BR-277, uma Tragédia Diária e espaço da morte entre Curitiba e Paranaguá
Para o deputado Romanelli, as rodovias estaduais e federais no Paraná paranaenses se tornaram um “vale tudo” com caminhões abusando da velocidade e da imprudência.
Para viajar, hoje, na sinuosa BR-277, que liga Curitiba a Paranaguá, recomenda-se a fazer o sinal da cruz e rezar pedindo proteção a Deus. É uma tragédia diária que, pelo que se percebe ao longo dos anos e de governos, não se resolve o problema, com ou sem pedágio. Os acidentes, principalmente com caminhões que transportam produtos para o Porto de Paranaguá, são recorrentes e diários. A solução não é técnica, mas política. Falta fiscalização, postos de guardas da Polícia Federal na desastrosa rodovia para verificar se os veículos ou seus condutores estão em condições de trafegarem.
Essa importante rodovia federal que corta o Paraná de Leste a Oeste, têm sido palco de uma tragédia que se repete dia após dia: acidentes graves envolvendo caminhões que resultam em mortes. A cada dia, relatos de colisões, capotamentos e atropelamentos trazem à tona a irresponsabilidade de muitos motoristas de caminhão, que colocam em risco não apenas suas próprias vidas, mas também as de outros motoristas, passageiros e pedestres.
O deputado Luiz Cláudio Romanelli disse que está cada vez mais assustado com os acidentes. “Todas as vezes que você sai para a estrada é a certeza que você vai ficar horas e horas em filas por conta de acidentes que muito mais que transtornos causam traumas, sequelas e mortes. Hoje não tem mais “a rodovia da morte”.
As rodovias se tornaram um espaço da morte por causa do excesso de velocidade, tanto dos veículos leves quanto dos caminhões. Caminhões que pelo tacógrafo teriam que ter uma velocidade média de no máximo 90 km/h, estão rodando 120 km/h, 130 km/h, 140 km/h“, observou o parlamentar.
Fatores que geram acidentes
Excesso de velocidade, falta de respeito às leis de trânsito, a fadiga ao volante e o uso de substâncias estimulantes, estão entre os principais fatores que contribuem para esses acidentes. Muitos motoristas dirigem por longas horas sem descanso adequado, o que diminui significativamente seus reflexos e aumenta a probabilidade de erros fatais. Além disso, a sobrecarga de trabalho e prazos apertados incentivam comportamentos perigosos, como ultrapassagens em locais proibidos e desrespeito aos limites de velocidade.
A imprudência não é apenas uma questão de comportamento individual, mas também um reflexo de problemas estruturais no setor de transporte de cargas. A pressão por entregar mercadorias rapidamente leva muitos motoristas a ignorarem normas de segurança, criando um ciclo de irresponsabilidade e tragédias.
Romanelli disse que viaja pelo Paraná toda semana e afirma que observa de perto esses absurdos. “No ano passado, 2,5 mil brasileiros perderam a vida em acidentes com caminhões. Não dá mais para aceitar essa falta de fiscalização e punição. Quem coloca vidas em risco está fora da lei. As autoridades precisam agir rápido”, pontuou.
Para ele, é urgente que sejam tomadas medidas mais rigorosas para fiscalizar e punir motoristas que desrespeitam as leis de trânsito. A sociedade não pode mais tolerar que vidas sejam perdidas por causa da imprudência de alguns. Somente com uma mudança cultural e uma fiscalização eficaz será possível reduzir o número de acidentes e tornar as rodovias mais seguras para todos.
BR-277: uma rodovia desafiadora
A rodovia BR-277, especialmente no trecho entre Curitiba e Paranaguá, é conhecida por ser perigosa. Esse trajeto, que liga a capital paranaense ao litoral, apresenta muitos desafios, como curvas sinuosas, alta circulação de caminhões devido ao Porto de Paranaguá e condições climáticas adversas, como neblina frequente em determinadas épocas do ano.
Infelizmente, os acidentes são comuns, muitos deles fatais. Entre os principais fatores de risco estão o excesso de velocidade, a imprudência dos motoristas, ultrapassagens perigosas e a falta de manutenção adequada em alguns pontos da via. A combinação desses elementos torna a BR-277 uma das rodovias mais perigosas da região. O tráfego intenso de caminhões que transportam cargas para o porto torna a estrada ainda mais desafiadora. A convivência entre veículos leves e pesados exige atenção redobrada, mas nem sempre essa prudência é observada, resultando em colisões graves.
Os acidentes na BR-277 são um lembrete da necessidade de investimentos em infraestrutura, maior fiscalização e, acima de tudo, uma mudança no comportamento dos motoristas.
Romanelli garantiu que vai convocar os comandos da PRF (Polícia Rodoviária Federal) e da PRE (Polícia Rodoviária Estadual) para debater soluções frente à escalada dos acidentes nas estradas. O deputado ainda aponta que parte dos caminhões trafegam com excesso de cargas, que não identificou balanças de peso de cargas e ainda que a fiscalização é mínima tanto nas rodovias estaduais quanto nas federais.
“Por isso, vou apresentar uma convocação para que PRF e PRE venham a Assembleia para debater o tema. Vamos chamar a sociedade civil organizada e nós temos que fazer um pacto pela vida e pelo respeito à legislação”, completou.
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Acidentes nas rodovias
No primeiro semestre de 2024, a PRF registrou aumento de 6,5% de mortes em sinistros de trânsito nas rodovias paranaenses em comparação com o mesmo período de 2023. O aumento de 17 mortes (passando de 261 para 278) tem relação direta com as colisões frontais, tipo de acidente causado predominantemente pelas ultrapassagens proibidas ou forçadas e pelo excesso de velocidade.
Das 278 pessoas que perderam a vida nas rodovias federais paranaenses, 93 foram vitimadas em sinistros do tipo “colisão frontal”, quando o choque de dois veículos ocorre “de frente”, resultando numa interrupção brusca da trajetória do veículo e de seus ocupantes. As colisões frontais são o sétimo tipo de sinistro mais frequente (aproximadamente 7% das ocorrências), mas responde por 1/3 das mortes registradas no estado. A maior parte dessas colisões (54%) aconteceram em trechos sem duplicação, com o fluxo de ambos os sentidos dividindo a mesma pista.
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Nos últimos dois anos, os registros da Secretaria Estadual de Saúde apontam que 6.060 jovens de 20 a 29 anos foram internados por lesões de trânsito (acidentes em rodovias e no perímetro urbano das cidades) em hospitais públicos ou que atendem pelo SUS e 1.119 morreram em decorrência de acidentes no Paraná. As internações hospitalares dessa faixa etária custaram aproximadamente R$ 10,2 milhões no período (2022 e 2023).
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