Banco Central torrou milhões para produzir nota encalhada
Fazer previsões e estabelecer cenários futuros, talvez não seja o forte do Banco Central, mas ainda assim ele continua torrando dinheiro do País com a abusiva taxa básica de juros
Se as previsões decorrentes de análises conjunturais da Economia do País pelo Banco Central forem semelhantes às de outros assuntos anteriores, pelo menos talvez ele consiga deixar de ser refém e prisioneiro de suas excelências do seleto grupo de economistas que se julgam acima do bem e do mal, como parece o caso. Se há hoje alguma unanimidade em relação a eles, é a crítica e o protesto diante da abusiva política de taxa básica de juros, a chamada taxa Selic, a que submetem o País causando, a esta altura, prejuízos maiores em sua dívida pública, com remuneração de juros em taxa real superior a 7%.
A tendência prevalente em se desenhar o caos para a Economia, à pretexto de tentar conter e controlar a inflação, ainda que a maioria dos indicadores mostre o contrário e a economia em bom desempenho, parece não refluir nem mesmo diante do País próximo a ser recomendado a investimentos pela agência Moody”s de classificação de riscos. Nem assim há previsão ou sinalização de redução da taxa básica de juros.
O País é o segundo maior, atrás apenas de Rússia que é a líder em taxa real de juros mais elevada do planeta. O Brasil faz feio mesmo diante da combalida Argentina com sua economia em frangalhos e inflação indomável e que, apesar de tudo, paga a menor taxa de juros reais no mundo em ranking de 40 outros países.
Evidente ser indevido comparar questões excludentes, díspares e de graus distintos de complexidade, no caso o do cenário da taxa básica de juros, com outras afetas também à decisões do Banco Central. Mas, se na essência, a comparação for estabelecida diante de alguma amostragem para medir e dimensionar a capacidade e a qualidade em suas análises, com previsões e perspectivas delas resultantes, não há o que desconsiderar.
O Banco Central já deu provas de marcar gol contra e de enfiar por debaixo do tapete fiascos que comete por causa de eventuais, estrondosos e prejudiciais equívocos. Exemplo?? Alguém ainda houve falar ou carregar em sua carteira alguma nota de 200 reais lançada no início de setembro de 2020, na época da pandemia, à pretexto de facilitar a circulação de papel moeda??? Mesmo diante de todo o exponencial crescimento que a cada ano se demonstra em utilização de meios digitais de pagamento, por cartões, internet, ou mesmo via celulares, etc., com quase ninguém mais utilizando papel moeda em seu dia-a-dia, sejam consumidores ou comerciantes, ainda assim o Banco Central, com toda sua capacidade analítica e de desenhar cenários futuros lança a cédula de 200 reais, que hoje já nem mais é produzida. Banco Central torrou 146 milhões de reais na época para fazer o lançamento de cédula de 200, com impressão de 450 milhões de unidades, hoje quase em toda sua totalidade encalhada em depósitos cofres do Banco Central, por absoluta rejeição de consumidores e de comerciantes ao seu uso.
O resultado é que a nota deixou de ser produzida, tem baixa circulação, e o grande mico, que não era difícil de ser previsto, é assunto que hoje ninguém comenta. E, a propósito, o Banco Central da nota furada de 200 reais e o da criminosa taxa atual básica e juros que mantém fixada, via Conselho Monetário Nacional, é o mesmo da atual diretoria, com toda sua fleuma. Com toda sua pompa e circunstância. Ou, apesar delas!!
Alceo Rizzi é jornalista, publicitário e escritor