Médica de Pato Branco é indiciada por suspeita de fraudar exames de câncer
Segundo a investigação, a profissional adulterava os laudos para vender tratamentos desnecessários
A médica Carolina Fernandes Biscaia Carminatti de Pato Branco, no sudoeste do Paraná, foi indiciada pela Polícia Civil por suspeita de falsificar laudos de exames de câncer para vender tratamentos desnecessários aos pacientes. Pelo menos 30 pessoas denunciaram a profissional.
O processo foi encaminhado para o Ministério Público do Paraná (MP/PR), que ofereceu a denúncia à Justiça na segunda-feira (28). Se a acusação for aceita integralmente, ela responderá pelos crimes de estelionato, falsificação de documentos e lesão corporal.
Médica suspeita de fraudar exames de câncer
De acordo com a polícia, Carolina examinava pintas e manchas de pacientes, afirmava que elas poderiam ser cancerígenas e retirava o material para biópsia. Em uma nova consulta, a médica apresentava laudos de exames de câncer de pele fraudados e exercia forte “pressão psicológica” para que eles realizassem os procedimentos no consultório, logo após saberem do diagnóstico. Além disso, os pagamentos deveriam ser efetuados no ato, não podendo ser utilizado o plano de saúde.
“Era coletado o material para a biópsia e no retorno do laudo era marcada uma nova consulta, quando a médica apresentava a esses pacientes um laudo que aparentemente era falsificado com o diagnóstico de câncer. Nesse momento, ela exercia uma pressão psicológica nos pacientes para que fossem realizados os procedimentos de retirada dessas células cancerígenas, em que os pacientes, diante do temor de uma doença gravíssima, acabavam realizando”, explicou o delegado Helder Andrade, em entrevista à BandNews Curitiba.
A investigação sobre o caso iniciou em março deste ano. Na ocasião, pacientes da médica procuraram a polícia após desconfiarem que seus exames haviam sido adulterados.
“Na sequência, os pacientes iam ao laboratório que realizou o exame para pegar a sua via do exame e constataram que o exame que a médica mostrou para eles estava adulterado e que eles não tinham nenhuma doença”, continua o delegado.
Ainda conforme Helder, no consultório da profissional de saúde foram encontradas provas da falsificação dos laudos: “Durante o inquérito nós realizamos mandado de busca e apreensão judicial no consultório da médica, onde, juntamente com o Instituto de Criminalística, recolhemos material que foi periciado e comprovado que esses laudos eram falsificados”.
“Conforme o laudo pericial, os laudos laboratoriais eram falsificados pela da sobreposição de fragmentos de papel acima do diagnóstico original, gerando um novo diagnóstico falso do qual era realizada uma fotocópia”, falou o delegado sobre como eram feitas as alterações nos laudos.
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CRM-PR
Em março deste ano, o Conselho Regional de Medicina de Paraná (CRM-PR) puniu a médica com a chamada “censura pública” por anunciar especialidades que não tem. Nas redes sociais, ela se apresentava como dermatologista, mas a especialização não consta em seu registro profissional.
Em maio, o Conselho Federal de Medicina aprovou uma Interdição Cautelar Total de 180 dias, determinada pelo CRM-PR, que impede Carolina de exercer a profissão. O prazo vence em novembro.
O que diz a defesa
A BandNews Curitiba tenta contato com a defesa da médica. O espaço permanece aberto para manifestação por parte de Carolina Fernandes Biscaia Carminatti.
*Com informações de Larissa Biscaia, da BandNews Curitiba.
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