Mulheres paranaenses entram de cabeça no agronegócio
Mobilização feminina reuniu 1,5 pessoas no encontro de Mulheres do Agro em Cascavel
Mais de 1,5 mil pessoas, a maioria mulheres – participaram do Encontro de Produtoras Rurais de Cascavel, o que reforça importância da presença feminina para o fortalecimento do setor produtivo paranaense. A busca por mais representatividade feminina no agronegócio motivou milhares de produtoras rurais a viajarem centenas de quilômetros para participar do 12º Encontro de Produtoras Rurais de Cascavel, realizado nos dias 8 e 9 de agosto, na região Oeste do Paraná.
O evento celebrou a mobilização feminina no setor produtivo e abordou temas relevantes para o cotidiano da mulher do campo. Idealizado e organizado pela Comissão Feminina do Sindicato Rural de Cascavel, com apoio do Sistema FAEP e da Comissão Estadual de Mulheres da FAEP (CEMF), o encontro propôs uma programação que refletiu as transformações e os desafios enfrentados pelas produtoras rurais.
No encontro, o presidente interino do Sistema FAEP, Ágide Eduardo Meneguette, destacou a atuação da CEMF para o fortalecimento do setor. Hoje, mais de 2,8 mil mulheres participam de 90 comissões locais nos sindicatos rurais.
“As mulheres são o alicerce da nossa casa, fazem a transformação dentro dos nossos lares com os nossos filhos e estão trazendo vozes para dentro do sistema sindical. É preciso mostrar a importância de um setor produtivo fortalecido e com representatividade”, afirmou Meneguette.
Em meio à multidão de mulheres estava Maria Amélia Koliky, que se tornou produtora em Ponta Grossa, na região dos Campos Gerais, após o casamento, quando viu a necessidade de ajudar o marido nos negócios da família. No entanto, sua vocação para a agricultura não ficou apenas dentro da porteira.
Em maio deste ano, Amélia entendeu, na prática, a importância da representatividade no setor para que os vereadores também tomassem conhecimento do impacto que a medida teria sobre os pequenos produtores. Como resultado desse es forço coletivo, a prefeita vetou o projeto de lei que posteriormente também foi barrado pelos vereadores. “Hoje, eu vejo o quanto essa mobilização das mulheres é importante para a força política dos sindicatos e dos produtores rurais para defender os mesmos interesses”, pontuou.
Para a produtora, o encontro em Cascavel foi uma oportunidade para que outras mulheres compreendes sem que podem encontrar esse mesmo apoio em seus municípios, por meio das histórias de superação e exemplos similares. “Aconteceu comigo. Com a comissão eu me senti mais à vontade para expor a situação e pedir ajuda. E agora eu percebo que tem várias mulheres que se sentem confortáveis para falar comigo, pedir A Câmara de Vereadores de Ponta Grossa havia aprovado um Projeto de Lei (PL) que tornava obrigatória a aquisição de alimentos orgânicos ou de base agroecológica para a merenda escolar das unidades da rede municipal de ensino até 2030.
Para Amélia, que recentemente havia se juntado à diretoria da Associação dos Produtores Hortifrutigranjeiros de Ponta Grossa (ASPHPG), essa proposta prejudicava os pequenos produtores locais que já fornecem alimentos para as escolas. Segundo Amélia, a nova exigência poderia excluir muitos desses produtores, que ainda não possuem a infraestrutura ou os recursos necessários para atender aos requisitos de produção orgânica no prazo estabelecido pelo PL.
Apenas na ASPHPG, mais de 45 agricultores familiares seriam impactados. A produtora, então, buscou ajuda na comissão de mulheres de Ponta Grossa.
A vice-presidente da Comissão Nacional das Mulheres do Agro da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) disse que “as mulheres do Paraná são pioneiras do agro. Elas fazem do nosso Estado esse exemplo que alimenta bilhões de pessoas ao redor do mundo. Quando eu vejo um agricultor, eu vejo um pedacinho da minha família. Os governos passam, mas o Brasil fica. Vamos deixar um país melhor para nossos filhos e netos”
Leandre Dal Ponte, secretária de Estado da Mulher, Igualdade Racial e Pessoa Idosa “Em algum lugar do mundo tem alguém consumindo um produto que vem do agro, que saiu da região Oeste, do Paraná ou do Brasil. Nós produzimos comida, somos reconhecidos e respeitados no mundo porque o nosso DNA é o da produção agropecuária. Os governos municipais, estaduais e federal precisam do agro. Temos que cobrar apoio aos produtores, que ajudam o Brasil”.
Fonte: revista Faep