Hanseníase pode ser a próxima pandemia, alertam profissionais da medicina
Estudo foi apresentado durante o 59° Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical
A hanseníase é, hoje, uma das doenças mais estudadas como um possível fator de risco de se tornar uma pandemia. A afirmação é da professora Patrícia Deps, da Universidade do Espírito Santo (UFES), membro da Leprosy Global Programme e pesquisadora da International Leprosy Association. Patrícia falou para uma plateia lotada durante o segundo dia do 59° Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (MEDTROP 2024).
O que é hanseníase
Só em 2022, mais de 17 mil casos novos de hanseníase foram registrados no Brasil, afirma o Ministério da Saúde. A doença é infecciosa, transmissível e tem evolução crônica. A situação afeta os nervos periféricos, a pele e a mucosa e pode causar danos irreversíveis.
Os sintomas comuns, conforme o Ministério da Saúde, são: manchas (brancas, avermelhadas, acastanhadas ou amarronzadas). engrossamento da pele; diminuição dos pelos e do suor em regiões específicas do corpo; sensação de formigamento nas mãos ou nos pés; redução ou perda da sensibilidae ou da força muscular na face, nas mãos ou nos pés e caroços no corpo.
O diagnóstico precoce é essencial para evitar a evolução da doença.
Transmissão de hanseníase através do tatu-galinha no Brasil
Em conjunto com outros especialistas, Patrícia realizou um estudo em 2023, no qual pesquisou a transmissão da doença através do tatu-galinha (ou tatu selvagem), recentemente detectada no Brasil. “Embora a hanseníase seja transmitida principalmente por contato pessoa a pessoa, muitos casos positivos não relatam histórico de contato”, afirmou a especialista.
Para o estudo, foram coletados dados de 506 pacientes com hanseníase e 594 casos-controles sobre exposição a tatus. A exposição direta ao tatu foi relatada por 68% dos casos de hanseníase e por 48% dos controles.
“A pesquisa colabora para o controle da enfermidade e prevenção de uma futura pandemia. É importante estudar e estudar mais sobre a hanseníase”, afirma.
O Mycobacterium leprae (hanseníase) é transmitido por meio de gotículas de saliva eliminadas na fala, tosse e espirro, em contatos próximos e frequentes com doentes. Também pode se manifestar em diversos mamíferos, tais como: gato-maracajá (gato selvagem), anta brasileira, macacos-pregos, gambá, capivara, macaco-da-noite, pequenos mamíferos não voadores (Rodentia e Didelphimorphia) e tatu-galinha.
Contágio de hanseníase de animais para seres humanos
O contágio é feito por meio da caça, manipulação e consumo. Além disso, pode vir do convívio em uma área que se tem o contato direto ou indireto com esses animais.
“Não se sabe com certeza se ao cozinhar a carne do tatu inibe o risco de contaminação, mas de qualquer maneira, o manuseio com machucados nas mãos ou em outras partes do corpo já causaria a transmissão da enfermidade”, alerta a médica.
*Com assessoria de imprensa
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