Banco de alimentos do Ceasa transforma desperdício em sustento para animais silvestres
Produtos que antes iriam para o lixo agora são doados para o Criadouro Conservacionista Onça Pintada, localizado em Campina Grande do Sul
Todos os meses os 4 mil animais silvestres de 206 espécies que habitam o Criadouro Conservacionista Onça Pintada em Campina Grande do Sul, na Grande Curitiba, recebem, em média, 29 toneladas de frutas, verduras e legumes doados pela Central de Abastecimento do Paraná (Ceasa-PR) da capital.
A ação iniciada em setembro faz parte do Programa Banco de Alimentos Comida Boa, que busca zerar o desperdício nas unidades da Ceasa-PR, e foi possibilitada graças a uma parceria entre a Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab).
De acordo com o biólogo Carlos Eduardo Conte, atualmente, os alimentos que já não atendem aos padrões de comercialização e que antes seriam descartados por atacadistas e produtores rurais são a principal fonte de alimentação dos animais, dos quais boa parte foi resgatado em situação de abandono ou maus-tratos.
“Tudo o que vem da Ceasa é 100% aproveitado. Até mesmo aquelas frutas e legumes mais batidos e machucados servem para animais como os porcos selvagens e os catetos. Posso dizer que cerca de 60% de toda a alimentação dos bichos vêm da Ceasa”, diz Conte.
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Licenciado pelo IAT, o Onça Pintada é particular e mantém animais silvestres e exóticos que foram resgatados e não mais podem ser devolvidos à natureza. Além disso, o criadouro participa de programas de conservação da fauna silvestre nativa, reproduzindo espécies com objetivo de refaunação de Unidades de Conservação do Paraná.
“Esses empreendimentos têm um papel crucial na gestão de fauna no Estado, principalmente aqueles com foco conservacionista ou que são parceiros para atendimento e recebimento dos animais vitimados. O custo para manter este tipo de espaço é altíssimo, e é nesse sentido que a cooperação da Ceasa é fundamental, por minimizar parte dos gastos com alimentação. É uma política sustentável, em que todos ganham”, explica a gerente de Biodiversidade do IAT Patricia Accioly Calderari da Rosa.
O projeto deu tão certo que o órgão ambiental está avaliando ampliar as doações de alimentos para outras instituições com vínculo com o IAT, como os Centros de Apoio à Fauna Silvestre (CAFS) e o Centro de Triagem e Atendimento de Animais Silvestres (CETAS).
A ideia é compartilhar a iniciativa de sucesso de Curitiba com outras unidades da central de abastecimento, em cidades como Londrina, Maringá, Foz do Iguaçu e Cascavel, todas com complexos próprios.
Banco de Alimentos do Ceasa
A distribuição em larga escala das hortaliças para centenas de instituições assistenciais por meio do Banco de Alimentos Comida Boa surgiu em abril de 2020, logo após a chegada da pandemia da Covid-19.
Por dia, 8 mil toneladas de alimentos são comercializadas nas cinco unidades do Estado. Antes do programa Banco de Alimentos Comida Boa, 50 toneladas por dia eram desperdiçadas por não serem comercializadas. Com a destinação para as entidades, quase metade deste volume passou a ser reaproveitada. Ao todo, mais de 440 toneladas por mês são doadas para as instituições cadastradas, o que representa um volume anual de 5,3 mil toneladas de alimentos.
Atualmente, mais de 330 entidades, como casas de longa permanência de idosos, hospitais públicos, casas de recuperação, projetos de contraturno escolar, abrigos, associações de moradores e famílias em situação de vulnerabilidade social, recebem os alimentos.
Ele também conta com a participação do Departamento de Polícia Penal do Paraná (Deppen) para a ressocialização de pessoas privadas de liberdade. Elas trabalham no processamento dos alimentos e participam de atividades de capacitação em educação alimentar para, posteriormente, repassarem o conhecimento à comunidade.
Com AEN
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