Chuva preta pode atingir o Paraná: entenda o fenômeno
A fuligem presente na chuva preta contém várias substâncias tóxicas que podem ser prejudiciais
O Paraná pode ser atingido pela chamada ‘chuva preta’ ou ‘chuva de fuligem’ a partir desta quinta-feira (5). O alerta é da MetSul Meteorologia, que apontou o Rio Grande do Sul como principal afetado, mas não descartou a possibilidade de que o fenômeno meteorológico se estenda por Santa Catarina e chegue a municípios paranaenses.
A chuva preta é consequência da grande quantidade de fuligem – vinda da fumaça de queimadas da Bolívia e da região amazônica – suspensa na atmosfera.
O aviso gerou preocupação entre a população e agricultores paranaenses, que não sabem o que fazer caso o fenômeno realmente se concretize.
O que é a chuva preta e como ela se forma
Primeiro, para saber o que fazer no caso da chuva preta ou chuva de fuligem, é importante entender o que ela é. O fenômeno ocorre quando partículas de fuligem presentes no ar se misturam com a umidade e precipitam junto com a chuva. Essas partículas, conhecidas como “soot”, são formadas pela combustão incompleta de materiais orgânicos, como combustíveis fósseis (carvão, petróleo) e biomassa (madeira, resíduos agrícolas).
Quando esses materiais não queimam completamente, em vez de se transformarem inteiramente em dióxido de carbono (CO₂) e vapor de água, eles produzem partículas finas de carbono negro e outros compostos. Por serem extremamente pequenas, podem permanecer suspensas no ar por longos períodos e viajar grandes distâncias.
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Impactos para a agricultura
Segundo João Cláudio Alcântara dos Santos, doutor em Geografia com Ênfase em Análise Ambiental pela Universidade Estadual de Maringá e professor do Centro Universitário Integrado, de Campo Mourão (PR), a chuva preta pode trazer prejuízos às lavouras.
“Essa água suja traz partículas de carbono negro e outros gases poluentes oriundos das queimadas que podem contaminar o solo, a vegetação e alterar componentes químicos associados aos nutrientes das plantas. Por isso, é fundamental dar atenção às técnicas de manejo do solo e buscar ajuda de um engenheiro agrônomo”, explica.
Na saúde humana
No caso da saúde humana, a fuligem presente na chuva preta contém várias substâncias tóxicas que podem ser prejudiciais.
“A exposição contínua a esses poluentes pode causar problemas respiratórios, cardiovasculares e outras condições de saúde adversas. Nesses casos, é fundamental procurar ajuda médica o quanto antes”, enfatiza Santos.
O que fazer
O doutor em Geografia com Ênfase em Análise Ambiental ressalta que a população deve seguir as recomendações do Ministério da Saúde para reduzir a exposição às partículas resultantes das queimadas. São elas:
- Aumente a ingestão de água e líquidos para manter as membranas respiratórias úmidas e protegidas.
- Permaneça em ambientes fechados, preferencialmente bem vedados e com conforto térmico adequado. Quando possível, busque ambientes com ar condicionado e filtros de ar para reduzir a exposição.
- Mantenha portas e janelas fechadas durante os horários de maior concentração de poluentes no ar, para minimizar a penetração da poluição externa.
- Evite atividades físicas ao ar livre durante este período do ano.
- Não consuma alimentos, bebidas ou medicamentos que tenham sido expostos a detritos de queima ou cinzas.
- Utilize, preferencialmente, máscaras do tipo N95, PFF2 ou P100, que podem reduzir a inalação de partículas se usadas corretamente por pessoas que precisem sair de casa. No entanto, a recomendação prioritária é permanecer em locais fechados e protegidos da fumaça.
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