“Sem o Brasil, o mundo ficaria sem alimento”, afirma Ratinho Junior sobre boicote ao Carrefour
Rede francesa de supermercados, em medida protecionista, admitiu o bloqueio da venda de carnes de frigoríficos brasileiros
A rede francesa de supermercados Carrefour bloqueou a venda de carnes de frigoríficos do Mercosul, que inclui o Brasil, nos pontos de venda da França. A medida veio em resposta ao pedido de produtores rurais franceses, que buscam redução do livre mercado no país e incentivo às vendas de produtos franceses. Mas foi divulgada como uma proteção socioambiental, porque, acordo com o CEO do Carrefour global, Alexandre Bompard, ao comprar carnes dos frigoríficos da América Latina, a rede contribuiria para um “risco de inundação do mercado francês com carne que não atende às suas exigências e normas”.
O anúncio teve reações negativas no Brasil, inclusive, com a decisão de empresas como a JBS e a Masterboi de não fornecerem carnes às filiais brasileiras da marca. O Brasil é, hoje, a segunda maior filial do Carrefour, perdendo apenas para a França — país de origem.
O Paraná conta com seis lojas Carrefour: quatro em Curitiba, uma em Londrina e uma em Pinhais. Considerado o supermercado do mundo, o estado exportou US$ 116 milhões à França entre janeiro e julho deste ano, segundo o Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes) — neste volume estão inclusos todos os alimentos e bebidas exportados pelo estado ao país europeu.
Em relação às carnes, especificamente, entre janeiro e outubro deste ano, o Paraná não registrou volume de exportação à França. No ano passado, foram US$ 179.943 em carnes de frango e US$ 8.697 de exportação da categoria carnes diversas (que inclui cortes de cavalos, asnos, mulas, além de miudezas de diferentes animais, toucinho, carnes em salmoura, defumadas ou em pó), conforme dados do Ipardes.
Procurado pelo Paraná Portal, o governador Ratinho Junior (PSD) se manifestou sobre a questão e chamou de “decisão equivocada” o anúncio do Carrefour em bloquear a venda de carnes brasileiras no mercado francês.
Brasil deve priorizar países com práticas sustentáveis consolidadas, defende Ratinho Junior
O governador fala, ainda, que essa decisão é “uma oportunidade para o Brasil poder reforçar a sua tradição consolidada de sanidade da produção de proteína animal e, ao mesmo tempo, selar parcerias com países que tenham práticas sustentáveis e que não produzam energia a partir de carvão mineral”.
O apontamento do governador faz sentido: um dos pontos que dificultam a consolidação da sustentabilidade na França é a dependência de fontes poluentes de energia.
Os combustíveis fósseis são responsáveis por 7% da produção de energia da França, de acordo com a Électricité de France (EDF). Conforme avaliação da Agência Internacional de Energia (IEA), esse tipo de energia — herança da Revolução Industrial — é a mais suja das opções para gerar energia. E é, também, responsável pelo aumento de 0,3 grau na temperatura média global, desde os níveis pré-industriais. A principal fonte de energia francesa, ainda de acordo com a EDF, é a nuclear (85%), que pode gerar: contaminação pelos rejeitos da produção, por acidentes e por vazamentos; aquecimento da água do mar; escassez do solo; aumento do risco de desenvolvimento de câncer, infertilidade e outras doenças; danos à fauna e a flora locais.
O Brasil, em um contraponto, é um exemplo em relação à transição energética sustentável. Uma vez que 93% da energia gerada no Brasil é oriunda de fontes renováveis, afirma a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). E o Paraná, referência em sustentabilidade no país, tem em seu território a Itaipu Binacional, maior geradora de energia limpa e renovável do planeta.
“A postura protecionista desmerece a qualidade da carne brasileira. Sem o Brasil, o mundo ficaria sem alimento”, defende o governador. Que reforça a confiança nas cooperativas, nas agroindústrias, nos produtores rurais e na qualidade dos técnicos paranaenses e brasileiros.
Veja, na íntegra, a fala do governador Ratinho Junior sobre a decisão do Carrefour em não vender carne brasileira em açougues franceses da marca
“A decisão equivocada da rede é uma oportunidade para o Brasil poder reforçar a sua tradição consolidada de sanidade da produção de proteína animal e, ao mesmo tempo, selar parcerias com países que tenham práticas sustentáveis e que não produzam energia a partir de carvão mineral. Confiamos nas nossas cooperativas, nas agroindústrias, nos produtores rurais e na qualidade dos nossos técnicos. A postura protecionista desmerece a qualidade da carne brasileira. Sem o Brasil, o mundo ficaria sem alimento”.
*Matéria atualizada em 26 de novembro, às 16h27, com a inclusão dos volumes específicos da exportação de carne do Paraná à França.
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