“A Polícia tá de saco cheio”, diz perito sobre denúncias de violência contra a mulher
Vídeo foi publicado nas redes sociais. Polícia Científica do Paraná investiga
A Polícia Científica do Paraná investiga a conduta de um perito que afirmou, em um vídeo nas redes sociais, que a violência doméstica é usada pelas mulheres como forma de prejudicar os homens. A publicação foi excluída pelo servidor ainda na segunda-feira (21).
No vídeo, ele diz atuar também na Polícia Científica de Santa Catarina e alega serem “dezenas de acusações falsas” do crime visando vingança. O perito oficial afirma ainda que as polícias estão de saco cheio da violência doméstica. Na publicação, ele disse:
“90% do trabalho hoje é violência familiar, violência contra mulher. O que eu coloco entre aspas, porque para cada caso verdadeiro tem dezenas de acusações falsas, para vingança, para vantagens patrimoniais e para alienação parental. Todo mundo sabe, todo mundo tá de “saco cheio”. Você tá de “saco cheio” já, a Polícia Militar tá de “saco cheio”, a Polícia Civil tá de “saco cheio”. Tem no meio o Ministério Público. No Judiciário tem muita gente doutrinada e bem alinhadinha com essa agenda. Igual a imprensa, você liga TV, é só que tem (notícias sobre violência contra a mulher”.
Ainda na publicação, o perito oficial afirma que os casos são uma forma de humilhação contra homens.
“A perícia ainda é um critério objetivo. Mas cuidado, a tua mulher é teu inimigo, ela pode destruir você se ela escolher. Ela não precisa de provas, não precisa de testemunhos, bastam meras alegações. É uma engenharia social maligna, não é uma lei para proteger ninguém, é para humilhar, é para espezinhar os homens, para inviabilizar as famílias e para fazer as crianças crescerem em lares desfeitos. É promoção de injustiça”, disparou.
Em nota, a Polícia Científica do Paraná ressaltou que o conteúdo representa uma opinião pessoal do servidor e que acionou a Corregedoria assim que tomou conhecimento do vídeo. Disse ainda estar em contato com a Polícia Científica de Santa Catarina para compartilhar informações e assegurar a agilidade da apuração ético-disciplinar.
- Leia também: Lula sanciona lei que amplia pena para feminicídio
O vídeo também gerou manifestação entre entidades representativas de classe. Nas redes sociais, o Grupo Perícia Mulheres, composto por servidoras públicas da Polícia Científica do Paraná e o Sindicato dos Peritos Oficiais e Auxiliares da Polícia Científica do Paraná, manifestou indignação e repúdio à fala. Frisou, ainda, ser inaceitável o posicionamento “ao utilizar prerrogativas funcionais” para a propagação de conteúdo “que desrespeita os fundamentos da Justiça e os direitos humanos”. A entidade afirma, ainda, que a conduta representa uma grave afronta a todas as mulheres.
O posicionamento foi reforçado pela Associação Brasileira de Criminalística (ABC), que ainda destacou ser o exame pericial, nos casos de violência contra as mulheres, base para provas técnicas essenciais para a investigação e julgamento de agressores.
À reportagem da BandNews FM Curitiba, a Polícia Científica de Santa Catarina afirmou que as medidas cabíveis já foram adotadas para apurar o caso. A reportagem tenta localizar o perito autor do vídeo.
Casos de violência contra a mulher geraram 90 mil boletins de ocorrência no Paraná
No Paraná, mais de 90 mil boletins de ocorrência de violência contra a mulher e 30 mil de violência doméstica foram registrados nos primeiros cinco meses de 2024. Em todo o Brasil, o último Atlas da Violência aponta que mais de 48 mil mulheres foram assassinadas em uma década. O levantamento também aponta que, a cada 46 minutos, um estupro foi registrado no Brasil em 2022 e que, a cada dez casos de agressão contra mulheres, oito aconteceram em casa.
*Com edição: Paraná Portal.
Fique por dentro das notícias do Paraná
Assine, de forma gratuita, o canal de WhatsApp do Paraná Portal. Clique aqui