Geleia geral brasileira
“O ano termina com a mesma sensação que sempre se tem do que acontece em Brasília, em que as coisas são de fato muitas vezes além do que aparenta a realidade, ainda que alguns personagens ou protagonistas dela não se deem conta há muito, muito tempo”.
MAIS QUE FOGO AMIGO
Ministro da Defesa que vai ao presidente, como o fez José Múcio Monteiro, pede para deixar o cargo e ainda recomenda que seu sucessor deva ser alguém “com perfil paciente”, age como quem está reconhecendo publicamente ter perdido qualquer autoridade de comando sobre quem comanda as Forças. Deveria ter sido imediatamente exonerado, por fazer o pedido e torna-lo público, uma semana depois de levar comandantes das três forças, em um sábado, fora do expediente normal, ao Palácio do Alvorada, residência oficial do presidente, sob outro pretexto que não o do enquadramento delas na reforma fiscal pretendida pelo governo. Faz mais que fogo amigo! Já deveria ter ido para casa.
MOEDA DE TROCA
Não obstante o fato de ter se transformado em pária militar, ao lado de colegas de farda iguais ou menos graduados, esse general da reserva e golpista Braga Neto pode estar virando espécie de moeda de troca, ainda que involuntária, institucional ou dissimuladamente evitada. Na cruzada solitária e institucionalmente silenciosa de seu desterro, deixa espécie de sombra de contraponto e entendimento a evitar que a reforma fiscal do governo avance mais do que poderia,, havendo mudanças mais profundas, com o fim de benesses e jabotis das aposentadorias, pensões e prebendas dos militares das três Forças. Ainda que não pareça e se admita verossímil. Logo ele, que andou desancando cúpulas militares qualificadas como covardes por serem avessas a tentativa de golpe de Estado, parece estar sendo reconhecido também agora com uma certa adicional utilidade, assim como servem as ditas buchas de canhão.
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INACREDITÁVEL
Esse general, Mario Fernandes, por exemplo, preso por envolvimento mais agressivo na tentativa do golpe de Estado, é de assombrosa indigência mental. Além de limitações no domínio do léxico, consegue cognitivamente superar, pela incapacidade, o ex-presidente a quem serviu como assessor. A ponto de seu advogado agora tentar a anulação de sua prisão sob justificativa de que o plano de assassinato do presidente da República, do vice-presidente e de ministro do STF, de sua autoria, encontrado arquivado em seu computador, dentro do Palácio do Planalto, não ter sido impresso e repassado para quem quer que seja. É inacreditável imaginar como chegou ao oficialato do Exército, mesmo havendo o atenuante, por si só revelador, de ter sido requisitado para servir a quem serviu. E tendo seu chefe em linha direta o general de reserva, Brega Nato, não por acaso agora também enjaulado.
P.S. Melhor nem falar do ministro da Fazenda que ocupa cadeia de TV e Rádio para anunciar o que não seria aprovado no Pacote Fiscal.
Alceo Rizzi é jornalista, publicitário e escritor
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