Com investimentos bilionários, Paraná alavanca industrialização da soja no país
A rentabilidade líquida de comercialização da soja industrializada pode chegar a 4,6%, in natura o número não ultrapassa 2%
Com investimentos de quase R$ 5 bilhões feitos por cooperativas e grupos empresariais do Paraná, uma crescente parcela do grão passou a ser processada no estado, transformando-se em derivados como óleo, farelo, biodiesel e outros produtos de alta qualidade para consumo humano e animal.
Enquanto a maior parte do grão in natura é destinado para exportação para a China, União Europeia e Oriente Médio. A estratégia de industrialização busca agregar mais valor aos produtos, o que beneficia toda a cadeia produtiva e alavanca a economia estadual.
Industrialização da soja no Paraná
Para transformar o Paraná em um polo de industrialização da soja, as cooperativas e grupos empresariais têm adotado tecnologias mais modernas no cultivo e processamento do grão, que garantem alta produtividade e menos desperdício com o reaproveitamento de insumos está alinhada ao desenvolvimento econômico e à preservação ambiental.
A industrialização também retroalimenta o agronegócio, especialmente a pecuária, que utiliza o farelo de soja como ração para os animais, agregando ainda mais valor à produção paranaense na forma de outros produtos alimentícios.
Dados da Pesquisa Industrial Anual do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) analisados pelo Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes) ajudam a explicar este cenário de ascensão da soja industrializada.
Os números mais recentes demonstram que o Paraná ampliou de R$ 14,9 bilhões em 2019 para R$ 30,5 bilhões em 2022 o Valor Bruto da Produção Industrial (VBP) na fabricação de óleos e gorduras, com a soja representando o maior peso em termos financeiros. O Valor da Transformação Industrial (VTI), indicador usado para calcular a riqueza efetivamente gerada pela indústria ao transformar insumos em produtos acabados, também foi ampliado de R$ 5,1 bilhões para R$ 9,5 bilhões neste período.
De acordo com o presidente da Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar), José Roberto Ricken, a soja é o principal produto das cooperativas paranaenses. Atualmente, há 13 indústrias de esmagamento, além de quatro especializadas em refino, duas em biodiesel e uma em margarina e óleos comestíveis.
“As cooperativas brasileiras têm uma capacidade de esmagamento de 25 mil toneladas de soja por dia, das quais 20 mil toneladas são esmagadas no Paraná”, esclarece Ricken.
Das cerca de 150 milhões de toneladas de soja produzidas no Brasil por ano, 50 milhões de toneladas são esmagadas e o restante é exportado como grão. “A rentabilidade líquida de comercialização de grãos é muito pequena, não ultrapassando 2%, e quando ela passa pela industrialização essa rentabilidade pode chegar a 4,6%, então ela serve como um indutor de riqueza, tendo um peso relevante para a economia paranaense”, argumentou o presidente da Ocepar.
Durante o processo de esmagamento da soja, que transforma os grãos em óleo e farelo, ela é separada da casca e prensada em flocos, que são embebidos em solvente para a extração do óleo bruto. O material restante é seco e moído para gerar o farelo de soja, utilizado principalmente como ração animal. “O farelo é importante porque é usado na alimentação de aves e suínos, cuja carne também está entre os produtos mais importante para as cooperativas”, justificou.
*Com AEN
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