Coluna Alceo Rizzi
Banco Central torrou milhões para produzir nota encalhada
Imagem: Reprodução/BC

Banco Central torrou milhões para produzir nota encalhada

Fazer previsões e estabelecer cenários futuros, talvez não seja o forte do Banco Central, mas ainda assim ele continua torrando dinheiro do País com a abusiva taxa básica de juros

Alceo Rizzi - segunda-feira, 7 de outubro de 2024 - 11:39

Se as previsões decorrentes de análises conjunturais da Economia do País pelo Banco Central forem semelhantes às de outros assuntos anteriores, pelo menos talvez ele consiga deixar de ser refém e prisioneiro de suas excelências do seleto grupo de economistas que se julgam acima do bem e do mal, como parece o caso. Se há hoje alguma unanimidade em relação a eles, é a crítica e o protesto diante da abusiva política de taxa básica de juros, a chamada taxa Selic, a que submetem o País causando, a esta altura, prejuízos maiores em sua dívida pública, com remuneração de juros em taxa real superior a 7%.

A tendência prevalente em se desenhar o caos para a Economia, à pretexto de tentar conter e controlar a inflação, ainda que a maioria dos indicadores mostre o contrário e a economia em bom desempenho, parece não refluir nem mesmo diante do País próximo a ser recomendado a investimentos pela agência Moody”s de classificação de riscos. Nem assim há previsão ou sinalização de redução da taxa básica de juros.

O País é o segundo maior, atrás apenas de Rússia que é a líder em taxa real de juros mais elevada do planeta. O Brasil faz feio mesmo diante da combalida Argentina com  sua economia em frangalhos e inflação indomável e que, apesar de tudo, paga a menor taxa de juros reais no mundo em ranking de 40 outros países.

Evidente ser indevido comparar questões excludentes, díspares e de graus distintos de complexidade, no caso o do cenário da taxa  básica de juros, com outras afetas também à decisões do Banco Central. Mas, se na essência, a comparação for estabelecida diante de alguma amostragem para medir e dimensionar a capacidade e a qualidade em suas análises, com previsões e perspectivas delas resultantes, não há o que desconsiderar.

O Banco Central já deu provas de marcar gol contra e de enfiar por debaixo do tapete fiascos que comete por causa de eventuais,  estrondosos e prejudiciais equívocos.  Exemplo?? Alguém ainda houve falar ou carregar em sua carteira alguma nota de 200 reais lançada no início de setembro de 2020, na época da pandemia, à pretexto de facilitar a circulação de papel moeda??? Mesmo diante de todo o  exponencial crescimento que a cada ano se demonstra em utilização de meios digitais de pagamento, por cartões, internet, ou mesmo via celulares, etc., com quase ninguém mais utilizando papel moeda em seu dia-a-dia, sejam consumidores ou comerciantes, ainda assim o Banco Central, com toda sua capacidade analítica e de desenhar cenários futuros lança a cédula de 200 reais, que hoje já nem mais é produzida. Banco Central torrou 146 milhões de reais na época para fazer o lançamento de cédula de 200, com impressão de 450 milhões de unidades, hoje quase em toda sua totalidade encalhada em depósitos cofres do Banco Central, por absoluta rejeição de consumidores e de comerciantes ao seu uso.

O resultado é que a nota deixou de ser produzida, tem baixa circulação, e o grande mico, que não era difícil de ser previsto, é assunto que hoje ninguém comenta.  E, a propósito, o Banco Central da nota furada de 200 reais e o da criminosa taxa atual básica e juros que mantém fixada, via Conselho Monetário Nacional, é o mesmo da atual diretoria, com toda sua fleuma. Com toda sua pompa e circunstância. Ou, apesar delas!!

Alceo Rizzi é jornalista, publicitário e escritor

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