Em menos de 4 anos, cadeia cervejeira investe cerca de R$ 5 bilhões no Paraná
Os investimentos ocorreram principalmente na região dos Campos Gerais e, mais recentemente, na Região Metropolitana de Curitiba
De 2020 para cá, empresas da cadeia de produção de cerveja investiram cerca de R$ 5 bilhões no Paraná. O valor inclui a fabricação da bebida e outros insumos usados no processo, desde o malte até as garrafas.
Os dados foram divulgados pelo governo estadual. De acordo com Eduardo Bekin, diretor-presidente da Invest Paraná, agência de atração de investimentos vinculada à Secretaria de Estado da Indústria, Comércio e Serviços (Seic), os investimentos ocorreram principalmente na região dos Campos Gerais e, mais recentemente, na Região Metropolitana de Curitiba.
Bekin explica que os investimentos foram incentivados por meio de benefícios e incentivos fiscais. “Não só com as grandes cervejarias, mas com toda a cadeia que envolve também as microcervejarias, as empresas de embalagem e do próprio malte”, completa o diretor-presidente.
Vale destacar que o Paraná lidera a produção nacional de cevada e fomentando também a plantação de lúpulo, outro ingrediente utilizado na cerveja.
Segundo o Anuário da Cerveja, do Ministério da Agricultura e Pecuária, o Paraná chegou a 2023 com 171 estabelecimentos registrados para a produção de cerveja e chope, quarto maior número do Brasil. E pelos dados da Junta Comercial do Paraná, são 289 cervejarias registradas no estado, sendo que 96 foram abertas entre janeiro de 2020 e agosto de 2024, 13 delas nos primeiros oito meses deste ano.
A maioria das cooperativas Agrária, Frísia, Castrolanda, Capal, Bom Jesus e Coopagrícola, inaugurada em junho em Ponta Grossa, também se destaca com o maior planta para a produção do insumo na América Latina. O empreendimento recebeu R$ 1,6 bilhão de investimentos.
Ao mesmo tempo, a Cooperativa Agrária está investindo mais R$ 500 milhões em uma nova maltaria na Colônia Entre Rios, em Guarapuava, no centro-oeste do Paraná.
Cadeia cervejeira do Paraná: Heineken e grupo RFK
Entre os maiores investimentos da indústria cervejeira do Paraná está o da multinacional holandesa Heineken, instalada em Ponta Grossa. Em 2020, ela iniciou um projeto de expansão com aporte inicial de R$ 865 milhões, mas acabou investindo R$ 1,5 bilhão na unidade, o que fez sua capacidade produtiva mais do que dobrar.
A unidade é a que mais produz Heineken no Brasil, dentre as 14 fábricas distribuídas nas regiões sul, sudeste, norte e nordeste do país, e a que mais produz cerveja da marca no mundo. O Brasil é o maior mercado consumidor da marca no mundo.
Além da cerveja que leva o nome da empresa, são produzidas na unidade marcas como Amstel, Sol, Bavaria e Kaiser. A unidade é também a primeira do grupo a produzir Heineken retornável 330 ml, contribuindo para a cadeia retornável de vidro.
Em setembro, o grupo paranaense RFK, responsável por marcas como o Refriko e o energético Furioso, anunciou o investimento de R$ 300 milhões na implantação de uma fábrica de bebidas altamente tecnológica em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba.
A empresa, que tem um parque industrial em Cambé, no Norte do Paraná, prevê iniciar a produção na RMC no primeiro semestre de 2026, com a expectativa de envasar 1,2 bilhão de litros de bebidas por ano. A planta pretende iniciar a produção com duas marcas próprias de cerveja, a Bamboa e a Moema, deve incluir um terceiro rótulo e também outras bebidas de seu catálogo.
A Ambev, detentora de rótulos como Spaten, Corona, Stella Artois e Original, também está implantando uma fábrica de embalagens em Carambeí, com investimento de R$ 870 milhões. O grupo já tem planta para a produção cerveja em Ponta Grossa.
Microcervejarias
Além das grandes empresas do setor, o Paraná também tem um grande movimento de microcervejarias, que são aquelas que produzem até 5 milhões de litros por ano. Somente a Associação das Microcervejarias do Paraná (Procerva) conta com 56 estabelecimentos associados, a maior parte na região de Curitiba.
Um censo promovido pela associação em 2022 com 43 empresas mostrou que 76% tinham planta própria, metade delas contavam com um faturamento mensal de até R$ 100 mil e 42% empregavam até cinco pessoas. Além disso, 31% delas produziam até 5 mil litros da bebida por mês.
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O diretor de Marketing da Procerva, Mario Kleina, destaca que incentivos tributários são fundamentais para garantir a competitividade das microcervejarias no mercado. “A gente enxerga de maneira essencial a aproximação e o diálogo com o poder público. Conquistamos alguns ganhos significativos para as cervejarias em relação às regras tributárias, que flexibilizaram o cenário e nos tornou um pouco mais competitivos quando se comparado às grandes indústrias”, diz.
Ele destaca a versatilidade dos sabores de cerveja que são explorados na produção especial, com o uso de diferentes ingredientes. Segundo o Anuário da Cerveja, o Paraná contava, em 2023, com 4.400 produtos diferentes, uma média de 26 rótulos por estabelecimento.
*Com AEN
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