Geral
Tentativas de feminicídio disparam no Paraná; aumento de 214%
Foto: Freepik

Tentativas de feminicídio disparam no Paraná; aumento de 214%

Em 2024, foram realizados 142 registros desse tipo de crime contra 62 em 2023

paranaportal - quarta-feira, 15 de janeiro de 2025 - 11:45

Dados do Laboratório de Estudos de Feminicídios (LESFEM) da Universidade Estadual de Londrina (UEL) mostram que o número de tentativas de feminicídio aumentou 214% no Paraná. Em 2024, foram realizados 142 registros desse tipo de crime contra 62 em 2023. 

Silvana Mariano, coordenadora do laboratório, explica que crescimento pode estar ligado a dois fatores: ao aumento da violência contra a mulher em razões da condição do sexo feminino, em contextos de violência doméstica ou de gênero, e ao entendimento das autoridades em classificar esse tipo de crime.

“Nós ainda estamos no processo de retirar o feminicídio da invisibilidade. Muitos casos que aconteciam não eram classificados como feminicídio pelas autoridades”, pontuou a pesquisadora em entrevista à Band News. 

Mariano destacou ainda que apesar da mudança, existem muitos casos que não são registrados. “Ainda é preciso melhorar o registro de feminicídios tentados, é importante ter essa dimensão entre aquele que foi consumado e quando, a despeito da vontade do agressor, a vítima sobrevive”, completa. 

Já as mortes por feminicídios cresceram 7,5% no Paraná, 142 crimes foram registrados no ano passado. 

A pesquisa também mostra que as vítimas de feminicídio íntimo são a maioria, ou seja, quando ele decorre da violência doméstica, muitas vezes praticada em âmbito familiar, por alguém conhecido. Em seguida, aparece o feminicídio não íntimo, que acontece quando uma mulher é morta sem que exista qualquer relação afetiva ou familiar. 

“Nós costumamos falar que não existe um perfil porque qualquer mulher pode ser vítima de feminicídio já que a causa dessa forma de violência é um menosprezo à condição de mulher, mas existem grupos que estão mais vulneráveis, como mulheres dos grupos populares, mulheres negras, mulheres adultas com filhos e relações amorosas ainda em funcionamento ou rompidos são as principais vítimas”, afirma Mariano sobre o perfil das vítimas.  

A pesquisadora avalia que apesar do Brasil ter avançado ao tipificar esses crimes contra a mulher como feminicídios e não apenas como uma qualificadora do homicídio doloso, o país falha na prevenção e na restituição dos direitos das mulheres e famílias atingidas.

*Com informações de Mirian Villa, da BandNews Curitiba

Fique por dentro das notícias do Paraná: Assine, de forma gratuita, o canal de WhatsApp do Paraná Portal. Clique aqui.

Compartilhe