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Curitiba registra uma das piores qualidades de ar do mundo; saiba como se proteger
(Foto: Pedro Melo/Paraná Portal)

Curitiba registra uma das piores qualidades de ar do mundo; saiba como se proteger

Qualidade do ar em Curitiba neste momento é a mesma de Pequim, na China

Brenda Iung - terça-feira, 10 de setembro de 2024 - 19:31

O Paraná (e o restante do Brasil) está sob uma onda de fumaça. Os incêndios na Amazônia e no Pantanal, somados às queimadas locais e aos ventos do El Niño, fazem com que o país sofra com um grave acúmulo de fumaça. A situação não só tem impacto na qualidade do ar, como reflete diretamente na saúde, principalmente a da pele, a dos olhos e a do trato respiratório. Especialistas indicam como proteger a saúde dos efeitos da fumaça e da péssima qualidade do ar na saúde.

Qualidade do ar em Curitiba é a mesma de Pequim; outros municípios brasileiros acompanham

A qualidade do ar em Curitiba, neste momento, é insalubre, caracteriza o professor do departamento de Engenharia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Ricardo Godoi. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que a concentração de material particulado (indicador que mede o nível de poluentes no ar) no ar de uma cidade seja de, até, 5 mcg por m³.

Curitiba registra 150 mcg por m³ agora, conforme o ranking suíço IQAir. O engenheiro explica que é a mesma concentração encontrada em Pequim, na China — cidade registra constantemente os piores índices de qualidade do ar do mundo.

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Todo o Paraná está sob o alerta de insalubridade no ar (Foto: reprodução)

A situação é geral: a cidade de São Paulo, por exemplo, amanheceu na última segunda-feira (9) com a pior qualidade do ar de todo o planeta, de acordo com o IQAir.

Como proteger a saúde dos efeitos da fumaça e da péssima qualidade do ar?

O excesso de fumaça e a péssima qualidade do ar, registradas em todo o país neste momento, afetam diretamente a saúde da pele e da respiração. O Paraná Portal conversou com especialistas para indicar a melhor forma de proteger a saúde dos efeitos destes fenômenos.

O que o excesso de fumaça causa à pele?

A dermatologista do Hospital São Marcelino Champagnat, Anna Karolina Tomazini, afirma que a fumaça contém uma mistura de carbono, metais pesados e gases tóxicos. A combinação pode irritar a pele, causar coceira, vermelhidão e inflamação.

“A exposição prolongada a esses poluentes pode danificar a barreira cutânea, permitindo que substâncias irritantes penetrem mais profundamente”, explica

Além disso, pode causar um efeito chamado “estresse oxidativo”, que leva ao envelhecimento precoce da pele e, em casos mais graves, ao desenvolvimento de doenças como dermatites, descreve.

Ela conta que em períodos de incêndios florestais, como o visto no Paraná — que registra o nível mais alto de risco de queimadas —, é comum observar o ressecamento da pele. Nesse caso, é possível encontrar pacientes com a já mencionada dermatite, ou com alergias.

As crianças, idosos estão entre os mais vulneráveis à condição. Se o paciente já tiver doenças de pele, como eczema, psoríase ou rosácea, essa situação pode ficar ainda mais grave. Isso porque a pele já apresenta problemas na barreira protetora e fica mais suscetível aos efeitos de irritação causados pela fumaça.

Como proteger a pele dos efeitos do excesso de fumaça presente no ar?

Anna Karolina indica seis atitudes para proteger a pele dos efeitos do excesso de fumaça.

  • Hidrate-se: use cremes hidratantes ricos em ceramidas ou em ácido hialurônico, para restaurar a barreira da pele
  • Proteja o seu corpo: vista roupas de manga longas, chapéus e máscaras para evitar a exposição direta à fumaça
  • Potencialize a limpeza da pele: lave o rosto e o corpo com produtos suaves, que não agridam a pele, para remover as partículas de fumaça
  • Beba água: mantenha-se hidratado para cuidar da saúde da pele durante este período de secura do ar
  • Use filtro solar: mesmo em dias nublados, usar protetor solar é importante, porque a fumaça deixa a pele mais vulnerável aos danos solares

O que o excesso de fumaça causa à respiração?

O tempo seco, causado pelo excesso de fumaça e pela onda de calor, traz uma série de riscos à saúde, afirma o otorrinolaringologista dos Hospitais Universitários Cajuru e São Marcelino Champagnat, Henrique Furlan Pauna.

“O ideal é que a umidade atmosférica fique entre 50 e 60%, e, quando ela fica abaixo de 30%, muitas pessoas sentem desconforto ou começam a manifestar algumas doenças”, relata. De acordo com alerta do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a umidade relativa do Paraná, no momento, varia entre 20% e 12% — o alerta do instituto é de que a situação oferece perigo à saúde da população.

Ele explica que além da pele ressecada, mencionada anteriormente, a situação causa problemas relacionados à desidratação, à irritação nos olhos, aos problemas respiratórios e ao risco de doenças infecciosas.

Entre as principais doenças causadas pelo tempo seco, somado à baixa umidade relativa do ar, estão o agravamento de doenças como asma, bronquite, doença pulmonar obstrutiva crônica, rinite alérgica. Outra situação vista durante esta época do ano é o ressecamento das mucosas, que leva ao sangramento nasal.

Como melhorar a respiração durante este período de excesso de fumaça presente no ar?

Pauna afirma que além da baixa umidade, os efeitos da poluição tornam pioram muito a qualidade do ar. Isso porque a dispersão dos poluentes fica comprometida durante esta época do ano. Por esse motivo, ele indica atitudes para melhorar a respiração durante este período de excesso de fumaça.

  • Beba água: mesmo sem sede, mantenha a hidratação regularmente
  • Aumente o consumo de bebidas quentes: chás e sopas ajudam a umedecer as vias aéreas
  • Evite o consumo de bebidas com cafeína e alcoólicas: tanto o álcool como a cafeína contribuem para a desidratação. O álcool aumenta a eliminação de líquidos do corpo e a cafeína aumenta o metabolismo
  • Não fume (principalmente, cigarros eletrônicos): a fumaça dos cigarros causa irritação e agrava o ressecamento das vias aéreas superiores
  • Evite aglomerações: a permanência em locais fechados e com baixa circulação de ar piora os quadros respiratórios
  • Dê atenção aos ambientes: mantenha a casa sempre limpa e arejada — a sombra excessiva durante o tempo seco favorece a proliferação de ácaros e fungos
  • Evite o uso de vassouras e de espanadores: os objetos ajudam a espalhar o pó
  • Use umidificador (ou similares): para manter o nível de umidade confortável, pode usar o umidificador, recipientes com água ou pendurar toalhas molhadas
  • Faça a higiene nasal: lave as narinas com soro fisiológico várias vezes ao dia, a ação minimiza o risco de irritações, infecções e sangramentos
  • Evite ambientes poluídos: se possível, não permaneça em lugares com muita poeira ou muita fumaça
  • Evite exercícios físicos intensos ao ar livre: a prática aumenta o nível respiratório e compromete as narinas
  • Use máscaras: proteja o rosto com máscara ou panos para cobrir o rosto e as narinas

Conscientização é importante para reduzir a fumaça e proteger a saúde!

O otorrinolaringologista faz um apelo para a população evitar fazer queimadas: “se você conhece alguém que, de repente, faz esse tipo de ato, é importante tentar convencer essa pessoa que essa injúria ambiental que ela está fazendo, pode prejudicar a saúde respiratória de muita gente — inclusive de um ente querido”.

O conselho é endossado pela Defesa Civil e pelo Governo do Paraná. O estado proibiu até mesmo a queima controlada do campo, por 90 dias, para reduzir a grave situação dos incêndios florestais no estado.

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