Eleições 2024: pesquisa é suspensa em Curitiba após ‘esquecer’ candidatos no questionário
Registrada pelo Instituto Atlas/Intel, o resultado seria divulgado nesta quinta-feira (26)
Em Curitiba, a divulgação pesquisa eleitoral realizada pelo Instituto Atlasintel, que seria nesta quinta-feira (26), foi suspensa pela Justiça Eleitoral após não mencionar o nome de todos os dez candidatos à Prefeitura de Curitiba no questionário. A decisão foi proferida pelo juiz Marcelo de Resende Castanho.
A pesquisa Atlasintel foi realizada entre os dias 20 e 25 de setembro, com 1,2 mil eleitores de 16 a 60 anos em Curitiba. Registrada sob o número PR-09235/2024, no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR), a pesquisa eleitoral teve um custo de R$ 35 mil e declarou nível de confiança de 95%, com margem de erro de 3 pontos percentuais para mais e para menos.
No entanto, a determinação do juiz entendeu que, ignorar o nome de alguns candidatos macularia — ou seja, comprometeria — o resultado e, portanto, não pode ser divulgado. O artigo 3º da resolução 23600/2019 exige “a apresentação do nome de todos os candidatos(as) deferidos às pessoas entrevistadas durante a realização das pesquisas”, esclarece o magistrado.
Entenda por que a divulgação da pesquisa eleitoral Atlasintel foi suspensa em Curitiba
Em dois momentos, o questionário realizado para obter os resultados da pesquisa eleitoral Atlasintel deixou de citar alguns dos candidatos e candidatas à Prefeitura de Curitiba.
A primeira pergunta “Se esses fossem os candidatos, em quem você votaria nas próximas eleições para prefeito da cidade de Curitiba?” foi executada da maneira que a Justiça Eleitoral compreende ser a ideal, no cenário estimulado. Portanto, citou os dez candidatos ao apresentar o questionário para os eleitores entrevistados.
Já na segunda pergunta, “Em um eventual segundo turno nas próximas eleições para prefeito da cidade de Curitiba, como você votaria em cada um dos seguintes cenários?”, o Instituto Atlasintel colocou Eduardo Pimentel (PSD) como protagonista das perguntas, com possibilidade de disputar um segundo turno apenas com os candidatos Cristina Graeml (PMB), Luciano Ducci (PSD), Ney Leprevost (União) e Roberto Requião (Mobiliza).
Nesse cenário, o Instituto Atlasintel deixou de mencionar cinco dos dez candidatos: Andrea Caldas (PSOL), Felipe Bombardelli (PCO), Luizão Goulart (Solidariedade), Maria Victoria (PP) e Samuel de Mattos (PSTU).
Veja o cenário apresentado na questão A2 da pesquisa eleitoral Atlasintel, suspensa em Curitiba.
A pesquisa segue com perguntas sobre a aprovação dos governos Lula (PT), Ratinho Jr. (PSD) e Rafael Greca (PSD). Na sequência, avaliações sobre desempenho na Prefeitura de Curitiba em situação como limpeza urbana, obras públicas, educação, saúde e transporte público. O eleitor é apresentado, ainda, a um questionário sobre o que considera ser o maior problema da capital paranaense e oferece para escolha fatores como criminalidade, corrupção, engarrafamento e poluição.
Já na questão A6, vem o segundo problema, que motivou a suspensão da pesquisa Atlasintel em Curitiba, apontado pelo juiz Marcelo de Resende Castanho. O questionário pergunta ao eleitor: “Você tem uma imagem positiva ou negativa desses candidatos?” e cita para escolha: Andrea Caldas (PSOL), Cristina Graeml (PMB), Eduardo Pimentel (PSD), Luciano Ducci (PSB), Luizão Goulart (Solidariedade), Maria Victoria (PP), Ney Leprevost (União) e Roberto Requião (Mobiliza).
Deixando de mencionar, mais uma vez, os candidatos Felipe Bombardelli (PCO) e Samuel de Mattos (PSTU).
Veja o cenário apresentado na questão A6 da pesquisa eleitoral Atlasintel, suspensa em Curitiba.
A última questão, voltada à intenção de voto, pede ao entrevistado para apontar se tem uma imagem positiva ou negativa de diferentes líderes políticos. E, embora não mencionada na decisão de Castanho, cita alguns candidatos a vice-prefeito, como Paulo Martins (PL – da chapa de Eduardo Pimentel) e Rosangela Moro (União – da chapa de Ney Leprevost).
Seguindo a regra da isonomia, portanto, a pesquisa também deixou de mencionar os outros oito vices-candidatos à Prefeitura de Curitiba. É importante reforçar que essa avaliação não está na decisão.
Veja o cenário apresentado na última questão da pesquisa eleitoral Atlasintel, suspensa em Curitiba.
“Pesquisas eleitorais se tornaram uma fonte poderosa de informação”, menciona o juiz Marcelo de Resende Castanho na decisão
“Pesquisas eleitorais se tornaram uma fonte poderosa de informação e influência para imprensa, candidatos e eleitores. As balizas estipuladas pelo Lei e bem regulamentadas pelo Tribunal Superior Eleitoral visam justamente evitar que situações distorcidas da realidade possam ser indevidamente utilizadas ou exerçam influência indevida perante os eleitores. Disso decorre a necessidade de atender objetivamente os mandamentos da Lei Eleitoral e das Resoluções do TSE”, escreveu o juiz Marcelo de Resende Castanho, na decisão publicada na noite de ontem (25).
O pedido pela suspensão da divulgação da pesquisa eleitoral Atlasintel, que deveria ter sido na noite desta quinta-feira (26), foi realizado pela coligação Curitiba Amor e Inovação, a qual fazem parte os candidatos Eduardo Pimentel (PSB) e Paulo Martins (PL). Estão, ainda, os partidos: Novo, MDB, Republicanos, Pode, Avante e PRTB.
O Instituto Atlasintel tem o prazo de dois dias, após a publicação da decisão, para apresentar defesa e esclarecimentos. Para o Ministério Público, o prazo é de um dia.
Caso a decisão seja descumprida, a multa é o mesmo valor cobrado para a pesquisa ser realizada: R$ 35 mil.
Saiba como interpretar uma pesquisa eleitoral
O professor associado do Departamento de Ciência Política da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Emerson Urizzi Cervi, esclareceu a função das pesquisas eleitorais e de qual maneira os eleitores podem aproveitar os resultados para embasar o voto. Clique aqui para ver as orientações sobre o tema.
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