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Programa Parceiro da Escola: destino de 177 colégios estaduais está em votação
Foto: Jaelson Lucas/Arquivo AEN

Programa Parceiro da Escola: destino de 177 colégios estaduais está em votação

A consulta pública sobre a adesão ao projeto ocorre entre esta sexta (6) e a próxima segunda-feira (9)

Caroline Signori Berticelli - sexta-feira, 6 de dezembro de 2024 - 14:32

Comunidades de 177 colégios estaduais distribuídos em 98 municípios paranaenses decidem, por meio de consulta pública, se irão aderir ou não ao Programa Parceiro da Escola entre esta sexta-feira (6) e a próxima segunda-feira (9). Podem votar pais e responsáveis, estudantes acima de 18 anos, professores e funcionários dos colégios.

De acordo com a Secretaria de Estado da Educação (Seed-PR), os votos serão impressos e a votação ocorre de forma simultânea em todas as unidades de ensino elegíveis para o programa. O horário é das 8h às 20h30 na sexta, das 8h às 17h no sábado e das 8h às 17h na segunda-feira.

O processo contará com a participação de três comissões consultivas: a Comissão Central é responsável por organizar as votações, a Comissão Regional do NRE ajudará a divulgar o processo, além de receber e manter sob sigilo as atas de votação, e a Comissão Consultiva Local, que fará o acompanhamento in loco.

Os votos serão depositados em urnas, que serão lacradas e ficarão sob responsabilidade do diretor das instituições. A abertura será realizada no dia 9 de dezembro

Programa Parceiro da Escola

O Programa Parceiro da Escola, que permite a terceirização de serviços como manutenção, limpeza, segurança e gestão administrativa em instituições de ensino da rede estadual, está no centro de uma polêmica desde que o projeto foi apresentado pelo Poder Executivo.

A proposta foi aprovada na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), por 38 votos a 13, sob forte protesto no início de junho deste ano. Na ocasião, professores estaduais entraram em greve e manifestantes contrários ao projeto ocuparam o prédio do plenário em Curitiba.

A lei foi sancionada pelo governador Carlos Massa Ratinho Junior (PSD) no dia 4 do mesmo mês, mas ainda enfrenta forte oposição entre os parlamentares que não fazem parte da base governista, parte da comunidade escolar (como professores e o Sindicato dos(as) professores(as) e funcionários(as) de escola do Paraná (APP-Sindicato)) e membros da sociedade civil.

As vésperas do início da consulta pública sobre o Programa Parceiro da Escola, na quinta-feira (5), a APP-Sindicato voltou a se manifestar contra o projeto.

“Nós temos um projeto envolto em dúvidas e questionamentos. Há uma medida cautelar do Tribunal de Contas fazendo uma série de questionamentos à Secretaria de Educação, sem respostas. As perguntas das comunidades escolares continuam sem respostas. O Tribunal de Justiça suspendeu partes do decreto. O Ministério Público também questiona o programa. Tantos questionamentos, tantas dúvidas e a Secretaria decide manter a consulta. Se está privatizando, com tantas dúvidas, com tanta falta de informação, é sinal de que a coisa não é boa”, declarou Walkiria Mazeto, presidente da entidade representativa.

Tribunal de Contas

No dia 14 de janeiro, o Tribunal de Contas do Paraná (TCE/PR) suspendeu temporariamente as contratações relativas ao Programa Parceiro da Escola e incumbiu a Assembleia Legislativa do Paraná de fiscalizar os contratos já existentes. A decisão foi a reposta a um pedido de medida cautelar protocolado pelo deputado Professor Lemos (PT).

No texto, o conselheiro afirmou que o projeto fere a Constituição Federal ao não garantir condições de igualdade por “não demonstrar garantia de alimentação adequada aos alunos” e argumentou que o “Estado não pode transferir ao particular o sistema pedagógico, tornando ilegal e desprovido de segurança jurídica a política estatal adotada. Já que não há estudos juntados aos autos demonstrando a sua adequação”.

A medida cautelar também questiona a contratação de profissionais sem concurso público, a falta de clareza sobre a remuneração dos profissionais e a possível incompatibilidade do lucro empresarial com a educação pública.

O que diz o governo

A Secretaria de Estado da Educação (Seed/PR) defenda que as parcerias serão realizadas com instituições especializadas em gestão educacional com o objetivo de otimizar a gestão administrativa e de infraestrutura das escolas.

Entre as vantagens proporcionadas por esse tipo de administração, o Governo do Paraná afirma que:

  • o projeto irá permitir que diretores e gestores se concentrem na qualidade da educação, desenvolvendo metodologias pedagógicas, treinando professores e acompanhando o progresso dos alunos.
  • o projeto-piloto do programa Parceiro da Escola já é desenvolvido desde 2023 no Colégio Estadual Aníbal Khury, em Curitiba, e no Colégio Estadual Anita Canet, em São José dos Pinhais, na região metropolitana da capital, com sucesso.
  • os parceiros nas duas instituições são Tom Educação e Apogeu e nas duas entidades os índices de matrículas, frequência e desempenho escolar dos estudantes apresentaram melhoras significativas entre 2023 e 2024. Também houve matrícula de 100% no Enem.
  • países desenvolvidos, líderes dos rankings mundiais de educação, como Canadá, Coreia do Sul, Reino Unido e Espanha, utilizam sistemas semelhantes de parcerias na administração.

Grupos educacionais interessados

Na última terça-feira (3), o Governo do Paraná divulgou uma lista de empresas que já manifestaram interesse em administrar as escolas estaduais. Veja a relação:

  • Grupo Positivo + Tom Educação
  • Colégio Dom Bosco
  • Impulso Educação (Grupo Salta – Colégio Elite e Alfa)
  • CETEB / Grupo Rousseau
  • Consórcio APG GOV – Educa Paraná (Colégio Apogeu)
  • Fundação Educacional Menonita
  • CNEC (Campanha Nacional de Escolas da Comunidade)
  • Astra
  • Centro Educacional Integrado

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