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O acordo Mercosul-UE e os desafios para o agronegócio brasileiro
Foto: Reprodução

O acordo Mercosul-UE e os desafios para o agronegócio brasileiro

Análise pela deputada do Parlamento Italiano Renata Bueno

paranaportal - terça-feira, 11 de fevereiro de 2025 - 13:46

O acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia (UE), em discussão há anos, promete liberalizar 99% das exportações agrícolas brasileiras para o bloco europeu, abrindo portas para um mercado de mais de 450 milhões de consumidores, facilitando o acesso dos produtos brasileiros ao mercado europeu, desde que cumpram as exigências ambientais e sanitárias estabelecidas pela UE.

No entanto, essa abertura comercial vem acompanhada de desafios. A União Europeia aprovou o Regulamento Anti Desflorestamento (EUDR), que entrou em vigor em 1º de janeiro de 2025. Essa legislação proíbe a importação de produtos oriundos de áreas desmatadas, independentemente de a prática ter ocorrido de forma legal ou ilegal no país de origem.

Para atender às exigências do EUDR, os produtores brasileiros terão de comprovar que seus produtos não estão ligados ao desmatamento. Isso exigirá a apresentação de documentos detalhados, como a geolocalização das áreas de produção. A rastreabilidade e a transparência da cadeia produtiva serão fundamentais para garantir a continuidade das exportações para a UE.

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As novas regulamentações representam um desafio particularmente grande para pequenos e médios produtores, que podem encontrar dificuldades para arcar com os custos da adaptação às novas regras. Para minimizar impactos negativos, os exportadores brasileiros devem investir em tecnologias de rastreabilidade e transparência, garantindo a conformidade com as exigências europeias e reforçando a competitividade do setor no mercado internacional.

A implementação do Regulamento Anti Desflorestamento exigirá um esforço conjunto do setor produtivo, do governo e das entidades representativas para assegurar que o Brasil continue sendo um protagonista no comércio agrícola global, ou seja, parcerias com organizações não governamentais (ONGs) e instituições financeiras também podem ajudar a financiar a transição para práticas mais sustentáveis. Além disso, o governo brasileiro pode desempenhar um papel crucial, oferecendo apoio técnico e financeiro aos produtores.

É essencial equilibrar crescimento econômico e sustentabilidade, garantindo que as exigências ambientais não se tornem barreiras intransponíveis para os produtores brasileiros.

Renata Bueno é atual deputada do Parlamento Italiano e ex-vereadora de Curitiba

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