Agrinho, uma conexão educacional do campo e a cidade
Os temas premiados (foram três) abordaram o empreendedorismo, cadeia produtiva do milho e alimentação saudável
A premiação do Agrinho, destacado programa de responsabilidade social no campo e na cidade, lançado há 30 anos pelo Sistema Faep – Federação da Agricultura do Paraná, realizado nesta segunda-feira (4), em Curitiba, reuniu perto de três mil pessoas no Expotrade. Três iniciativas premiadas com um automóvel cada abordaram temas como empreendedorismo, cadeia produtiva do milho e alimentação saudável
Este programa está consolidado como um dos principais na área de responsabilidade social do Paraná e do Brasil, envolvendo milhões de estudantes e professores. Focado na educação e cidadania, o Agrinho prepara as gerações para enfrentar os desafios do mundo. Seu sucesso significativo fez com que o programa expandisse sua atuação para outros Estados, ampliando a formação de jovens mais conscientes, críticos e engajados.
“O Agrinho é um exemplo de como a educação pode transformar vidas e comunidades. O sucesso do programa no Paraná e sua expansão pelo país demonstram o poder de uma abordagem que alia cidadania, sustentabilidade e conhecimento, formando jovens mais conscientes e preparados para o futuro”, pontua o presidente interino do Sistema FAEP, Ágide Eduardo Meneguette.
A integração entre os meios rural e urbano foi o eixo central dos três projetos premiados na categoria Experiência Pedagógica da 29ª edição do Concurso Agrinho, realizado nesta segunda-feira (4) no Expotrade Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC). Os projetos desenvolvidos exploraram o tema “Agrinho: do campo à cidade, colhendo oportunidades” e cada professor foi contemplado com um automóvel zero quilômetro.
Essa categoria reconhece o trabalho desempenhado pelos docentes na formação de cidadãos mais conscientes e engajados, inspirando os alunos a adotarem atitudes sustentáveis. Além disso, ao valorizar as iniciativas pedagógicas, o programa estimula a inovação e a criatividade entre os educadores, contribuindo para a melhoria contínua da qualidade do ensino e para a criação de um ambiente escolar mais dinâmico e participativo.
O projeto que conquistou o primeiro lugar, desenvolvido pela professora Ana Paula Lazzeris Ghellere, da Escola Municipal Serafin Machado de Souza, em São Miguel do Iguaçu, abordou o conceito de empreendedorismo, destacando as relações entre o campo e a cidade, além das oportunidades de atuação em ambos os contextos. Esse é o segundo prêmio de Ana Paula, que já foi contemplada com um carro na mesma categoria em 2017, quando começou a trabalhar com o Agrinho.
“Ser premiada é uma sensação indescritível, pois mostra a valorização do professor. O Agrinho faz a gente acreditar na educação e que somos capazes de transformar. Esse prêmio é resultado de muito trabalho, dedicação e envolvimento de toda a comunidade, de muitos empreendedores do meu município que apoiaram essa ideia. Meus alunos aprenderam sobre sustentabilidade, preservação ambiental e sobre a importância de valorizar todas as profissões, seja no campo ou na cidade. Estou muito feliz”, afirmou.
A professora Juliete Gomes da Silva Póss, da Escola Municipal Caetano Vezozzo, em Cambará, também destacou a importância da integração entre os setores da economia nos meios rural e urbano, com foco na cadeia produtiva do milho, o que lhe garantiu a segunda colocação na categoria. Além disso, o trabalho promoveu reflexões sobre a sustentabilidade e a preservação do meio ambiente.
Filha de pais analfabetos e que eram trabalhadores rurais, Juliete apostou na educação e hoje é doutoranda em Ensino, na Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP). Ela já tinha participado do Agrinho nas categorias Desenho e Redação, mas foi seu primeiro trabalho inscrito na categoria Experiência Pedagógica. Seu marido e o filho, de dois anos, estavam presentes e se emocionaram com a conquista.
“A partir da curiosidade de um aluno, nós decidimos mergulhar na rota do milho, para conhecer desde o plantio até chegar ao mercado. Nesse caminho, abordamos várias questões”, explicou Juliete. “[A conquista] é a realização de um sonho. Dedico esse prêmio às famílias, aos meus alunos e àqueles que vivem pela educação”, destacou.
Em terceiro lugar, a professora Idana Cristina Menon, do Colégio Estadual do Campo Nossa Senhora de Fátima, no distrito de Guamirim, localizado em Irati, trabalhou a valorização do aluno do campo, ressaltando a importância dos trabalhadores rurais e exaltando a qualidade da produção local de alimentos.
“Eu já trabalhei em uma escola urbana, mas há 15 anos passei a atuar em uma instituição de ensino no campo. Na cidade, eu vivia ganhando chocolate e bala dos meus alunos, já no interior passei a receber como presente repolho, batata e outros alimentos não industrializados. O projeto nasceu dessa percepção, de que é preciso criar uma noção de que campo e cidade coexistem. Assim, promovemos um intercâmbio entre esses dois mundos com uma série de atividades. Ainda não estou acreditando que estou entre as vencedoras. Ganhar esse prêmio, para mim, foi o auge da valorização que já recebi como professora”, celebrou.
Confira abaixo um resumo de cada projeto
1º lugar – Ana Paula Lazzeris Ghellere
Escola Municipal Serafin Machado de Souza
São Miguel do Iguaçu
Projeto: “Escolhemos o hoje, para mudar o nosso amanhã. Empreendendo do campo à cidade”
Unindo o conhecimento do campo às inovações da cidade, a ideia central do projeto foi mostrar aos alunos do 3º ano do Ensino Fundamental I que empreendedores, tanto rurais quanto urbanos, são pessoas que buscam soluções criativas para os desafios do cotidiano e devem estar comprometidos com um futuro sustentável. A experiência reforçou virtudes como respeito, valorização do trabalho e do meio ambiente, destacando o impacto positivo de pequenas atitudes. As atividades incluíram jogos educativos, pesquisas, músicas, livros, palestras, entrevistas, estudos de campo, confecção de brinquedos com materiais recicláveis e apresentações à comunidade escolar.
2º lugar – Juliete Gomes da Silva Póss
Escola Municipal Caetano Vezozzo
Cambará
Projeto: “A rota do milho do campo à cidade: Cultivando conexões, colhendo oportunidades”
Realizado junto a alunos do 4º ano do Ensino Fundamental I, o projeto teve por objetivo integrar conhecimentos teóricos e práticos sobre a cadeia produtiva do milho, de forma interdisciplinar. A iniciativa surgiu a partir da curiosidade manifestada pelos estudantes em sala de aula. O projeto contemplou uma série de ações educativas, que envolveram visitas a plantações, agroindústrias, uma cooperativa e supermercados. Essas ações permitiram aos estudantes compreenderem as etapas da cadeia produtiva do milho, do cultivo e processamento à comercialização. Além disso, a iniciativa incluiu palestras e a criação de um site educativo, que compartilhou o conteúdo aprendido.
3º lugar – Idana Cristina Menon
Colégio Estadual do Campo Nossa Senhora de Fátima
Irati
Projeto: “Exuberâncias do campo, sabores do nosso chão”
A experiência foi desenvolvida com alunos do 7º ano, de uma escola do campo, no distrito de Guamirim, no Sudeste do Paraná. O mote do trabalho envolveu a relação entre o campo e a cidade, envolvendo, em especial, a alimentação saudável. A partir de diálogo, interação, pesquisa, palestra com profissional da área e toda a socialização em sala de aula, cada aluno destacou um produto cultivado em sua casa, bem como um prato produzido por sua família utilizando tal produto. Criou-se, ainda, uma revista e um folder, que foram enviados para uma escola da cidade de Irati. Houve interação, diálogo e novas experiências, compartilhados através de uma colheita e um lanche com sabores da roça.