Coluna Alceo Rizzi
A maldição do WatZap
Foto: Pixabay

A maldição do WatZap

” Virou mania, um serve para tudo, de conspiratas a segredos de alcova”

Alceo Rizzi - quarta-feira, 18 de setembro de 2024 - 11:40

Se há uma outra praga que parece que viceja feito pandemia, em paralelo à verdadeira revolução que  a era cibernética tem causado na comunicação, é essa mania que já se torna doentia de as pessoas substituírem uma necessária ou boa conversa por telefone por esse expediente do emprego do tal do  watzap. Ele parece que serve para tudo, até mesmo para tratar de assuntos de toda ordem, desde a tramas e financiamentos de conspiração à infidelidade de alcovas, delicados ou de negociação qualquer, parece até que as pessoas já criaram certa assombrosa dependência em ficar catando milho e acionando letrinha miúdas dos teclados dos smartphones, ou qualquer aparelho que se assemelha.

Uma verdadeira tortura para quem pensava que watzap só seria utilizado para mensagens rápidas e telegráficas, até mesmo para ganhar tempo, por ser gratuito e poupar impulsos contabilizados pelas operadoras. Que, aliás, parecem cobrar o que querem, vender o que não entregam e de  investir na ampliação da infraestrutura e na qualidade dos serviços quando bem entendem  às favas agências reguladoras de serviços. 

Agora, o watzap virou uma verdadeira febre na melhor definição para não adjetiva-lo como sarna. Não ele propriamente, mas seu uso inadequado, isso quando se trata de tratar de mensagens ou comunicação rápida. Sarna dos usuários. Se for para considerar então a montoeira de entulhos e de porcarias de toda ordem, de anedotas de mau gosto, charges, filmetes  e de todo o lixo cultural  adicional ao que se possa imaginar, a situação é de verdadeira calamidade pública. E o pior é que tem gente que se ofende quando alguém reclama e pede para que deixem de enviar mensagens de cultura inútil pelo watzap. Ou mesmo quando alguém ignora o recebimento ou já apaga sem ver ou ler o conteúdo..” Você não curte minhas mensagens! Já sei, você quer exclusão de minha agenda”, ainda reclamam agressivos. Parece luta inglória! E, quanto mais você insiste em pretender falar com alguém por telefone, ainda que rapidamente, em função da aversão compreensivelmente adquirida de usar o watzap, vem a mensagem extensa feito lauda do outro lado dizendo que está com a agenda corrida e não vai poder falar ao telefone. Gasta mais tempo digitando do que fazer ou atender uma simples e rápida ligação. 

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Para estas novas geração que já nasceram ouvindo, ainda nas barrigas das mães,  os o bips dos celulares dos pais, pode ser coisa fácil e natural apelar pela watzap, já estão acostumadas à solidão das amizades digitais, não deve fazer muita diferença. Chega a ser tortura  aos mais velhos. Um calvário que se acentua ainda mais com outra praga que caminha paralela ao watzap e dele se torna espécie de alter ego. É  o traiçoeiro e aloprado corretor de texto dos smartphones que, invariavelmente, altera o sentido ou conteúdo de qualquer mensagem, para constrangimento ou quando não o vexame de algum desavisado que não relê o que envia. Quem não rele o que escreve pode estar as vezes cometendo involuntariamente as maiores e mais imperdoáveis ofensas. Só vai se dar conta quando já for tarde, ou receber alguns sopapos.

Alceo Rizzi é jornalista, publicitário e escritor

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