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Avião e tripulação da Voepass estavam aptos para voo; sinal para excesso de gelo foi acionado 6 vezes
(Foto: CENIPA)

Avião e tripulação da Voepass estavam aptos para voo; sinal para excesso de gelo foi acionado 6 vezes

Gravações da caixa-preta revelam que co-piloto alertou “bastante gelo” poucos minutos antes da queda

Brenda Iung - sexta-feira, 6 de setembro de 2024 - 19:52

Nesta noite (6), os militares do Comando da Aeronáutica, responsável pelo Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA), apresentaram o relatório preliminar sobre as ações que antecederam a queda do voo da Voepass em Vinhedo (SP). Aeronave saiu de Cascavel (PR), em direção à Guarulhos (SP), em 9 de agosto.

No relatório preliminar, a CENIPA descreve dois tipos de ocorrência para a queda do voo da Voepass, “Formação de Gelo” e “Perda de Controle em Voo”.

Durante a apresentação do relatório, os militares demonstraram que o voo saiu com 18 minutos de atraso do Aeroporto Adalberto Mendes da Silva, em Cascavel. Pouco menos de 15 minutos após a decolagem, o detector eletrônico de gelo foi acionado. Em uma sequência de cerca de uma hora, o detector eletrônico foi acionado e desativado 10 vezes — a CENIPA ainda não tem informações se essa sequência foi ativada pelo piloto, pelo co-piloto ou de maneira automática.

Houve comunicação entre a tripulação e o Controle de Aproximação de São Paulo (APP-SP), que após uma troca de informações, sinalizou que a descida seria autorizada em dois minutos.

Cerca de 1h20 após a decolagem, o co-piloto mencionou que havia “bastante gelo”. 1 minuto e 9 segundos após a fala, o controle da aeronave foi perdido. Na sequência, o relatório preliminar sobre a queda do voo da Voepass descreve que o avião “ingressou em uma altitude de voo anormal, até colidir contra o solo”. Antes de colidir, a aeronave completou cinco voltas no movimento “parafuso chato”.

Não houve, no entanto, declaração de emergência por parte da tripulação sobre as condições do voo. Nem para a APP-SP e nem para aviões que estavam ao redor da aeronave no momento da identificação do excesso de gelo — o que motivou a perda do controle do avião.

Em entrevista coletiva, os militares explicaram que a falta da declaração de emergência dificulta o auxílio à tripulação e pode tornar a situação ainda mais grave, com a possibilidade de, até mesmo, haver colisão de duas aeronaves. Situação descrita como “catastrófica”.

Relatório preliminar sobre as causas da queda do voo da Voepass descreve aptidão da tripulação e da aeronave

Os militares da CENIPA adicionaram ao relatório preliminar da queda do voo da Voepass informações sobre as condições da aeronave. O modelo ATR 72-500 estava certificada para voar em condições de formação de gelo.

A tripulação também estava preparada para voos nessas condições. Assim como estavam informados sobre a situação meteorológica antes da decolagem.

É importante ressaltar que esse é um relatório preliminar, ou seja, com as primeiras informações, hipóteses e análises. Ainda não há capacidade técnica para determinar as causas do acidente. Investigações dessa complexidade, explicam os militares da CENIPA, levam mais de um ano para serem finalizadas.

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