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“Eu gritava o nome dele e não achava ele”, conta irmão de brasileiro morto no Líbano 
Foto: Reprodução/TV Tarobá

“Eu gritava o nome dele e não achava ele”, conta irmão de brasileiro morto no Líbano 

O jovem de 16 anos sobreviveu, mas viu o pai e o irmão mortos

Caroline Signori Berticelli - sexta-feira, 27 de setembro de 2024 - 13:20

Os familiares do adolescente brasileiro morto junto com o pai no Líbano chegaram em Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná, por volta da meia-noite de sexta-feira (27). No aeroporto, Mohammad Abdallah, de 16 anos, irmão e filho das vítimas, contou emocionado sobre o momento em que eles foram surpreendidos pelo ataque aéreo de Israel na última segunda-feira (23).

De acordo com Mohammad, ele e o irmão Ali Kamal Abdallah, de 15 anos, estavam ajudando o pai, Kamal Abdallah, de 64, em uma fábrica familiar de produtos de limpeza na cidade de Kelya, a 30 quilômetros de Beirute. 

“Estava eu, meu irmão e meu pai. A gente foi ajudar ele a trabalhar e a gente escutou o primeiro bombardeio. Deu um segundo, foi na nossa, na frente na montanha. A gente pediu para o meu pai para a gente fugir. Ele só queria terminar de encher de água lá dentro para trabalhar, caiu tudo, nem vi mais nada, não consegui mais respirar, tirei as pedras de mim e fui ver meu pai. Ele estava no chão morto e eu não conseguia achar meu irmão. Eu gritava o nome dele e as pessoas do meu lado mortas e eu não achava ele”, relatou Mohammad aos prantos. 

Ali Kamal Abdallah e Kamal Abdallah morreram no local. Os dois irmãos Mohammad e Ali nasceram em Foz do Iguaçu. O pai deles, Kamal, era libanês e naturalizado paraguaio. 

Ali chegou ao Brasil acompanhado da irmã nascida no Oriente Médio.

O que diz o Itamaraty sobre o brasileiro morto no Líbano

Em discurso na ONU, o presidente Luís Inácio Lula da Silva criticou os ataques de Israel no Líbano. Em nota, o Itamaraty condenou os ataques aéreos israelenses contra áreas civis e pediu o fim do conflito às partes envolvidas.

“O governo brasileiro condena, nos mais fortes termos, os contínuos ataques aéreos israelenses contra áreas civis em Beirute, no Sul do Líbano e no vale do Beqaa, que causaram ao menos 492 mortes e deixaram mais de 1600 feridos. Também deplora declarações de autoridades israelenses em favor de operações militares e da ocupação de parte do território libanês e expressa grave preocupação ante exortações do governo israelense para que civis libaneses evacuem suas residências naquelas regiões. O Brasil renova o apelo às partes envolvidas para que cessem, imediatamente, os ataques, de forma a interromper a preocupante escalada de tensões, que ameaça conduzir a região a conflito de amplas proporções, com severo impacto negativo sobre populações civis”, diz o comunicado.

Na última segunda-feira (23), o Itamaraty afirmou ter enviado instruções para a Embaixada do Brasil no Líbano para que seja iniciado um processo de consulta com os brasileiros que vivem no país. O objetivo é saber se o grupo quer ajuda do Estado para ser repatriado ou não. Aqueles que optem por continuar no Líbano, são orientados a sair das regiões do sul, mais próximas a Israel, das zonas de fronteira e outras áreas de risco.

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Na quinta-feira (26), também foi confirmada a morte da brasileira Mirna Raef Nasser, de 16 anos. A garota era vizinha da família de Mohammad.

“Conversava sempre com o pai dele. Fiquei muito triste porque nos conhecemos desde pequeno”, disse Ali Bu Khaled, tio da jovem, à GloboNews. Ele contou que tentou ligar para o irmão para avisar da morte do amigo, mas ele não atendeu. “Aí, outro irmão ligou: ‘tão falando que atacaram a casa deles’”, relatou Ali Bu Khaled.

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