas foi encontrado morto com os braços amarrados para trás, a boca amordaçada com fita adesiva e com sinais de esganadura na sala da própria casa, no bairro Jardim das Américas, em Curitiba, na última terça-feira (4). A polícia aguarda o resultado do exame de necropsia que irá apontar a causa da morte da vítima.
Segundo a investigação, ele recebeu um homem que dirigia um Hyundai HB20 pouco antes do crime e que deixou a residência por volta das 14h.

“Foi um carro HB20 da cor prata/cinza/chumbo que chegou hoje na residência da vítima, permaneceu até próximo das 2h, quando então saiu e deixou o portão aberto. Isso chamou atenção de alguns vizinhos, já que o bairro é super tranquilo, que foram até a residência e aí encontraram a vítima já sem vida dentro da própria casa”, revelou a delegada Magda Hofstaetter, ainda na terça.
Vizinhos relataram que ouviram gritos vindos da residência e acionaram a Polícia Militar (PM) para atender uma suposta situação de violência doméstica. No entanto, antes da chegada de uma viatura, eles perceberam o portão escancarado e acabaram se deparando com a cena de assassinato.
Ainda conforme os moradores da região, o jornalista morava sozinho no local desde a morte da mãe, ocorrida há cerca de sete meses.
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