7 em cada 10 paranaenses cortaram gastos em 2024, mostra pesquisa
O cartão de crédito aparece como grande vilão do endividamento
Uma pesquisa realizada pelo Instituto de Estudos de Protesto de Títulos do Paraná (IEPTB/PR), que representa os 177 Cartórios de Protesto do Estado, revelou que 7 em cada 10 paranaenses reduziram seus gastos em 2024. O levantamento “Retrato Econômico do Paraná” mostrou, ainda, que 42% dos entrevistados tiveram pelo menos uma conta em atraso neste ano.
CORTE NAS DESPESAS
O levantamento mostrou que entre as principais despesas cortadas, destacam-se os gastos com lazer e entretenimento, como cinema, restaurantes, bares e festas, que foram eliminados por 24% dos entrevistados. Viagens também foram uma prioridade na redução de despesas, com 20% optando por cortar esse tipo de gasto.
Além disso, a compra de roupas e acessórios foi reduzida por 19% das pessoas, enquanto serviços de assinatura, como streaming e TV, tiveram 14% de cortes. Outros setores que sofreram ajustes incluem cuidados pessoais (13%) e gastos com transporte (10%).
CARTÃO DE CRÉDITO, O GRANDE VILÃO
A pesquisa mostrou que 42% dos entrevistados contraíram dívidas em 2024. O cartão de crédito lidera o ranking da inadimplência, sendo citado por 40% dos entrevistados com contas atrasadas. Empréstimos pessoais foram mencionados, na sequência, por 20% dos participantes do estudo.
O presidente do IEPTB/PR, João Norberto França Gomes, explica que dívidas com juros mais altos, como é o caso do cartão de crédito, podem ser tornam grandes vilãs do endividamento caso não sejam controladas.
“Priorizar o pagamento de dívidas com juros mais altos, como as do cartão de crédito, é fundamental para evitar que se tornem um descontrole financeiro. Isso acontece porque os juros dessas dívidas são geralmente os mais elevados e podem aumentar rapidamente o valor devido”, orienta França Gomes.
Valores
6% dos paranaenses entrevistados acumulou dívidas com valores menores do R$ 500, 18% com valores entre R$ 500 e R$ 1.000, 23% entre R$ 1.001 e R$ 2.001, 32% entre R$2.001 a R$5.000, 12% de R$5.001 a a R$10.000 e 8% mais de R$10.000.
Entre os motivos que levaram à inadimplência estão a falta de planejamento financeiro e o surgimento de gastos imprevistos ou emergenciais.
67% dos que ficaram inadimplentes em 2024 revelaram que pagariam as dívidas se fossem intimados pelos Cartórios de Protesto e 9 em cada 10 se o credor oferecesse uma negociação. Segundo França Gomes, isso acontece porque os cartórios conseguem auxiliar tanto quem deve como quem precisa receber.
“Os Cartórios de Protesto atuam como uma ponte entre o devedor e o credor, facilitando a comunicação e oferecendo um meio eficaz para a renegociação de dívidas, promovendo soluções para ambas as partes de forma segura”, afirma o presidente do IEPTB/PR.
Entre os que ficaram inadimplentes neste ano, 38% afirmaram que tiveram alguma dívida protestada.
USO DO 13º SALÁRIO
Para 26% dos entrevistados, o 13º salário vai ser usado para pagar dívidas. 20% pretendem guardar o dinheiro extra para a poupança ou investimentos.
RAIO-X DO ORÇAMENTO
Garantir a alimentação básica foi apontada como uma preocupação para 24% dos paranaenses. Manter o padrão de vida (22%) e poupar para emergências (22%) aparecem empatados como segunda angústia mais mencionada pelos participantes da pesquisa.
42% dos paranaenses avaliam a sua situação financeira, neste ano, como regular e 20% como ruim ou muito ruim, 32% como boa e 6% como muito boa. 7 em cada 10 participantes da pesquisa avaliam seu comportamento de consumo como “moderado e consciente”. 26% acreditam que tem um consumo consciente, mas não conseguem controlar gastos e 5% se consideram impulsivos e descontrolados com os gastos.
Em 2024, 25% dos paranaenses participaram de apostas online (bets), evidenciando o crescente interesse por esse tipo de entretenimento. Desses, 57% relataram que utilizaram dinheiro que tinha outra finalidade para realizar essas apostas.
“Esse comportamento revela uma mudança significativa no padrão de consumo, onde uma parte da população recorre a alternativas de lazer com risco financeiro, muitas vezes comprometendo suas finanças pessoais”, salienta França Gomes sobre os perigos desse tipo de comportamento para a saúde financeira individual ou familiar.
PLANEJAMENTO FINANCEIRO
Mais de um terço dos entrevistados afirmou que nunca guarda dinheiro. 27% poupam “de vez em quando”, 22% raramente e, 20% tem o hábito de economizar todos os meses.
Entre os que investem, 6 em cada 10 deixam o dinheiro na poupança, 19% utilizam fundos de investimento e 6% ações.
Conforme o levantamento, 6 em cada 10 entrevistados não têm uma reserva de emergência.
FINAL DE ANO
A maioria dos paranaenses vai reduzir despesas no final de ano. Quase um terço (27%) pretende cortar viagens e passeios e 26% não vão comprar presentes para familiares e amigos.
43% informaram que não costumam fazer grandes gastos no final de ano. Dentre os que têm o costume de ir às compras nessa época, 38% pagam à vista, 44% às vezes recorrem ao cartão de crédito ou parcelamento e 18% disseram que sempre acabam se endividando.
PLANOS PARA 2025
Os paranaenses estão otimistas com relação ao futuro: 48% acreditam que a sua situação financeira melhorará um pouco no próximo ano e 28% que melhorará significativamente. Entres os principais planos para 2025 estão comprar uma casa (20%) e investir em um negócio (17%).
SOBRE A PESQUISA: O estudo foi realizado presencialmente, em todas as mesorregiões do Paraná, entre os dias 27 de novembro e 5 de dezembro, e entrevistou 760 pessoas nas cidades de Campo Mourão, Cascavel, Cornélio Procópio, Cruzeiro do Oeste, Curitiba, Francisco Beltrão, Guarapuava, Irati, Londrina e Ponta Grossa.
Fique por dentro das notícias do Paraná: Assine, de forma gratuita, o canal de WhatsApp do Paraná Portal. Clique aqui.