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Entenda porque as chuvas são tão irregulares na Grande Curitiba
Foto: Gilson Abreu/AEN

Entenda porque as chuvas são tão irregulares na Grande Curitiba

O meteorologista do Simepar Fernando Gomes explica o fenômeno

paranaportal - quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025 - 15:34

Todo morador da Grande Curitiba já está acostumado com chuvas irregulares em qualquer estação do ano, mas é inegável que no verão elas se tornam ainda mais comuns na região. Assim, enquanto tem gente enfrentando um pé-d’água de um lado, do outro estão usando óculos de sol. E não é preciso uma grande distância entre os locais para isso acontecer.

Dados do Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar), por exemplo, mostram que a estação meteorológica que fica no Jardim das Américas, na capital, registrou 302,4 mm de chuva no acumulado do mês de janeiro de 2025, enquanto a estação que fica no município de Pinhais registrou 221,2 mm no mesmo período. As duas estão localizadas a apenas cerca de 12 km uma da outra.

Mas o que explica isso? 

De acordo com o meteorologista Fernando Gomes, são três os ingredientes para a formação de nuvens e chuva: umidade, instabilidade atmosférica e mecanismos de elevação do ar. Entretanto, fatores como relevo, vegetação e urbanização influenciam a combinação dessas variáveis, tornando algumas áreas mais propícias à ocorrência de precipitação.

“Por exemplo, quando o ar quente e úmido encontra uma montanha, ele é forçado a subir. À medida que ganha altitude, o ar se resfria e a umidade condensa, formando nuvens e precipitação”, explica Gomes.

Segundo ele, esse processo ocorre no barlavento, o lado da montanha voltado para o vento. Já no sotavento, o ar desce após perder umidade e aquece, inibindo a formação de nuvens e precipitação, o que pode criar regiões mais secas. “Assim, é possível encontrar áreas com elevados volumes de chuva e outras muito mais secas separadas por alguns quilômetros dentro de uma mesma mesorregião”, acrescenta.

Nas áreas urbanizadas, outros fatores também influenciam a formação de nuvens de chuva, como a alta concentração de concreto, asfalto e veículos. Tudo isso ajuda a aquecer o ambiente criando um fenômeno conhecido como “ilha de calor urbana”. “Esse calor extra aquece o ar mais rapidamente, favorecendo sua ascensão. Quando essa elevação ocorre em uma atmosfera úmida e instável, forma-se um ambiente propício para o desenvolvimento de nuvens convectivas e chuvas localizadas naquela região”, conta Gomes. 

Ainda de acordo com o meteorologista, regiões com bastante vegetação têm mais umidade devido à liberação de vapor d’água, pelo solo e as plantas, na atmosfera. Juntando isso com instabilidade e mecanismos de levantamento, aumenta o favorecimento de formação de chuva nessas áreas em comparação com as regiões mais urbanizadas.

Outro fator que também influencia na distribuição irregular de chuva são os ventos que, em diferentes altitudes, impactam diretamente na duração, no deslocamento e na intensidade das tempestades. “Dependendo desses fatores, uma nuvem de chuva pode precipitar apenas sobre uma parte de um município e dissipar-se antes de atingir outras áreas próximas, influenciando a distribuição espacial da precipitação”, ressalta Gomes.

*Com AEN

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