‘Não estamos satisfeitos’, dizem moradores da Arthur Bernardes sobre novas propostas da Prefeitura
Nesta terça-feira (17), foi realizada uma audiência pública sobre a região
As decisões sobre os projetos que envolvem a Avenida Arthur Bernardes, em Curitiba, ainda parecem estar longe de acabar. Na última terça-feira (17), a Prefeitura se reuniu com o movimento S.O.S Arthur Bernardes, com vereadores e com moradores da região para uma nova audiência pública para discutir as obras.
A audiência “A obra do Novo Inter II e seu impacto na cidade de Curitiba” foi proposta pelos vereadores da capital, para esclarecer as questões ambientais e sociais do projeto. De acordo com a Prefeitura de Curitiba, 184 pessoas participaram da reunião.
O secretário Governo Municipal, Luiz Fernando Jamur, destacou que o projeto responde a “um desafio crucial para a mobilidade urbana de Curitiba: oferecer transporte coletivo de qualidade para que o morador opte por deixar o carro em casa, usando uma frota elétrica para redução da emissão de poluentes e melhoria da qualidade do ar e outros efeitos alinhados à sustentabilidade”.
Verônica Rodrigues, integrante do movimento S.O.S Arthur Bernardes e participante da mesa diretiva da audiência desta manhã, discorda das proposições da Prefeitura. “até agora não foi explicada a extrema necessidades dessas estações nessa região”. Uma das propostas da Prefeitura foi a substituição da construção de um miniterminal por duas novas estações-tubo.
Em publicação no Instagram, o movimento questionou a criação de um miniterminal no bairro Santa Quitéria.
Verônica destaca que já há duas estações-tubo na região e “não haveria necessidade de alterar o local para onde propuseram”. Ela enfatiza que se essa alteração pode ser feita, significa haver a possibilidade de alteração no projeto. “Temos estudado essas possibilidades com técnicos capacitados fora do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc)”, afirma.
Verônica afirma que as sugestões alternativas para a continuação das obras na Avenida Arthur Bernardes, propostas pela Prefeitura de Curitiba, não incluem a retirada da construção da terceira faixa para carros, que, segundo ela, deve reduzir 30% da área permeável do Parque Linear, presente na região. “Além do impacto ambiental para a construção dessa terceira faixa, que envolve também a sobrecarga de vazão de água para o córrego, existe um impacto social gigante. Pois é a construção dessa terceira faixa que irá prejudicar todo o comércio da região”, relata.
As obras da Arthur Bernardes têm causado indispôr entre a Prefeitura, os comerciantes e os moradores da região, principalmente, pelo alto número de cortes de árvores proposto pelo projeto. O Paraná Portal revelou, com exclusividade, que havia a previsão de 642 cortes até a conclusão das obras.
A supressão das árvores, termo usado pela Prefeitura, está entre os principais temas questionados pelos moradores da Av. Arthur Bernardes. Além disso, a audiência pública realizada nesta terça-feira debateu a implantação de faixas exclusivas e binários, a ampliação da estação-tubo Santa Quitéria no Eixo de Animação da Arthur Bernardes e os impactos sociais e ambientais do projeto.
A Prefeitura de Curitiba destacou que tem feito estudos para reduzir os impactos dos cortes de árvores no Eixo de Animação, mas que ainda não foram concluídos. Esse tópico se refere a um espaço exclusivo para o lazer, a convivência e a prática de esportes.
Nessa nova proposta se mantém a proposição de construir quadras de esporte em locais onde elas já são existentes, destaca Verônica. Além disso, a Prefeitura propõe um a construção de um espaço pet e de uma pista de skate, que, segundo a ativista, poderia ser construída em outras praças da região.
O movimento S.O.S Arthur Bernardes sugere outras alternativas para que o projeto cumpra o objetivo de melhorar o transporte público da região. Verônica reforça que a implantação de uma terceira faixa na região do Parque Linear é desnecessária, uma vez que já há duas áreas destinadas ao trânsito e a Prefeitura poderia dedicar uma delas para exclusividade ao transporte público em horários de pico. “Na maior parte do tempo, essas faixas ficam livres”, explica.
A ativista revela que o maior problema do trânsito da região está próximo ao Parque Barigui, ao redor da Fonte de Jerusalém, popularmente conhecida como a Rótula dos Anjos. Nesta região, a Avenida Arthur Bernardes se transforma na Rua General Mário Tourinho. Há três faixas para carro que frequentemente estão lotadas e uma exclusiva para ônibus, segundo ela, está sempre livre de trânsito.
“[A solução] não seria tarifa temporal ampla em todas as linhas aliada a um sistema inteligente de sincronização dos semáforos, uma solução mais efetiva para a mobilidade urbana? Mais ônibus circulando? Travessias elevadas para pedestres, tornando o trânsito menos agressivo, ampliação das ciclofaixas que estimulem o uso da bicicleta? Diminuir a tarifa?”, sugere.
“Não estamos satisfeitos [com as novas propostas da Prefeitura], pois nossa luta é, sobretudo, contra a redução do Parque para a construção de uma terceira faixa”, finaliza Verônica.
As obras do Novo Inter 2 incluem drenagem, calçamento, iluminação e paisagismo, execução de faixas exclusivas e preferenciais para o transporte coletivo e estruturas de apoio viário. Com um itinerário de 40 quilômetros, a linha passará por 28 bairros de Curitiba. De acordo com a Prefeitura, a cidade recebeu investimentos de U$ 106,7 milhões do Banco Interamericano Internacionais (BID) e contrapartidas de 27,1 milhões para execução do projeto.
O Paraná Portal procurou a Prefeitura de Curitiba para esclarecimentos sobre os temas listados e atualizará a matéria quando obtiver retorno.
*Com informações de Prefeitura de Curitiba e movimento S.OS Arthur Bernardes.
Matéria atualizada às 20h01 para alteração sobre a data da audiência pública — realizada na terça-feira (17).
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