Paraná: desempenho do comércio e o futuro da taxa de juros
Economista analista os fatores que impactam no bom desempenho do comércio no Paraná
Em junho de 2024, o varejo ampliado cresceu 0,4% no Brasil e 2,0% no Paraná, se comparado com maio deste ano, conforme aponta a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na comparação junho de 2024, com relação ao mesmo mês do ano anterior, houve um crescimento do Brasil de 2,0% e no Paraná de 4,7%. No acumulado do ano, de janeiro a junho, o comércio varejista ampliado está crescendo 4,3% no Brasil e no Paraná.
Entendo que pelo menos três fatores estão contribuindo para o bom desempenho do comércio. São eles: i) a queda na taxa de juros Selic de 13,75% para 10,50% e o fortalecimento do crédito; ii) a excelente geração de emprego formal na economia brasileira e paranaense e crescimento dos salários reais; e iii) inflação estável com preços acessíveis ao consumidor.
Atividades sensíveis aos juros vêm apresentando forte recuperação com a queda da Selic. Em junho deste ano, em relação ao mesmo mês do ano anterior, foram registrados expansão nas atividades paranaenses como móveis e eletrodomésticos (15,9%), veículos e motocicletas (22,8%), equipamentos e materiais de escritório (30,5%) e material de construção (11,5%). São setores dependentes das condições de crédito, pois o parcelamento muitas vezes é a única opção para o consumidor comprar um automóvel, moto, material de construção e seu eletrodoméstico, por exemplo.
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No acumulado do ano, de janeiro a junho, o varejo ampliado no Paraná registrou uma forte queda em combustíveis e lubrificantes (-8,9%) e atacado especializado em produtos alimentícios (-8,1). Entendo que essas atividades foram negativamente afetadas pela redução da safra de 2024 em relação a 2023, impactando negativamente o setor de transportes e o atacado alimentício no estado do Paraná. É um movimento pontual e de ajuste, pois 2023 com a produção recorde de soja e milho, o setor de transporte ficou superaquecido. Por isso, é comum uma certa adequação no crescimento.
Em linhas gerais, argumento que o comércio varejista ampliado no Paraná vem demonstrando forte recuperação e tração, no ano de 2024, com expansão de 4,3%. Entretanto, as mensagens recentes do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central indicando preocupação com a elevação das expectativas de inflação e a possibilidade de uma retomada no aumento na taxa de juros, preocupa. O Copom já encerrou o processo de flexibilização da política monetária, mantendo a taxa Selic em 10,50% e possíveis aumentos de juros terão impacto negativo sobre o crédito e o financiamento ao consumidor. Ou seja, a atividade do comércio certamente sentirá os efeitos negativos.
Lucas Lautert Dezordi é doutor em Economia, assessor econômico da Fecomércio-PR, economista-chefe da Rubik Capital e professor da PUC PR.