Viajar nas rodovias paranaenses virou roleta russa
Quem pega a estrada no Paraná não sabe se vai voltar pra casa; dia sim, dia não, as rodovias são palco de verdadeiras tragédias, causadas pela irresponsabilidade de condutores.
Mais um trágico acidente registrado em rodovias do Paraná. Mais uma vez a irresponsabilidade de um condutor de caminhão pesado, que teria perdido os freios na descida da BR-376 em direção a Santa Catarina, acabou batendo em uma Van com 10 adolescentes. Nove perderam a vida. O Paraná Portal tem insistido com reportagens sobre o aumento do número de acidentes e mortes nas rodovias que cortam o Estado, principalmente nas BRs 277 – Curitiba a Paranaguá e 376 – Curitiba a Santa Catarina. Em todas as observações relatamos a falta de fiscalização nas estradas por parte da Polícia Federal. Viajar nestas rodovias virou uma roleta russa.
O número de mortes nas rodovias do Paraná aumentou 8% entre janeiro e setembro deste ano em comparação com o mesmo período de 2023. Dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF) mostram que 443 pessoas perderam suas vidas em acidentes, 32 a mais do que no ano passado.
O crescimento dos óbitos acompanhou os números de acidentes e de feridos, que aumentaram 5,7% e 6,5%, respectivamente, nos acidentes registrados.
De acordo com a PRF, os óbitos em colisões frontais aumentaram 14% e nos atropelamentos 7,4%, com um total de 204 mortes nos dois tipos de acidente. Apesar de não serem os mais frequentes, ocupando a sétima e a oitava posição no ranking de tipo de acidentes, são os dois que mais causam óbitos. Quase metade (46%) das mortes nas rodovias do Paraná ocorrem em colisões frontais e atropelamentos de pedestres.
Em setembro, um casal e um dos filhos, um menino de 9 anos, morreram em um acidente na BR-369, em Ubiratã, no oeste do Paraná. Na ocasião, o automóvel ocupado pelas vítimas fatais bateu de frente com outro carro que seguia na direção contrária.
O número de engavetamentos, acidentes que envolvem três ou mais veículos em colisão traseira, também cresceu no período. Acompanhando esta alta, seguem os óbitos nessas ocorrências, que saltaram 300% em comparação a 2023. Passando de 89 para 102 acidentes registrados, os engavetamentos elevaram o número de óbitos de 6 para 18.
No dia 30 de agosto, cinco pessoas da mesma família morreram após o carro em que estava ser completamente prensado entre dois caminhões em um engavetamento BR-116, em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba.
No dia 10 de setembro, um engavetamento entre uma carreta, dois caminhões, um deles carregado com uma carga de vidro, e três carros deixou quatro pessoas feridas na BR-277, em Campo Largo, também na Grande Curitiba. Menos de 48 horas depois, outro engavetamento, dessa vez envolvendo um ônibus lotado com passageiros deixou uma pessoa mortas e vários feridas no mesmo trecho da rodovia.
Em 10 de outubro, ao menos quatro carros e oito caminhões se envolveram no engavetamento na BR-277 em Balsa Nova, resultando em uma pessoa morta e sete feridas, seis delas em estado grave.
Mortes nas rodovias do Paraná são resultado de irresponsabilidade
A Polícia Rodoviária Federal destaca que os acidentes, atualmente são tecnicamente classificados como sinistros de trânsito. A mudança de termo ocorreu em razão de que acidente remete a algo que não poderia ser evitado, o que não é o caso do acontece nas rodovias.
As ocorrências de engavetamentos, por exemplo, costumam estar intimamente ligadas a redução de visibilidade da via, seja por neblina ou chuva, e o abuso de velocidade costuma dar início ao sinistro.
Vale-tudo nas rodovias da morte
O aumento de mortos em acidentes nas estradas paranaenses está diretamente conectado ao excesso de velocidade e imprudência no trânsito. De janeiro a setembro, o número de condutores flagrados em excesso de velocidade aumentou de 128.174 para 132.018. Os números de condutores flagrados realizando ultrapassagens proibidas, continuam em um patamar altíssimo, apesar de discreta diminuição. Os flagrantes de ultrapassagem equivalem a mais de 93 flagrantes por dia.
Ainda conforme a PRF, a conduta dos usuários das rodovias é o fator-chave para evitar ou, ao menos, para diminuir a gravidade dos acidentes.