Líder de frente do agro sugere que setor pare de fornecer carne ao Carrefour Brasil
Duas das três maiores redes de supermercados da França fazem restrições aos produtos do agro brasileiro e de outros países do Mercosul.
O deputado federal Pedro Lupion (PP-PR), presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), sugeriu que o setor pare de entregar carne no Carrefour Brasil. A proposta é uma resposta ao anúncio do presidente mundial do Carrefour de que a rede francesa não vai oferecer carne produzida em países do Mercosul nos seus pontos de venda da França.
“Não aceitamos e não aceitaremos. Se a carne brasileira serve para ser consumida nas lojas do Carrefour e de todas suas outras empresas aqui no Brasil, ela serve também para a Europa”, diz Lupion em vídeo divulgado nas redes sociais na noite desta sexta-feira (23).
“É mais uma tentativa de lacração dos franceses, que tentam conversar e atender os anseios de seus produtores rurais e nem isso conseguem”, continua o deputado no vídeo.
A decisão dos franceses é uma forma de protestar contra o acordo comercial entre a UE (União Europeia) e o Mercosul. A França lidera a resistência à assinatura do pacto, que criaria a maior zona de livre-comércio do mundo e começou a ser desenhado em 1999. O acordo criaria um mercado comum de 780 milhões de pessoas e um fluxo de comércio de até R$ 274 bilhões em produtos manufaturados e agrícolas.
Em resposta à Folha de S.Paulo, no início desta semana, o Carrefour Brasil informou que “nada muda nas operações do país” e que a rede continua comprando carne de produtores locais.
Após o veto do Carrefour na França, o Grupo Les Mousquetaires, proprietário da rede de supermercados francesa Intermarché, também anunciou que irá boicotar as carnes bovinas, suínas e aves produzidas em países da América do Sul em geral.
O comunicado da rede ainda incentiva que outras empresas francesas também boicotem produtos mencionados “com o objetivo de apoiar a agricultura francesa”.
Com a medida, duas das três maiores redes de supermercados da França fazem restrições aos produtos do Mercosul. Segundo o Kantar WorldPanel, Carrefour e Les Mousquetaires correspondiam a 20,2% e 15,7%, do mercado francês em 2022, respectivamente, atrás apenas da rede E.Leclerc, com 22,5%.
Após o comunicado do Carrefour, o Ministério da Agricultura e Pecuária brasileiro divulgou nota na quarta-feira (20) em que critica a decisão da companhia. “O posicionamento do Mapa é de não acreditar em um movimento orquestrado por parte de empresas francesas visando dificultar a formalização do acordo”, afirmou o ministério.