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Paraná quer restaurar Canal do Varadouro para turismo náutico e Ministério Público trava
Foto/Mauro Rasmussen

Paraná quer restaurar Canal do Varadouro para turismo náutico e Ministério Público trava

A abertura do canal terá 30 metros de largura nos locais onde existe uma maior distância entre as margens e 20 metros de largura nos locais com menor distância entre as margens.

Pedro Ribeiro - sexta-feira, 18 de outubro de 2024 - 10:45

O Estado do Paraná sempre teve problemas com projetos de infraestrutura que possam vir a impactar o meio ambiente. Os mais recentes foram a engorda da praia de Matinhos, a Ponte de Guaratuba, nova rodovia entre a BR-277 e Pontal do Paraná, além da ligação entre Antonina e Alexandra, para tirar os caminhões que embarcam e desembarcam produtos no Porto Ponta do Félix, do centro de Morretes e Antonina. Agora, outro projeto que impulsionaria o turismo no litoral norte – Dragagem do Canal do Varadouro – que conecta Paranaguá (PR) a Cananéia (SP), também está travado nos órgãos ambientais.

O Ministério Público Federal (MPF) abriu inquérito civil público para investigar o projeto do Canal do Varadouro, que pretende criar uma rota turística marítima entre Cananeia, no sul de São Paulo, e Paranaguá, no Paraná. O inquérito civil sigiloso, instaurado em julho, apura possíveis prejuízos ambientais ligados ao Varadouro e o impacto nas comunidades tradicionais.

Os governos de São Paulo e Paraná garantem que não haverá dano ambiental e afirmam que todos os cuidados serão tomados. O ICMBio, órgão federal que cuida das unidades de conservação, indicou a impossibilidade de intervenções na área protegida, mas o Executivo paranaense recorreu.

O Governo do Estado contratou os estudos para explorar o potencial turístico da faixa litorânea, no Canal do Varadouro, que tem cerca de 6 quilômetros de extensão, passando pela Ilha das Peças e Ilha de Superagui. O Anteprojeto de Dragagem, de Sinalização Náutica e de Instalações de Apoio ao Turismo no Canal do Varadouro foi elaborado pela Universidade Livre do Meio Ambiente (Unilivre) a partir de um contrato celebrado com o Paraná Projetos, órgão vinculado à Secretaria de Estado do Planejamento.

A intenção do Governo do Estado é melhorar as condições de navegabilidade do canal para facilitar a vida das comunidades ribeirinhas e fomentar o turismo de base comunitária na região. Segundo o governador Ratinho Junior, a exploração da atividade náutica na região faz parte de um grande planejamento do Governo do Estado para o desenvolvimento dos diferentes segmentos turísticos do Paraná. “Quando assumimos o governo, iniciamos um planejamento para potencializar o turismo no Paraná, para ajudar na geração de empregos e no desenvolvimento do Estado”, afirmou o governador.

O Brasil ainda não explora todo o potencial que existe no segmento náutico, que movimenta não apenas os serviços nas regiões costeiras, como também toda a cadeia do setor, com a construção de marinas e a indústria de embarcações. “É por isso que esperamos concretizar esse grande projeto do Canal do Varadouro, que é uma espécie de BR do mar, ligando o litoral do Paraná ao de São Paulo”, observou o governador.

O Canal do Varadouro foi aberto nos anos 1950, mas sua utilização remonta a uma época anterior à chegada dos portugueses na América do Sul. A falta de manutenção faz com que as embarcações tenham dificuldade na navegação, o que limita o potencial turístico nessa região maravilhosa, dentro da Mata Atlântica. “Já protocolamos no Ibama o pedido de aval para fazer uma simples dragagem no local, que vai criar um grande corredor de desenvolvimento do turismo de natureza, fortalecendo o mundo náutico”, disse Ratinho Junior.

O projeto contempla a abertura do canal, que terá 30 metros de largura nos locais onde existe uma maior distância entre as margens e 20 metros de largura nos locais com menor distância entre as margens, e a dragagem até atingir profundidade de 2,4 metros. A proposta também contempla 160 sinais náuticos, basicamente compostos por boias.

Além da abertura e dragagem do Canal, o projeto envolve a construção de apoios náuticos com estruturas de madeira que incluem banheiros, conveniências, ambulatório e áreas de espera. Nas comunidades de Guapicu, Sebuí e Barbados, foram propostos trapiches e apoios náuticos menores. Por outro lado, nas comunidades de Superagui e Ilha das Peças, que recebem um maior número de turistas, a ideia é construir trapiches e apoios náuticos maiores para atender às necessidades específicas do turismo. Em Ararapira, foi projetado apenas um trapiche para melhorar o acesso à comunidade.

Segundo o Anuário da Marinha de 2021, o Paraná tem a terceira maior malha náutica do Brasil, com 95.168 embarcações, atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro. Considerando apenas embarcações turísticas, o Estado segue em terceiro lugar, com um total de 44.761 embarcações. Ou seja, praticamente a metade das embarcações registradas no Paraná têm como finalidade a prática do turismo náutico.

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