
Guaranho passará por novos exames e pode voltar para a prisão
O desembargador que autorizou prisão domiciliar do ex-policial solicitou uma reavaliação médica
Jorge Guaranho, condenado pela morte do tesoureiro do Partido dos Trabalhadores (PT) Marcelo Arruda, passará por uma nova avaliação médica que irá apontar se ele tem condições de cumprir a pena em regime fechado. A decisão desta terça-feira (18) é do desembargador Gamaliel Seme Scaff, do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ/PR), o mesmo que mandou soltar o ex-policial penal menos de 24h após ele ir para a penitenciária.
“Considerando que o quadro de saúde do réu vem recebendo tratamento, necessário atualizar os autos quanto ao seu estado atual, de modo a saber se reúne condições” de iniciar o cumprimento da pena no CMP [Complexo Médico Penal] ou até em um presídio estadual, escreveu o magistrado.
O Ministério Público do Paraná (MP/PR) recorreu da decisão judicial na segunda-feira (17) e pediu o retorno do condenado para a prisão. No documento, os promotores ressaltaram que Guaranho não aparenta estar extremamente debilitado de modo que não possa receber atendimento médico no estabelecimento prisional.
Desembargador autoriza prisão domiciliar de Jorge Guaranho
No dia 13 de fevereiro, Guaranho foi sentenciado a 20 de prisão, inicialmente em regime fechado, e saiu do Tribunal do Júri de Curitiba diretamente para o Complexo Médico Penal, em Pinhais, na região metropolitana da capital. Antes disso, ele aguardava o julgamento em liberdade.
No dia seguinte, 14 de fevereiro, o desembargador aceitou o pedido da defesa e autorizou o bolsonarista a cumprir prisão domiciliar. A solicitação de habeas corpus está pautada na alegação de que ele sofre com problemas de saúde decorrentes do dia do crime, entre eles, comprometimentos neurológicos e dificuldades motoras.
Em nota, o escritório de advocacia que defende Guaranho comemorou a vitória e declarou que seu cliente teve os “princípio da dignidade da pessoa humana e os direitos fundamentais” atingidos devido a um julgamento com “viés político”.
No sábado, 15 de fevereiro, Guaranho saiu da penitenciária.
Polêmica
A decisão de Scaff gerou polêmica e revoltou familiares e amigos da vítima, assim como uma parcela da sociedade.
Ao ordenar a reavaliação médica de Guaranho, o magistrado explicou por que tomou a decisão liminar, prestou solidariedade à família da vítima e acrescentou que “não é bolsonarista”.
“No sábado pela manhã, um tempestuoso clamor público de parcela da militância das esquerdas, ao pressuposto de que o réu condenado no dia anterior, teria sido posto ‘em liberdade’ porque o juiz seria bolsonarista e estaria ‘protegendo’ o assassino da vítima Marcelo, em absoluto desrespeito à viúva, familiares e companheiros. Isto nunca foi verdade. Não sou bolsonarista! Não importa o que digam ou achem. Mas isso não importa agora”, escreveu ele.
Quais os problemas de saúde de Guaranho
Guaranho foi atingido por disparos de arma de fogo feitos por Arruda, que também era guarda municipal, depois de alvejar o petista.
Segundo seus advogados, ele realiza “tratamento médico especializado em decorrência de ter sido alvo de nove disparos de arma de fogo e severos espancamentos por mais de cinco minutos, resultando em fratura completa da mandíbula, perda completa de dentes e massa óssea”.
“Os diversos projéteis estão alojados no corpo do paciente, inclusive na caixa craniana e na porção esquerda da massa encefálica”, afirma a defesa.
Tesoureiro do PT é morto por policial bolsonarista
O guarda municipal e tesoureiro do PT de Foz do Iguaçu foi morto a tiros em 9 de julho de 2022, durante a comemoração de seu aniversário de 50 anos. Na ocasião, o então policial penal e militante bolsonarista invadiu a festa temática em homenagem ao partido e ao presidente Lula, então candidato à presidência, e passou a hostilizar todos os presentes, que ele não conhecia.
De acordo com a investigação, Guaranho participava de uma confraternização próximo ao local da festa e, por meio de um amigo que tinha acesso ao sistema de câmeras, tomou conhecimento sobre a confraternização.

Em seguida, mesmo sem conhecer a família e o aniversariante, foi até lá na intenção de provocar Arruda e os presentes. Acompanhado da mulher e do filho bebê, o réu proferiu ofensas e deixou o local depois de afirmar que voltaria e mataria “todos” que estavam na comemoração. Minutos depois, o ex-policial penal retornou sozinho ao salão e disparou vários tiros contra a vítima, que ainda conseguiu revidar e conseguiu atingir Guaranho.
Arruda chegou a ser levada ao Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, mas não resistiu aos vários disparos de arma de fogo.

A troca de tiros entre os dois foi toda registrada por câmeras de segurança. Nas imagens, é possível ver que Guaranho continuou atirando na vítima mesmo após ela estar caída no chão.
Dia de Luta contra a Intolerância Política
O crime ocorreu no contexto de forte polarização eleitoral e teve repercussão internacional. A data do assassinato foi instituída como Dia de Luta contra a Intolerância Política nos calendários oficiais do estado do Paraná e do Distrito Federal.
Policial foi demitido
Jorge Guaranho foi exonerado do cargo em março de 2023, pelo então ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski. A pena de demissão foi definida em um Processo Administrativo Disciplinar. Na época do crime, o assassino era servidor da Penitenciária Federal de Catanduvas, no Paraná.
Com Catarina Scortecci via Folhapress
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