Demonização dos candidatos à Prefeitura de Curitiba
Ambos subiram a temperatura e o tom dos debates. Uma discussão em busca da verdade única, bem ao estilo do ex-presidente Jair Bolsonaro
“O Brasil está cansado do radicalismo que mata a política e abre as portas para os aventureiros”. Esta observação, do professor Carlos Alberto Di Franco, nos remete ao que está acontecendo, hoje, em Curitiba, onde os candidatos da direita, Eduardo Pimentel e Cristina Graeml, disputam a Prefeitura de Curitiba. Nos debates, programados por emissoras de televisão, onde os postulantes têm a oportunidade de apresentar suas propostas, o que assistimos é troca de ofensas. Isto, entre direita e direita.
Pimentel, um jovem que vem se dedicando à Prefeitura de Curitiba há oito anos, teve que rever sua postura de “bom menino” para se defender do radicalismo bruto de sua opositora que caiu de paraquedas embalada pela bolha bolsonarista. Ambos subiram a temperatura e o tom dos debates. Uma discussão em busca da verdade única, bem ao estilo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Os marketeiros das campanhas chegaram à conclusão que, neste caso, só o embate resolve.
Di Franco nos lembra que “a maioria dos brasileiros, mesmo os que foram seduzidos pelas lantejoulas do marketing político, não está disposta a renunciar aos valores que compõem a essência da nossa tradição: a paixão pela liberdade e a prática da tolerância. É preciso investir na convivência pacífica e plural”.
Segundo ele, a radicalização ideológica, de direita ou de esquerda, não tem a cara do Brasil. Tenta-se dividir o País ao meio. Jogar pobres contra ricos, negros contra brancos, homos contra héteros. Querem substituir o Brasil da alegria pelo país do ódio e da divisão. Tentam arrancar com o fórceps da intolerância o espírito aberto dos brasileiros. Procuram extirpar o DNA, a alma de um povo bom, aberto e multicolorido. Não querem o Brasil café com leite. A miscigenação, riqueza maior da nossa cultura, evapora nos rarefeitos laboratórios do fanatismo ideológico.
Espero que, assim que terminar esta eleição, vencedor ou derrotado, passem a pensar na cidade e no país sem dogmatismo, sem ranço, ódio e radicalismo, para o bem da população.