Agronegócio
Inteligência Artificial e os seres humanos na agropecuária

Inteligência Artificial e os seres humanos na agropecuária

“O futuro do agronegócio não está nos robôs, está nas pessoas”, resume Igreja, em palestra proferida no encerramento do Encontro Estadual de Líderes Rurais, promovido pelo Sistema FAEP.

Pedro Ribeiro - sexta-feira, 13 de dezembro de 2024 - 10:43

Autor do best-seller “Conveniência é o nome do negócio”, o especialista-referência em transformação digital, Arthur Igreja, é taxativo: estamos no epicentro de uma revolução. Depois da popularização da internet e dos smartphones, o conceito de Inteligência Artificial (IA) vem modificando de forma radical o mundo tal qual conhecemos, das relações sociais aos fazeres profissionais. Mas, na avaliação dele, não é a tecnologia quem será o fio condutor das inovações, mas os seres humanos – principalmente para o setor agropecuário.

“O futuro do agronegócio não está nos robôs, está nas pessoas”, resume Igreja, em palestra proferida no encerramento do Encontro Estadual de Líderes Rurais, promovido pelo Sistema FAEP.

O especialista começou sua apresentação evidenciando que os desafios de conexão do passado foram superados. Com o surgimento de soluções tecnológicas – como as antenas da Starlink, por exemplo – praticamente todo o globo está conectado. Tudo isso tem gerado uma série de impactos nas mais diversas atividades, inclusive no campo.

Igreja, no entanto, faz questão de tirar o véu de romantismo que costuma envolver o tema. Na avaliação dele, “nem sempre o auge é a tecnologia”. Ele mencionou o exemplo do Apple Vision Pro, um dispositivo de realidade aumentada lançado em fevereiro de 2024 pela Apple. Além de fazer entrevistas com uma centena de usuários, Igreja também testou o aparelho. Constatou que, tecnologicamente, a ferramenta era incrível. Mas previu que o aparelho seria um fracasso – e ele estava certo.

“Não tinha chance de ser um fracasso. Era uma ferramenta incrível, mas qual o problema que ela resolve? Que resultado me entrega? É esse tipo de raciocínio que temos que ter em relação à tecnologia”, diz.

Em seguida, apontou que o campo tem sido “o celeiro da tecnologia” – ou seja, uma das atividades econômicas que mais tem se utilizado de tecnologias digitais e de dados gerados a partir dessas novas soluções. Ele enumerou que softwares de administração e de análise de dados já são uma tônica em propriedades rurais, ajudando os produtores a tomarem decisões.

“O campo se digitalizou e se profissionalizou. As fazendas vão gerar mais dados digitais que uma cidade. Nós ainda não temos carros voando, por exemplo, mas temos tratores autônomos”, diz Arthur Igreja.

Igreja também eu ênfase à Inteligência Artificial, destacando que “tem muita coisa boa, mas também uma série de exageros”. Ele mencionou um exemplo hipotético em que uma pessoa recorre ao ChatGPT para escrever um e-mail para uma pessoa, que, por sua vez, utiliza a mesma ferramenta para resumir a mensagem. Por fim, esse mesmo destinatário, também usa o ChatGPT para responder o e-mail.

“As pessoas estão se achando espertas, mas o que está acontecendo é que estamos brincando de telefone sem fio, com dois papagaios eletrônicos – o ChatGPT – de intermediário”, disse.

Apesar disso, Igreja não tem dúvidas de que a IA vai provocar uma nova revolução tecnológica. Ele cita o caso da indústria farmacêutica, que demora, em média, 11 anos para desenvolver uma nova molécula, por meio de pesquisas. Recentemente, no entanto, esse processo foi acelerado, a partir do uso de Inteligência Artificial. “Com IA, fizeram em 28 dias”, conta, entusiasmado.

Nesse contexto, Igreja defende que as maiores e melhores oportunidades se concentrarão no setor agropecuário. Na avaliação dele, esse movimento já está em curso. Se antes, os produtores rurais sonhavam que seus filhos se formassem e seguissem outras carreiras na cidade, agora está havendo uma trajetória reversa. Por isso, ele reforça que o foco são as pessoas.

“Agora, estamos vendo outra onda. As pessoas estão vindo para o agronegócio. As oportunidades estão dentro do agronegócio”, aponta. “A essência desse futuro não está na tecnologia. Passa por sucessão, pelas novas gerações e por líderes que entendem que as melhores oportunidades estão nas pessoas”, conclui. (Assessoria de Comunicação Faep).

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