O emocionante romance Ângela, Angelina, Angélica, de Jorge Bernardi
Quando Meninos Viram Homens”. Três jovens italianos acabam na Guerra do Contestado sem saber o por que?
O escritor Jorge Bernardi acaba de lançar mais um romance: “Ângela Angelina Angélica”. O autor faz, com base em fatos reais, faz uma narrativa sobre uma italiana que busca, no “novo mundo”, melhor qualidade de vida. A história é meio parecida com a de muitos imigrantes italianos que desembarcaram no Brasil ou fugindo da guerra ou da fome no início do século passado. Eu, também descendente de italianos, ao tentar saber sobre minhas raízes, acabei descobrindo que meu bisavô Giuseppe Ciccotosto nasceu em Vasto e teve seu nome mudado para José Tosti quando fez a imigração no Brasil. Meu avô foi registrado como Domênico Tosti e passou a ser Domingos Tosti. Confusão das grandes. Também li um interessante livro de um autor de Pato Branco que fez uma narrativa sobre uma família de imigrantes: “Quando Meninos Viram Homens”. Três jovens italianos acabam na Guerra do Contestado sem saber o por que.
Bernardi conta com emoção e paixão a história desta italiana, desde seu nascimento, na Itália à sua morte, no Rio Grande do Sul. Vale a leitura, principalmente para os descendentes italianos que buscam a cidadania.
Ângela Angelina Angélica, baseado em fatos reais e históricos, é um romance ambientado durante a imigração italiana no sul do Brasil. Narra a vida de Ângela, do nascimento a morte. Inicia com um de seus descendentes que quer descobrir a história esquecida da família. Ângela vai mudando de nome, e é conhecida por Angelina e Angélica ao longo da trama. O primeiro marido conhece durante a viagem de travessia do Oceano Atlântico. Casa-se aos 14 anos; com 31 encontra-se viúva e com 10 filhos.
De uma família de carbonários, Ângela também se torna uma carbonária, dirigindo a organização em Antônio Prado, no Rio Grande do Sul. Ela e seus companheiros se envolvem em lutas contra os governantes da República Velha, e os desmandos daquele período. Na Serra Gaúcha, a personagem, após conhecer um monge, torna-se benzedeira e curandeira. Passa a atender a vizinhança com ervas medicinais. Aprende, com um anarquista italiano a arte da radiestesia e se torna uma descobridora de poços de água.
Com o povo cigano, Ângela apende a jogar o tarô, que usa para obter respostas sobre situações difíceis. Torna-se, ao longo dos anos, muito procurada pelos moradores das colônias de imigrantes, para curar os males do corpo e da alma. Migra, com a família para o Vale do Rio do Peixe, em Santa Catarina, antiga região do Contestado. Lá experimenta a viuvez pela segunda vez, consequência de uma briga de família, que tem sua origem na Itália.
Ângela perde um filho na Guerra do Contestado e um neto na Segunda Guerra Mundial. Seus filhos e enteados participam das revoluções gaúchas de 1923 e 1930, ao lado das forças progressistas, mantendo a tradição carbonária da família. Um de seus filhos desaparece, por anos, após uma revolução, mas retorna, anos mais tarde, e relata a experiência que teve como soldado na Coluna Prestes.
Casa-se, no início da velhice e, anos depois, fica viúva pela terceira vez. Sua fama de benzedeira chega ao ápice, quando recebe o apelido de Angélica. Pessoas de muitos lugares a procuram para tratar de suas doenças. Seus descendentes, no oeste de Santa Catarina, contribuem para o desenvolvimento da região, desbravando áreas selvagens, fundando empresas e cidades. A história em Ângela, Angelina Angélica emociona, pois reflete, por meio dos personagens, as lutas heroicas dos imigrantes italianos, para colonizar cidades e serras brasileiras.
O seu descendente descobre o local onde Ângela está enterrada e a sua história de vida. Ele chega a uma conclusão surpreendente, que ele procura intimamente negar.