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Empresários e políticos defendem mais negócios entre Brasil e Portugal
Foto: Reprodução/ Lide

Empresários e políticos defendem mais negócios entre Brasil e Portugal

O painel da Lide Brazil Conference Lisboa discutiu os negócios entre os países

Folhapress - sexta-feira, 15 de novembro de 2024 - 18:42

Portugal é uma terra de oportunidades para o Brasil, e vice-versa. Ainda há um longo caminho a explorar, mas os primeiros passos estão sendo dados, e são promissores. Essa ideia ficou no ar após a mesa “Novas Oportunidades para Indústrias e Serviços no Brasil e em Portugal”, no quarto painel da Lide Brazil Conference Lisboa, evento realizado por Lide, Folha de S.Paulo e UOL nesta sexta-feira (15), na capital portuguesa.

O debate foi aberto por Francisco Saião Costa, conselheiro da Aicep, a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal. Os dois países são ligados por 96 voos semanais da TAP -que levam portugueses, em férias ou viagens de negócios, a 11 destinos diferentes no Brasil.

Na mão contrária, centenas de milhares de brasileiros escolheram Portugal para morar nos últimos anos -para ser exato, 600 mil, em números deste ano. Mesmo assim, o comércio dos dois países ainda está limitado a pouco mais que azeite, petróleo e alguns produtos agrícolas. Como aproveitar melhor as oportunidades?

Uma resposta eloquente foi dada por Marco Stefanini, fundador e CEO global do Grupo Stefanini, multinacional brasileira de tecnologia da informação.

Portugal se posicionou muito bem como um pólo de tecnologia. É também um país multilíngue, muito mais que outros do sul da Europa, e isso é fundamental para empregar mão de obra qualificada”, disse Stefanini. “Já o Brasil tem uma imensa força de trabalho na área tecnológica, e vê Portugal como uma porta de entrada para a Europa”.

Para Stefanini, indo além de commodities e produtos agrícolas, os dois países poderiam estabelecer uma grande aliança na área de tecnologia.

Além da abertura para o mercado europeu -“Portugal pode ser um porta-aviões para empresas brasileiras”, nas palavras de Francisco Saião, da Aicep-, o país ibérico é o sétimo lugar mais pacífico do mundo, o quarto no ranking de cibersegurança e o 19º em estabilidade política.

“Tudo isso faz de Portugal um destino atrativo para empresas brasileiras”, diz Karene Vilela, presidente da Câmara Portuguesa de Comércio de São Paulo. Existem 74 CPCs no mundo, e as duas maiores são as de São Paulo e Paris, o que dá a medida da importância do Brasil para Portugal.

A Câmara Portuguesa de Comércio de São Paulo é também um exemplo de como o país europeu intensifica seu relacionamento com entes subnacionais. Em sua fala, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, filiado ao Partido Novo, lembrou que a rede portuguesa de hotéis Vila Galé está abrindo unidades em duas cidades de seu estado, Ouro Preto e Brumadinho, onde se localiza o instituto Inhotim. Zema lembrou também que Minas Gerais começou a produzir vinhos na Serra da Mantiqueira. “Fazemos isso com a assessoria e a cooperação da indústria de vinhos portuguesa. Ainda é uma produção pequena, mas cresce à razão de 25% ao ano, o que significa que logo será significativa”, disse o governador.

Na linha daquela que parece ser a colaboração de maior potencial entre Brasil e Portugal -a tecnologia-, o governador do Piauí, Rafael Fonteles, do PT, informou que seu estado está adiantado numa política de “choque educacional e tecnológico”.

O governo vem transformando as 502 escolas públicas estaduais em centros de ensino profissional e técnico. “Nosso modelo ainda é muito academicista. Nós queremos formar jovens do ensino secundário em carreiras como desenvolvimento de sistemas e programação de jogos, que possam inseri-los no mercado de trabalho”.

O ex-governador de São Paulo, João Dória, co-chairman do grupo Lide, subiu ao palco para elogiar a fala de Fonteles. “Como é bom, em temos de polarização, ouvir alguém que está no mundo do bom senso. Fonteles fez um discurso assertivo pelo bem do seu estado”.

O último a falar, o ex-presidente Michel Temer, seguiu a mesma linha. Segundo ele, governos de diferentes colorações ideológicas seguem as mesmas regras de bom senso, embora com nomes diferentes. “No meu governo implantamos o teto de gastos, o governo atual fala em arcabouço fiscal. Mas o que é o arcabouço senão um teto reajustado?”

Temer encerrou sua fala fazendo um paralelo entre Portugal e Brasil. “Somos dois países que saíram de governos autoritários e criaram Constituições duradouras, a nossa com 36 anos, a de Portugal com 40 anos. Elas são duradouras porque conseguiram amalgamar os direitos liberais com os direitos sociais, incluindo os direitos dos trabalhadores”, disse Temer. “Não faz sentido que tenhamos no Brasil essa coisa de brasileiros contra brasileiros, instituições contra instituições.”

POR JOÃO GABRIEL LIMA LISBOA

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