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Campanha em Curitiba ameaça pegar fogo. Longe, porém, de São Paulo
Foto: Reprodução

Campanha em Curitiba ameaça pegar fogo. Longe, porém, de São Paulo

Últimos dias foram marcados por trocas de farpas, pesquisas que mais atrapalham os eleitores e baixaria em debates em São Paulo.

Pedro Ribeiro - segunda-feira, 2 de setembro de 2024 - 09:53

A semana foi intensa na política paranaense. Começou com posição dura do candidato Ney Leprevost (UB) durante discurso em Santa Felicidade, onde insinuou que não irá dar moleza aos seus concorrentes, em recado direto ao prefeito de Curitiba, Rafael Greca (PSD) que apoio o seu vice-prefeito, Eduardo Pimentel, também do mesmo partido, em relação ao uso da máquina pública na campanha.

Na ainda respeitosa campanha – por enquanto – o candidato do PSB com apoio do PT, deputado federal Luciano Ducci, teria ficado indignado com a morte da segunda criança em Curitiba por causa da coqueluche. Na sabatina da Rádio CBN, o candidato disse que não é concebível ver doenças como coqueluche e sarampo voltando para a cidade e a atribuiu isso a campanhas anti-vacinas em mais uma cutucada direta ao candidato a vice de Pimentel, o bolsonarista Paulo Martins.

Ducci afirmou que Martins é um político contra a vacina, que atuou para impedir a imunização na época da Covid. O próprio marketing da campanha de Pimentel deixou de lado o candidato a vice e o escondeu do primeiro programa gratuito de Rádio e TV, dando preferência a Greca, Ratinho Junior e ao próprio ex-governador e avô do candidato, Paulo Pimentel.

Maria Victoria continua fazendo café com leite, mostrando algumas ações que pretende fazer se for eleita prefeita da cidade, principalmente afirmando que será a primeira mulher prefeita da capital. Fala em tarifa zero para ônibus aos domingos, revitalização do centro da cidade e por aí.

A surpresa maior, na semana, foi com as pesquisas que, ao invés de ajudar o eleitor, acabaram confundindo ainda mais devido aos disparates índices de percentuais de uma para outra. Em uma das pesquisas, Roberto Requião apareceu em segundo lugar e a estreante na política, também da ala bolsonarista, Cristina Graeml despontou com índice de dois dígitos.

Baixaria na campanha política em São Paulo

Enquanto aqui ainda não colocaram gasolina no fogo na campanha, em São Paulo a baixaria tomou conta dos debates. Veja análise do analista político, jornalista e professor Emerson Cervi que publicou em seu face:

Acabado o mais recente debate para a prefeitura de São Paulo, apenas dois pontos mobilizam os comentadores. Como Marçal é uma aberração e como Marçal consegue se colocar no centro do debate como aberração. Ou seja, tudo gira em torno de Marçal, o incivilizado, também entre os comentadores.

Emerson Cervi, Doutor em Ciência Política

Esses debate, com Marçal e os comentadores, não contribuem em nada para a campanha eleitoral.

Fui em duas pesquisas Datafolha para olhar o que explica o avanço de Marçal entre julho e agosto. E o que encontrei é que o crescimento dele se deu fundamentalmente entre eleitores de escolaridade média e alta. Entre eleitores de escolaridade fundamental, manteve-se na margem de erro nas duas pesquisas.

Eu te diria que Marçal já está no limite de votos da classe média e alta escolaridade. Votos mais rejeição estão passando de 60%, o que significa que o potencial de crescimento nessas categorias é baixo. Além disso, o grupo de escolaridade fundamental representa mais de 1/3 do eleitorado. Nesse grupo Marçal ainda não tem voto e a rejeição fica nos mesmos patamares dos demais grupos. Ou seja, para Marçal continuar crescendo, terá que avançar no eleitorado com escolaridade fundamental. Se fizer isso, tem chance de continuar crescendo de forma consistente.

Então, para entender o desempenho de Marçal no próximo mês, olhe para os eleitores com escolaridade mais baixa, em geral, da periferia. O eleitorado ideológico de redes sociais online já foram capturados por ele e isso garantiu uma subida de 10% para 20%.

Mas, hoje, apesar de toda centralidade de atenção nele, de cada cinco eleitores paulistanos, apenas um diz votar em Marçal, dois dizem não votar de jeito nenhum e outros dois estão em disputa.

A incivilidade serve para dar visibilidade a candidato e centralidade à imagem dele. Mas, para ganhar votos é preciso mais do que isso.

E, para concluir, mais uma vez (não é a primeira, nem será a última) são as classes populares – não a classe média e não a elite – que apresenta comportamento mais consistente com a racionalidade na decisão eleitoral.

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