Eleições 2024: mudanças climáticas precisam estar em pauta nas eleições municipais
Primeiro turno do pleito municipal será neste domingo (6)
ARTIGO | Por: Álvaro Trilho | O Brasil está se preparando para as eleições municipais, que ocorrerão no início de outubro, com mais de 450 mil candidatos disputando cargos de prefeitos, vice-prefeitos e vereadores em mais de 5.500 municípios. Além de abordarem temas tradicionais como segurança, habitação e saúde, é essencial que os candidatos incluam em suas propostas estratégias para enfrentar as mudanças climáticas, um problema cada vez mais presente no nosso cotidiano.
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No entanto, ao analisar as propostas dos candidatos até o início da corrida eleitoral, fica evidente que as questões climáticas estão sub-representadas. Muitos parecem considerar as recentes tragédias, como as enchentes no Rio Grande do Sul – que resultaram na morte de quase 200 pessoas, deslocaram cerca de meio milhão de habitantes e causaram bilhões em prejuízos – como eventos distantes e isolados.
A realidade, porém, é bem diferente. Tragédias semelhantes podem ocorrer em diversas capitais brasileiras. Recentemente, a WTW realizou um levantamento utilizando avançados softwares de modelagem climática, revelando que várias capitais enfrentam riscos significativos de inundações.
No Sudeste, São Paulo está vulnerável a enchentes fluviais e pluviais devido à urbanização acelerada, que aumenta o escoamento superficial e reduz a infiltração. Belo Horizonte também pode enfrentar enchentes pluviais causadas por chuvas intensas que sobrecarregam os sistemas de drenagem.
No Rio de Janeiro, a ameaça de enchentes é tanto costeira, em razão do aumento do nível do mar e ressacas que afetam áreas baixas, quanto pluvial. Situação similar é observada em Salvador, Recife e Fortaleza, que são vulneráveis a enchentes costeiras e pluviais devido à sua localização e chuvas intensas.
Mesmo capitais que ainda não enfrentaram essas situações, como Brasília, Curitiba e Goiânia, estão suscetíveis a enchentes pluviais provocadas por chuvas intensas que sobrecarregam seus sistemas de drenagem.
Os dados divulgados pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) em maio deste ano evidenciam a necessidade de preparação para eventos climáticos extremos. Abril trouxe chuvas intensas e calor acima da média, especialmente nas regiões Centro-Norte do Brasil.
É urgente que todos os candidatos a cargos municipais estejam cientes dessa realidade e desenvolvam propostas concretas que possam efetivamente contribuir para a mitigação dos riscos climáticos em suas cidades. Compreender as especificidades de cada município e cruzar essas informações com as tendências climáticas é essencial para criar planos e estratégias viáveis.
Os debates recentes em Porto Alegre, que incluíram o tema das enchentes, são um passo positivo, mas é crucial abordar a raiz do problema. Além das mudanças climáticas e chuvas extremas, Porto Alegre enfrenta vulnerabilidades geográficas e uma infraestrutura envelhecida, exacerbada pelo desmatamento, que reduz a capacidade do solo de absorver água e aumenta o escoamento para rios e córregos.
Os candidatos no Rio Grande do Sul, e em todo o Brasil, devem formular propostas que abordem esses riscos e busquem reduzir futuras ocorrências. A oportunidade de minimizar e evitar novas tragédias ambientais está ao nosso alcance, mas é fundamental que todos, incluindo eleitores e candidatos, atuem com consciência e responsabilidade.
* Álvaro Trilho é Diretor de Risk & Analitycs da WTW Brasil
Eleições 2024
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