Goleiro da Seleção Brasileira cobra Prefeitura de Curitiba por corte de árvores
Ex-Athletico, Bento criticou o corte de árvores na Victor Ferreira do Amaral para obras do Inter 2; o mesmo pode ocorrer na Arthur Bernardes.
O goleiro Bento, da Seleção Brasileira e do Al-Nassr, cobrou a Prefeitura de Curitiba pelo corte de árvores em obras que realiza na cidade. O jogador comentou, na noite desta terça-feira (12), uma publicação da administração municipal sobre intervenções na Avenida Arthur Bernardes, onde 642 árvores podem ser cortadas.
“E a limpa na Victor Ferreira…”, criticou Bento, se referindo ao corte de dezenas de árvores no corredor da Avenida Victor Ferreira do Amaral, no Tarumã, para obras do Novo Inter 2. Esse é o mesmo projeto que deve impactar o parque linear Arthur Bernardes.
Por meio de um vídeo postado na noite desta terça-feira (12) em seu Instagram, a Prefeitura de Curitiba classificou como “mentira” que o corredor verde da Arthur Bernardes será destruído. Apesar da afirmação, no material publicitário a administração pública confirma a necessidade da supressão – ou corte – de 160 árvores no trecho, para viabilizar a obra.
O vídeo viralizou e recebeu milhares de comentários em poucas horas, incluindo o do goleiro Bento – a maioria absoluta em contrariedade ao corte de árvores adultas e saudáveis na cidade. Até as 9h de hoje, mais de 354 mil pessoas assistiram a peça publicitária.
Ex-goleiro do Athletico, Bento morou por anos em Curitiba e acompanhou de perto o corte das árvores do corredor verde na Avenida Victor Ferreira do Amaral. Ele foi vendido pelo Furacão em julho deste ano ao Al-Nassr, da Arábia Saudita, na maior negociação de um goleiro pelo futebol brasileiro (18 milhões de euros, ou cerca de R$ 107 milhões.
Bento está concentrado com a Seleção Brasileira em Belém, no Paraná, para os confrontos contra Venezuela e Uruguai pelas Eliminatórias da Copa do Mundo.
Obras na Arthur Bernardes
A Prefeitura de Curitiba iniciou as obras na Avenida Presidente Arthur Bernardes na última quinta-feira (7), pela região do bairro Portão. No local, equipes realizam serviços de terraplanagem e nova pavimentação na via. O trânsito é confuso na região e deve permanecer assim pelos próximos meses.
Conforme a administração municipal, o projeto prevê a construção de um miniterminal, faixa exclusiva de ônibus e novos equipamentos de esporte e lazer, entre outras intervenções. Para isso, entretanto, centenas de árvores adultas e saudáveis serão cortadas: 160, pelo anúncio da prefeitura.
O Paraná Portal teve acesso à licença ambiental da obra, que mostra que o número de árvores suprimidas é bem maior. Conforme o documento, emitido pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente, para o IPPUC (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba) 642 árvores devem ser removidas durante a execução dos trabalhos na Arthur Bernardes, incluindo árvores nativas, como pinheiros.
De acordo com dados do censo arbóreo municipal, a área de abrangência das obras, entre os bairros Portão, Santa Quitéria, Vila Izabel e Seminário, conta com 1.233 árvores – ou seja, mais da metade delas será suprimida.
O parecer técnico da licença ambiental também estabelece compensações ambientais diante do corte das árvores, com reposição de mudas nativas. A prefeitura iniciou o plantio de 5 mil mudas na área de entorno da Arthur Bernardes.
Além do corte de árvores, para a viabilização do projeto também será necessário canalizar o Córrego Vila Izabel – uma passarela para pedestres será construída na área de preservação permanente, conforme a administração municipal.
As obras serão bancadas com recursos do BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento -, com contrapartidas da prefeitura. O cronograma das atividades prevê que as obras sejam concluídas até novembro de 2025.
O projeto de requalificação da Arthur Bernardes, considerado essencial para acelerar a passagem da linha de ônibus Inter 2, tem gerado revolta entre moradores e comerciantes do entorno da via, especialmente pelo alto impacto ambiental e social no parque linear.
Desde o início das obras, moradores e comerciantes da região se mobilizam e cobram diálogo e alternativas de menor impacto ambiental e social.
O grupo SOS Arthur Bernardes, formado por milhares moradores de Curitiba, reuniu mais de 13 mil assinaturas em um abaixo-assinado contra o corte de árvores no parque linear e a revisão do projeto. O documento foi protocolado pelos moradores na prefeitura. Eles defendem a interrupção da obra até que o projeto seja revisto.
Além da sociedade civil, os vereadores de Curitiba Giorgia Prates – Mandata Preta (PT), Marcos Vieira (PDT) e Indiara Barbosa (Novo) também cobraram explicações e maio diálogo da prefeitura sobre o impacto da mega obra, assim como a vereadora eleita, Laís Leão (PDT), e o deputado estadual Goura (PDT).
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