Cidades
Pesquisa irá desvendar perfil genético e epidemiológico dos paranaenses
Foto: IPECGuarapuava

Pesquisa irá desvendar perfil genético e epidemiológico dos paranaenses

O estudo vai permitir o avanço em diagnósticos precoces com impacto direto na prevenção e tratamento de doenças como câncer, obesidade e diabetes

paranaportal - segunda-feira, 27 de janeiro de 2025 - 13:03
Semana do Consumidor

A pesquisa Genomas Paraná já coletou 3 mil amostras biológicas em Guarapuava, no Centro-Sul, onde a fase-piloto do estudo é realizada, e analisou 280 delas utilizando tecnologia de ponta. O objetivo principal é entender o perfil genético e epidemiológico do paranaense

Essa investigação irá permitir o avanço em diagnósticos precoces com impacto direto na prevenção e tratamento de doenças como câncer, obesidade e diabetes.

“Muito se fala em medicina de precisão, para buscar o melhor tratamento e personalizar as condutas médicas, mas sem dados isso não tem como acontece. A pesquisa gera dados que poderão ser trabalhados por muitos anos”, salienta o coordenador do projeto, o professor David Livingstone Figueiredo.

Como são coletadas as amostras para o projeto Genomas Paraná

Para desvendar o perfil genético dos paranaenses, a primeira etapa do Genomas Paraná conta com duas formas de recrutamento: 

  • amostragem aleatória, com visitas de pesquisadores às casas sorteadas;
  • amostragem por conveniência, em que voluntários se inscrevem pelo site do Instituto para Pesquisa do Câncer (IPEC) de Guarapuava. 

O objetivo é atingir 4.500 participantes, sendo 2.000 em cada modalidade e mais 500 idosos cognitivamente saudáveis com mais de 80 anos.

Os participantes, além de responderem a um questionário epidemiológico com mais de 300 perguntas, doam amostras de sangue, saliva e fezes, uma vez que há cada vez mais doenças associadas à microbiota do intestino. 

Essas amostras são enviadas ao IPEC Guarapuava (Instituto de Pesquisa do Câncer), onde são extraídas moléculas como DNA e RNA e realizadas análises genéticas utilizando equipamentos de última geração, como sequenciadores com capacidade de processar 96 amostras simultaneamente.

“Os dados que estamos gerando servirão como base para diagnósticos mais precisos e o desenvolvimento de políticas públicas voltadas à saúde da nossa população. Além disso, o projeto prepara o Paraná para liderar avanços na medicina de precisão, que também permite um olhar individualizado para o atendimento dos pacientes”, reforça Figueiredo.

Os resultados gerados são armazenados em nuvem. O trabalho como um todo, no entanto, deve acontecer pelos próximos 10 anos.

Em paralelo aos trabalhos de coleta e amostragem, em parceria com a Universidade de São Paulo (USP) o projeto vai criar um grande Banco de Dados, que integrará os dados da pesquisa com sistemas que cuidam de bancos de saneamento, clima, e outros para permitir a análise de diversas variáveis que podem influenciar na saúde da população. 

“A expertise que teremos com a análise de dados e recursos humanos que saibam ler esses dados é algo raro e que teremos no Estado”, explica Figueiredo.

Apoio estadual e federal

Lançado em 2023, os investimentos nos Genomas Paraná já ultrapassam os R$ 6 milhões. De acordo com Figueiredo, a pesquisa começou a tomar forma em 2021, quando o governo estadual criou o Vale do Genoma, um ecossistema de inovação em biotecnologia e saúde formado por mais de 20 instituições voltadas à área de pesquisa, entre elas as universidades estaduais do Centro-Oeste (Unicentro) e de Ponta Grossa (UEPG), além da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

“O apoio do governo nos permitiu adquirir equipamentos, materiais de laboratório que são caros, bolsas de pesquisadores e nos colocar em evidência na pesquisa genética do País”, explica Figueiredo, que trabalha na Unicentro.

O reconhecimento nacional do Genomas Paraná foi fortalecido em 2024, quando o Estado passou a integrar o Genoma SUS, iniciativa do Ministério da Saúde que busca criar um banco de dados genéticos de 21 mil brasileiros. A proposta de criação do projeto nacional surgiu diretamente de um simpósio organizado no Vale do Genoma em 2023. Integrando o projeto nacional, o projeto paranaense deve receber R$ 30 milhões de investimento nos próximos três anos.

Integram o Genoma SUS oito centros de pesquisa em seis estados, sendo dois do Paraná: em Guarapuava, com atividades desenvolvidas Unicentro, em parceria com o Instituto para Pesquisa do Câncer (Ipec), e em Curitiba, no Instituto Carlos Chagas (ICC) vinculado à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Com AEN

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