Carreta que tombou na BR-376 descia a serra com os freios adulterados

A carreta que tombou na BR-376, em Guaratuba, no Litoral do Paraná, na manhã desta terça-feira (18) estava com os freios adulterados, entre as diversas irregularidades mecânicas constatadas pela Polícia Rodoviária Federal (PRF). O veículo estava carregado com soja, que se espalhou pela pista, causando a interdição total do tráfego por quase três horas. Ninguém ficou ferido.

A velocidade máxima para o trecho, uma descida de serra sinuosa, é de 60 km/h, justamente para evitar tombamentos e outros acidentes. A carreta tombou a poucos metros antes de um radar fixo, instalado para fiscalizar a velocidade dos veículos.

Em outubro de 2024, no mesmo local, uma carreta que já apresentava problemas nos freios causou um acidente que matou nove pessoas, oito jovens integrantes de uma equipe de remo de Pelotas, o treinador dos atletas e o motorista da van, que foi completamente esmagada pelo veículo de carga. O proprietário e o motorista respondem na Justiça por homicídio culposo. 

De acordo com a PRF, durante a fiscalização nesta terça foi constatado que o conjunto veicular apresentava graves falhas de segurança:

• o cavalo-trator estava sem dois pneus em um dos eixos e com uma cuíca de freio isolada. Conforme a polícia, provavelmente para postergar a manutenção e possibilitar que o veículo continuasse a circular. 
• os pneus estavam completamente desgastados;
• foi identificado o uso não autorizado do dispositivo conhecido como “fominha”, uma modificação para que o veículo consiga transportar mais carga, aumentando o risco envolvido;
• o cronotacógrafo, equipamento que registra a velocidade e o tempo de direção, do caminhão estava com a aferição vencida desde agosto de 2024. 

Diante das irregularidades, o veículo foi removido ao pátio da PRF e só será liberado após a devida regularização. O valor das multas, conforme o Código de Trânsito, é de 976 reais.

Paraná terceiro estado com mais mortes em acidentes com caminhões

Em 2024, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) registrou 3.291 mortes em acidentes envolvendo caminhões e ônibus, representando um aumento de 26% em relação aos 2.611 registros de 2023. Embora os ônibus transportem mais pessoas, os acidentes com caminhões resultaram em mais vítimas, com 2.884 óbitos, em comparação aos 407 relacionados a ônibus.

O Paraná está entre os estados que concentram 51% das mortes em acidentes envolvendo veículos pesados, representando 10% dos casos, atrás apenas de Minas Gerais (13%) e Bahia (10%). O estado supera Santa Catarina (6%), Rio Grande do Sul (6%) e Rio de Janeiro (5%). Segundo a PRF, os acidentes nessas regiões aumentaram 62% em relação a 2023.

Em fevereiro, em conversa com o Paraná Portal, o presidente do Sistema Fetranspar (Federação Empresas Transporte de Cargas do Estado do Paraná), Coronel Sérgio Malucelli, ressaltou que é preciso uma fiscalização mais dura por parte das forças de segurança para garantir que as leis sejam cumpridas, assim como a penalização dos infratores. 

“A Fetranspar sempre orienta de forma ao empresário de transportes manter a manutenção do equipamento em perfeitas condições, oportunizando a todos, inclusive a autônomos mais de 140 cursos no Senat focados em dirigibilidade com segurança e cuidado. Entretanto, ressalta-se a necessidade de uma maior fiscalização através dos agentes de segurança viária, assim como, autuar de maneira incisiva os embarcadores que excedem o peso do produto a ser transportado. Enfim a responsabilidade para redução de acidentes deve ser compartilhada por todos os atores”, declara. 

Com PRF

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