Ney e Moro racham União Brasil no Paraná com sérias acusações de traições
Leprevost creditou e responsabilizou seu baixo desempenho nas eleições ao senador Moro e à deputada por São Paulo, Rosângela.
No dia dois de outubro, poucos dias antes das eleições, o Paraná Portal publicou um artigo de opinião com o título “Âncora de um Naufrágio”, referindo-se ao baixo desempenho da candidata a vice do candidato à Prefeitura de Curitiba, Ney Leprevost, a esposa do senador Sergio Moro, deputada Rosângela Moro.
Em entrevista nesta quarta-feira à Folha de São Paulo, Leprevost creditou e responsabilizou seu baixo desempenho nas eleições justamente ao senador Moro e à deputada Rosângela. A dupla terminou a corrida ao Palácio 29 de Março em 4º lugar, com pouco mais de 6% dos votos válidos e sem empolgar o eleitorado curitibano.
Ofendido com as declarações, Moro usou as redes sociais para dizer que o candidato Ney Leprevost não conseguiu nem eleger o irmão vereador de Curitiba e que agora quer encontrar um culpado.
Confira o desabafo de Ney Leprevost:
Em resposta aos ataques rasteiros e injustificados proferidos contra mim, e sem o menor cabimento também a familiar meu, pelo senhor Sergio Moro, tenho a declarar, após buscar informações com diversas fontes jornalísticas e rememorar fatos, conclui que:
- Este senhor é um traidor contumaz.
- Traiu a magistratura utilizando-se dela para se promover pessoalmente com objetivo de conquistar cargo político.
- Traiu as Leis que jurou cumprir ao realizar tortura psicológica em réus e escutas telefônicas de legalidade questionável.
- Traiu as milhares de pessoas que saíram às ruas para apoiar a operação Lava Jato, abandonando sua função de juiz para ser ministro.
- Traiu o presidente Jair Bolsonaro ao ser expurgado do ministério atacando aquele que confiou nele nomeando-o para uma das pastas mais importantes da nação.
- Traiu o partido Podemos que o sustentou financeiramente.
- Traiu o povo do Paraná ao tentar ser candidato a senador pelo estado de São Paulo, onde foi rejeitado pelo Tribunal Eleitoral.
- Traiu seu padrinho político, o senador Álvaro Dias, lançando- se candidato de última hora contra ele.
- Traiu seus eleitores de direita votando no ministro Flávio Dino para o STF.
- Traiu sua querida esposa colocando- a, através da direção nacional do partido, como candidata a vice na minha chapa e abandonando a campanha dez dias antes da eleição por não ter sido satisfeita a sua vaidade de aparecer diversas vezes no programa eleitoral de televisão.
- Traiu o partido União Brasil, utilizando na última semana de campanha 230 mil reais do fundo eleitoral nas redes sociais da sua esposa para mera promoção pessoal da mesma sem sequer pedir votos para o 44.
Me traiu ao plantar ao longo da campanha diversas notas na imprensa nacional com objetivo de desestabilizar minha candidatura. - Traiu a pátria ao fazer um “acordão” através dos senadores Rodrigo Pacheco e Davi Alcolumbre.
Senador Sérgio Moro, não me meça pela sua régua. Minha vida pública é pautada por coerência e respeito a todas as pessoas.
Se o senhor fosse amado pelo povo de Curitiba como afirma, não precisaria andar rodeado de seguranças pagos pelo povo brasileiro até para ir à feira.
De herói nacional que até eu admirei, o senhor apequenou – se e se transformou em um mero “lacrador” de redes sociais.
Me esqueça e vá se defender na justiça. Pois quem é réu em processo criminal é o senhor, não eu.
Peço desculpas ao povo de Curitiba por ter aceitado a imposição nacional do partido de ter a sua esposa como vice, não por ela que ainda hoje tenho como boa pessoa, mas pelo senhor que é um oportunista visto pela esquerda como carrasco do Lula e pela direita como traidor do Bolsonaro.
A toda boa gente do Paraná, meu muito obrigado pela milhares de manifestações de solidariedade no dia de hoje. Tenham a certeza absoluta que minha vida pública vai continuar pautada na defesa da liberdade e nos princípios éticos e humanistas que meu detrator chama de “velhos”. No Paraná, a traição política campeia.
Sergio Moro quer o Governo do Paraná e Rosângela, deputada por São Paulo, Curitiba; ousadia de jovens atores da política
Por Pedro Ribeiro, em 31 de julho de 2024
A traição política no Brasil é recorrente e não foge a uma realidade histórica mundial. No Paraná, no entanto, esse jogo sujo não floresce, seja em terreno fértil ou em áreas pantanosas. As consequências dessa prática são sérias, intolerantes , e podem deixar cicatrizes profundas de seus atores junto à sociedade, pois traem a confiança de seus eleitores e aliados.
O Paraná está observando de perto manobras de um pequeno grupo de principiantes na política. São, como dizem as lideranças políticas tradicionais do Estado, aprendizes de feiticeiros: entre os chamados manipuladores, estariam o senador Sergio Moro, a deputada federal Rosângela Moro, e o deputado cassado, Deltan Dallagnol.
O preço da traição será alto, apostam interlocutores do Palácio Iguaçu.
Para um experiente advogado que atua em campanhas políticas, a ousadia de Sergio Moro, que traiu Bolsonaro no Ministério da Justiça, o partido Podemos, ao trocá-lo pelo União Brasil, e o povo paranaense, quando votou por Dino Flávio para o Supremo Tribunal Federal (STF), é um exemplo claro de um político não confiável.
Sua esposa, a deputada federal Rosângela Moro é ainda mais imprudente quando troca a confiança de 200 mil eleitores paulistas, que a elegeram deputada federal, para ser candidata a vice-prefeita de Curitiba em chapa única com o candidato Ney Leprevost, observa o advogado. Ou seja, “como ela representará São Paulo, no Congresso Nacional e Curitiba, na prefeitura?”, pergunta o advogado com experiência em política partidária.
Por traz dessa manobra, avalia o jurista, está a ganância pelo poder. Com Rosângela na Prefeitura, numa eventual vitória de Leprevost, Moro pavimentaria seu caminho para o Palácio Iguaçu, se transformando em, literalmente, o “dono do Paraná”. A família se ajustando em cada quadrado estratégico com a perspectiva de trazer o parceiro da Lava Jato, Deltan Dallagnol, de volta ao convívio familiar.
Como a traição política é histórica e até faz parte do jogo, quem aposta que Deltan não trairia Ratinho Junior e Eduardo Pimentel para apoiar Rosângela Moro? É outra pergunta que se faz. Se a estratégia da família Moro lograr êxito na capital, o senador teria dois anos difíceis pela frente ao ter que enfrentar a trincheira da resistência de Ratinho Junior, no Palácio Iguaçu, do próprio Rafael Greca, na Prefeitura de Curitiba e do possível presidente da Assembleia Legislativa, Alexandre Curi, se quiser chegar ao Governo do Estado.
Ulysses Guimarães, um dos políticos mais influentes da abertura política e do processo de redemocrático brasileiro, definiu a traição como o rompimento com os princípios básicos de lealdade que deveriam guiar a atuação dos políticos. Para ele, a traição política corroía a confiança pública no sistema político. “A política adora a traição, mas despreza o traidor”, pontuava o líder.