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Paraná é líder em doação de órgãos, mas 25% das famílias ainda dizem “não”
(Foto: Albari Rosa/Arquivo AEN)

Paraná é líder em doação de órgãos, mas 25% das famílias ainda dizem “não”

No dia Nacional da Doação de Órgãos (27), Cighep apoia a campanha “DIGA SIM”, para conscientizar as famílias da importância da doação de órgãos

paranaportal - sexta-feira, 27 de setembro de 2024 - 16:44

O Dia Nacional da Doação de Órgãos, celebrado em 27 de setembro, é uma oportunidade essencial para refletirmos sobre a importância de dizer “sim” à doação de órgãos. Instituída por lei em 2007, a data busca sensibilizar a sociedade sobre a relevância de discutir o tema em família e tomar a decisão de doar. Mesmo com o Paraná sendo o estado com o maior índice de doadores no Brasil — 42,5 doadores por milhão de habitantes (PMP) — 25% das famílias ainda recusam a doação. Esse é um dos maiores desafios enfrentados pela campanha “DIGA SIM”, lançada pelo Ministério da Saúde e apoiada pelo Centro de Cirurgia, Gastroenterologia e Hepatologia (Cighep), de Curitiba.

Autorização familiar é maior obstáculo para a doação de órgãos

De acordo com Eduardo Ramos, médico gastroenterologista e hepatologista e coordenador do Cighep, o maior obstáculo para aumentar o número de doações é a autorização familiar. “A partir do momento em que ocorre a morte encefálica, a notificação é obrigatória, e o próximo passo é consultar a família. Hoje, 25% das famílias no Paraná não autorizam a doação, e em outros estados, esse número chega a 50%”, explica o cirurgião.

Ele destaca a importância de campanhas como a “DIGA SIM”, que incentiva a conscientização e a conversa prévia entre familiares, facilitando a decisão em um momento tão difícil. “Esse ‘sim’ pode mudar a vida de muitas pessoas na fila de espera”, completa o médico.

Como funciona a doação de órgãos

A partir da constatação da morte encefálica, o hospital notifica a Central de Transplantes, que coordena a logística da captação de órgãos. “Cada órgão tem um tempo limite para ser implantado. O coração, por exemplo, precisa ser transplantado em até 4 horas, enquanto o fígado tem até 8 horas”, explica Dr. Eduardo. A rapidez e organização são fundamentais: “São várias equipes trabalhando simultaneamente para garantir que o órgão chegue ao receptor no menor tempo possível”.

O transporte também é um desafio, já que muitas vezes os órgãos permanecem no estado, mas podem ser enviados para receptores em outras regiões. “Tudo é gerido pela Central de Transplantes, garantindo que cada órgão chegue ao paciente mais adequado”, pontua o coordenador do Cighep.

Dados principais sobre os transplantes no Paraná

Os números mostram o quanto a doação de órgãos é essencial para salvar vidas. Em 2024, o Paraná já realizou 1.200 transplantes, enquanto a fila de espera no estado conta com 3.992 pessoas aguardando por um órgão, sendo 2.222 esperando por um rim e 257 por um fígado.

Em 2023, foram realizadas 1.213 notificações de morte encefálica, mas apenas 483 doações efetivas, com 218 recusas familiares (27%), 308 contraindicações clínicas (25%), 43 mortes encefálicas não confirmadas (4%) e 61 PCR (Covid) confirmados (5%). “A conta não fecha. Temos 1.200 transplantes realizados e quase 4.000 pessoas na fila. A doação precisa crescer para atender essa demanda”, alerta Eduardo.

No Brasil, 14.000 transplantes foram realizados em 2024, um aumento de 3 a 4% em relação ao ano anterior. O Sistema Único de Saúde (SUS) custeia 88% dos transplantes no Brasil, o que garante o acesso universal ao tratamento.

30% dos pacientes morrem na fila de espera

O impacto da espera por um órgão pode ser devastador. “No caso do fígado, por exemplo, até 30% dos pacientes morrem na fila de espera”, afirma o gastroenterologista. O mesmo ocorre com o coração, devido à gravidade da condição dos pacientes. Já os pacientes renais podem contar com a diálise como suporte, mas mesmo assim, a mortalidade entre os que fazem diálise é significativamente maior do que entre os transplantados.

Para mudar essa realidade, é crucial que as pessoas discutam a doação de órgãos com seus familiares. A campanha “DIGA SIM” tem o objetivo de aumentar o número de doações e salvar mais vidas. “A decisão de doar pode transformar muitas vidas”, enfatiza o coordenador do Cighep.

*Com assessoria de imprensa.

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