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Modelos são vítimas de tráfico internacional por falsa agência do Paraná
(Foto: divulgação/PRF)

Modelos são vítimas de tráfico internacional por falsa agência do Paraná

Mulheres eram levadas para a Ásia, Europa e Estados Unidos

Brenda Iung - quinta-feira, 19 de dezembro de 2024 - 18:05

Uma falsa agência de modelos do Paraná está envolvida em uma operação da Polícia Federal para desarticular uma organização criminosa que enganava mulheres com promessas de trabalho no exterior. Chamada de Operação Catwalk, a ação demonstrou que o grupo praticava o crime de tráfico internacional de pessoas para a exploração sexual. Os mandados foram cumpridos no estado e também em São Paulo, Santa Catarina e Rio de Janeiro.

Além de mandados de busca e apreensão nas residências dos principais alvos, a Polícia Federal também cumpriu medidas cautelares. Entre elas, a apreensão de passaporte, a proibição de novas emissões de documentos de viagem e o sequestro de bens. A Justiça também proibiu que os investigados se comuniquem entre si e acessem às mídias sociais.

“O tráfico de pessoas para fins de exploração sexual é um crime que afeta majoritariamente mulheres, meninas e população LGBTQIA+, evidenciando a necessidade de uma abordagem baseada na perspectiva de gênero. Essa perspectiva permite compreender como desigualdades estruturais, discriminação e violência de gênero criam um ambiente propício para a vulnerabilidade dessas populações, além de influenciar a dinâmica do aliciamento e da exploração, explica Marina Bernardes, coordenadora-geral de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e Contrabando de Migrantes do Ministério da Justiça e Segurança Pública

Entenda a Operação Catwalk, que revelou um esquema de tráfico internacional de mulheres no Paraná

De acordo com o Ministério da Justiça e Segurança Pública, a mãe de uma das vítimas, de São José dos Campos (SP) foi a peça principal para que o esquema fosse revelado. Ela denunciou que a filha recebeu uma proposta de uma falsa agência de modelos do Rio de Janeiro para trabalhar no exterior. A rápida ação da Polícia Federal garantiu que a menina não fosse enviada para fora do país.

As falsas agências de modelo levavam as vítimas para Dubai, onde tinham o passaporte retido e passavam por uma seleção. A busca era por jovens de aparência infanto-juvenil. Após serem aprovadas, eram enviadas para países da Ásia, Europa e para os Estados Unidos. Nesses locais, elas permaneciam por 180 dias, descreve o Ministério da Justiça e Segurança Pública.

O objetivo era a exploração sexual mediante fraude, coação contratual e exploração de vulnerável. Ao estarem fora do país, as jovens estavam o tempo todo sob vigilância. Sob coação, eram obrigadas a postar nas mídias sociais uma vida de luxo, para atrair novas vítimas para o esquema.

Os contratos, de acordo com o Ministério, tinham cláusulas abusivas, tais como: “a previsão de multas milionárias e a exigência de exame de doenças sexualmente transmissíveis”. Com essas informações, as jovens eram desestimuladas a denunciar ou a desistir. As comissões para as atividades sexuais recebidas pela agência chegavam a 60%.

A Polícia Federal afirma que foram identificadas dez vítimas. Além disso, a falsa agência de modelos enviava dezenas de mulheres mensalmente para os destinos. A Polícia demonstra, ainda, que houve, ao menos, um caso de ameaça e de efetiva agressão física contra uma das mulheres traficadas.

*Com informações de Polícia Federal | Ministério da Justiça e Segurança Pública

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