A caricatura patética da tragédia venezuelana
Nicolás Maduro afunda cada vez mais o país com a maior reserva de petróleo do mundo
E o autocrata bufão, reeleito fraudulentamente presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, decide agora incorporar o espírito de Constantino, o Imperador Romano do Oriente e resolve mudar a data do Natal para o dia 1° de outubro, ao contrário do tradicional 25 de dezembro. Não é a primeira vez que o faz, na tentativa de criar clima de paz e confraternização no País enquanto manda para a cadeia milhares de opositores e tenta colocar no xadrez o adversário que teria vencido a eleição presidencial fraudada por ele. Nem Constantino, com todo o poder de seu império, talvez fosse capaz de ter coragem para semelhante e patética caricatura. Ainda que a data em que normalmente se comemora o Natal, tenha sido instituída por ele como reverência ao período solar, adotada com o tempo pelo cristianismo como dia de nascimento de Jesus. Ainda que 25 de dezembro tivesse apenas esse propósito por Constantino, não deixa de ser um paradoxo no caso do tiranete rufião venezuelano, vivendo seus momentos de eclipse de luz, derradeiro e duradouro. Até que Venezuela saia de seus anos sombrios, menos caricatos, sem passar mais vergonha alheia.
A essa altura, para efeitos apenas de se estabelecer paralelo entre o jugo impiedoso e de miserabilidade imposta ao País pelo tiranete, seria e se questionar se restrições comerciais e de outras naturezas, inclusive financeira, além das já estabelecidas pelos embargos dos EUA, em sua perversidade, agravariam a situação do povo, caso demais países adotassem o mesmo caminho. Em represália à reeleição fraudulenta e à caça aos opositores políticos que continuam sendo presos. Venezuela de longe hoje expressa falsamente o que poderia ter sido a pretensão do antecessor ao bufão que comanda o País, o de um regime democrático e de fato socialista e humanitário, se é possível acreditar que alguma vez algum poder totalitário tenha seguido este caminho. É uma nação comandada por confrarias de delinquentes, um estado corrupto, com estamentos de poder, inclusive militar, envolvidos com o narcotráfico.
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É uma tragédia que abate a Venezuela, país que tem a maior reserva de petróleo do mundo, superior a da Arábia Saudita, a segunda, estimada em mais de 300 bilhões de barris, mas nunca desenvolveu infraestrutura nem condições para ter capacidade de refino. Produz petróleo pesado ou muito pesado, ou seja, não em estado líquido, mas em forma de quase pedra, denso, sólido, em blocos que necessitam de nafta ou de outros solventes para torna-lo líquido e poder até mesmo fazer seu transporte. Nafta e outros solventes que dependem de importação principalmente dos Estados Unidos e das companhias americanas, hoje sob regime de embargos impostos, sem poder fornecer mais nada ao país, nem processos de refino.
Em mais de 100 anos de dependência do petróleo para sustentar sua economia, Venezuela deixou de desenvolver, por exemplo, o que poderia ser um poderoso parque petroquímico, hoje um setor que não chega a fazer cócegas na formação do Produto Interno Bruto ( PIB ) do País, estimado para este ano em 102 bilhões de dólares, menos de ¼ do que já chegou a ter, antes dos embargos. O Brasil também produz em grande parte petróleo da mesma qualidade da Venezuela, exclusão do extraído na área de pré-sal mas, em comparação, desenvolveu em paralelo um parque petroquímico que hoje é o sexto maior do mundo, com faturamento estimado em 2021/2 em cerca de 120 bilhões e dólares, superior ao PIB venezuelano.
Frágil essa conversa de quem apoia regime deplorável de Maduro, ao qual o presidente Lula, em condescendência que poderia ter evitado, classificou como desagradável, sem chegar a considera-lo como uma ditadura que de fato é, de que é preciso defender o petróleo venezuelano do imperialismo. O País já é de certa forma dependente do refino em grande parte por companhia americana e espanhola, a PDVSA, a Petrobrás do país, não dá conta do recado. Utilizar argumentos de proselitismo o ideológico para defender um regime condenável e desprezível, a pretexto de lutar contra o imperialismo, e mais que um equívoco. É desserviço, pouco caso e perverso desprezo à condição humana!
Alceo Rizzi é jornalista, publicitário e escritor
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