Lazy job: entenda o modelo de bem-estar no trabalho adotado pela Geração Z
Faixa etária contempla os nascidos entre 1996 a 2012
Por: Adriana Belintani* | O conceito de lazy job vem de um olhar sobre a flexibilidade no ambiente de trabalho, não o que propriamente da tradução livre para o português, “trabalho preguiçoso” quer dizer. Como as organizações devem se comportar sobre essa tendência de flexibilização, da geração Z (os nascidos já na era digital) que busca de forma prioritária o bem-estar dentro ou fora do ambiente de trabalho?
O que é lazy job?
Conceito surgido de uma hashtag das redes sociais #lazygirlsjob na época da pandemia da COVID-19, em razão do questionamento e esgotamento causado pelo trabalho remoto, com rotinas de reuniões contínuas e disponibilidade de estar online, as organizações precisam reconhecer que a geração Z vê o trabalho como uma parte de suas vidas, e não como o centro.
Dessa forma, essa geração prioriza um ambiente de trabalho que respeite suas necessidades de equilíbrio entre vida pessoal e profissional. E para que isso aconteça em harmonia, as empresas precisam repensar sobre flexibilidade e formas de comunicação, diante dessa tendência, como horários ajustáveis e a possibilidade de trabalho remoto. Além disso, é essencial cultivar uma cultura organizacional que valorize o bem-estar integral dos funcionários, incluindo programas de apoio à saúde mental e física.
A comunicação aberta e a transparência nas expectativas também são fundamentais para criar um ambiente em que os funcionários se sintam valorizados e compreendidos, contribuindo para um maior engajamento e lealdade à empresa.
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Mudança de mentalidade permite limites entre a vida profissional e pessoal
O ponto de partida é a mudança de mentalidade. É preciso entender que, comprovadamente, o equilíbrio entre vida profissional e pessoal traz benefícios tangíveis tanto para os funcionários quanto para a empresa. Do ponto de vista do trabalhador, isso resulta em maior satisfação no ambiente profissional, menos estresse e uma melhor qualidade de vida.
Quando colaboradores sentem que têm controle sobre seu tempo e que a empresa valoriza seu bem-estar, eles tendem a ser mais leais, engajados e motivados. Para a empresa, isso se traduz em maior produtividade, menor turnover e menos dias de ausência por doenças relacionadas ao estresse.
Além disso, uma força de trabalho equilibrada e satisfeita é mais inovadora e criativa, contribuindo para o sucesso a longo prazo da organização. Promover esse equilíbrio é, portanto, uma estratégia eficaz tanto para a retenção de talentos quanto para a competitividade no mercado.
Princípios ESG
Vale lembrar que políticas de bem-estar nas organizações integram ações de ESG (Ambiental, Social e Governança), que contempla a equidade, inclusão e redução de impacto ao Meio Ambiente, no que se refere a redução de emissão de carbono, quando as empresas adotam sistemas de trabalho remoto ou híbrido.
Na governança, focar em resultados em vez de horas trabalhadas garante uma avaliação de desempenho mais justa e baseada no mérito, reforçando a transparência e a ética corporativa.
Educada num mundo digital, a geração Z tem acesso às informações sobre saúde mental e isso implica em mais questionamentos e reflexões no modelo organizacional das últimas décadas, que de certo modo enalteceu o estilo workaholic (viciado em trabalho independente da jornada).
Esse grupo também vivenciou a instabilidade econômica e os desafios da pandemia, o que reforçou a importância de buscar um estilo de vida que promova a longevidade e a felicidade e não apenas o sucesso financeiro.
Lazy job: 5 dicas para adotar o modelo de trabalho e evitar o esgotamento
Toda essa nova visão denominada lazy job traz uma reflexão geracional sobre o comportamento no ambiente de trabalho, que faz parte da vida, mas que precisa ser, de fato, mais humanizada.
Na experiência com profissionais e empresas que a cada dia enfrentam os riscos psicossociais no trabalho, a saúde mental deixou de ser uma condição de uns e outros e dependendo da área, se transformam numa epidemia social, com burnout (esgotamento e estresse) a bureout (o tédio e apatia), além dos assédios (moral e sexual) em pleno crescimento nas corporações.
Para evitar ou minimizar esses impactos, destaco algumas dicas para melhorar o ambiente e as condições de trabalho, com base no conceito lazy job:
1. Horários flexíveis: permitir que os funcionários ajustem seus horários de trabalho de acordo com suas necessidades pessoais, promovendo uma cultura onde o foco está na qualidade das demandas entregues, e não na quantidade de horas trabalhadas.
2. Trabalho remoto ou híbrido: oferecer a opção de trabalhar remotamente ou em um modelo híbrido, permitindo que os funcionários escolham o ambiente que mais favorece sua produtividade e bem-estar.
3. Foco em resultados: mudar o foco da avaliação de desempenho para a entrega de resultados concretos, em vez de monitorar o tempo de presença ou as horas dedicadas, incentivando a autonomia e a responsabilidade.
4. Políticas de desconexão: implementar políticas que encorajem os funcionários a se desconectarem completamente do trabalho fora do expediente, ajudando a prevenir o esgotamento e promovendo um equilíbrio saudável entre trabalho e vida pessoal.
5. Programas de bem-estar: desenvolver iniciativas que apoiem a saúde mental e física dos funcionários, como acesso a recursos de saúde mental, oportunidades de atividade física no local de trabalho ou dias de folga para autocuidado, integrando o bem-estar como um valor central da cultura organizacional.
Adriana Belintani é advogada especialista em saúde mental, com 27 anos de atuação nas áreas trabalhista e previdenciária.
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